Psicóloga Flávia Procópio

Psicóloga Flávia Procópio Atendimento psicológico de crianças, adolescentes e adultos na abordagem psicanalítica.

A autoestima não é essa certeza inflada de que tudo em nós é sempre bonito, certo, brilhante. Ela não mora na performanc...
04/08/2025

A autoestima não é essa certeza inflada de que tudo em nós é sempre bonito, certo, brilhante. Ela não mora na performance perfeita, nem no reflexo que a gente gostaria de ver. Autoestima é o que sobra quando a máscara cai. É a força silenciosa que nos sustenta quando percebemos que estamos longe dos ideais que criamos pra nós.

Ela aparece no espelho justamente nos dias em que evitamos o espelho. Nos dias em que duvidamos de tudo e, mesmo assim, decidimos continuar. Porque autoestima não é sobre se amar sem pausas, é saber que mesmo nas pausas, nos vazios, nas falhas, a gente ainda é merecedor de cuidado.

Autoestima é o que segura a nossa mão quando a crítica interna grita. É a coragem de existir com as partes que doem, com os pedaços mal resolvidos, com o que ainda não aprendemos a aceitar. É o contrário da perfeição. É a companhia que escolhemos ser pra nós mesmos quando ninguém está olhando.

Não é se sentir suficiente o tempo todo. É se acolher mesmo se sentindo insuficiente.
É entender que amor-próprio também tem dias de silêncio. E que tudo bem.

Cada um ama como sabe.Com as palavras que aprendeu, com as marcas que carrega, com os silêncios que o tempo não consegui...
16/07/2025

Cada um ama como sabe.
Com as palavras que aprendeu, com as marcas que carrega, com os silêncios que o tempo não conseguiu preencher.
Amamos sozinhos, mesmo quando há alguém ao lado.
Porque o amor nasce dentro, não no outro, mas em como o outro nos atravessa.

É por isso que ninguém ama igual,
ninguém sofre igual,
ninguém espera igual.

Tem gente que ama com medo,
outras com pressa, outras com ternura.
Tem quem ame demais e se perca,
quem ame de menos e nunca chegue de verdade.

E mesmo quando parece que é recíproco, o que sentimos nunca é exatamente o mesmo.
Porque somos feitos de histórias que só a gente viveu,
de faltas que só a gente sentiu,
de desejos que nem sempre conseguimos nomear.

Essa solidão que há no amar
essa impossibilidade de sermos totalmente compreendidos
é o que torna tudo mais bonito… e mais difícil.

É a graça e também a angústia da nossa subjetividade:
ninguém pode sentir por nós.
Ninguém pode amar por nós.
Mas ainda assim, seguimos tentando nos encontrar no outro,
mesmo sabendo que toda troca é também um desencontro.

Talvez amar seja isso:
não se fundir, mas sustentar a própria diferença enquanto se aproxima.
Permitir que o outro seja estrangeiro e ainda assim, permanecer.
Porque no fundo, amar é carregar a esperança de que, mesmo sozinhos em nossas emoções,
alguém possa, por um instante, nos alcançar.

E isso basta. Às vezes, isso basta.

Nosso desejo de nos livrar dos sentimentos, principalmente os desconfortáveis, vem de um impulso muito humano: o de esca...
14/07/2025

Nosso desejo de nos livrar dos sentimentos, principalmente os desconfortáveis, vem de um impulso muito humano: o de escapar da dor. Mas sentimentos não são problemas a serem resolvidos, são experiências a serem atravessadas. A tristeza, o medo, a raiva, a angústia, todos eles têm algo a dizer sobre quem somos, o que precisamos, o que tememos perder ou nunca alcançar. Só que escutar isso dói. Dói porque nos tira da superfície e nos empurra para dentro. E dentro, nem sempre é um lugar confortável.

O silêncio do outro nos angustia porque, nesse vazio, projetamos todos os nossos monstros. O outro não responde, e isso nos lança num labirinto de interpretações: será que me odeia? Que me esqueceu? Que descobriu que não sou tão interessante quanto pareci ser? O silêncio vira tela, e nela pintamos com as cores das nossas feridas.

Vivemos num tempo em que tudo precisa ser rápido, resolvido, dito, validado. Não sabemos mais lidar com a pausa, com o não dito, com o tempo das coisas. A diferença de ritmo, de olhar, de expressão... tudo vira ameaça. Tudo vira rejeição. Já não conseguimos tolerar que o outro seja outro e não uma extensão das nossas necessidades.

E assim, qualquer afastamento parece abandono. Qualquer crítica, um ataque. Qualquer silêncio, uma sentença.

Mas talvez, o que mais nos angustia, não seja o outro e sim o quanto de nós ainda não aprendemos a habitar. Porque quem consegue suportar a si mesmo, também aprende a sustentar o silêncio do outro sem se destruir por dentro.

Sentir é trabalhoso. Mas fugir disso tem um custo maior: viver pela metade.

Quer mesmo se livrar do que sente ou só deseja que sentir doa menos?

“Às vezes a gente acha que está sozinha com o que sente.Mas aí lê uma frase e pensa:‘Meu Deus… é isso. Alguém colocou em...
15/06/2025

“Às vezes a gente acha que está sozinha com o que sente.
Mas aí lê uma frase e pensa:
‘Meu Deus… é isso. Alguém colocou em palavras aquilo que eu nem sabia que sentia.’

A leitura tem esse poder.
Mas mais ainda quando ela encontra outras escutas. Outros corpos. Outras vivências.

Criar esse clube de leitura foi criar uma pausa.
Um espaço pra respirar junto.
Pra ler com o corpo.
Pra conversar sem pressa.

‘Do que não sei dizer’ é sobre isso:
Ler pra escutar o que vive em silêncio.
E abrir espaço pra que o que não se diz, encontre lugar.

No nosso primeiro encontro, vamos ler e conversar sobre o capítulo 1 do livro Tudo sobre o amor, da bell hooks.

📅 Vai ser no dia 04 de julho, às 19h30.
Se quiser participar, me chama.
Vai ser lindo te ouvir, mesmo no que você ainda não saiba dizer.”

A gente corre tanto atrás do que precisa ser feito, do que esperam da gente, do que ainda está por vir, que esquecemos d...
07/06/2025

A gente corre tanto atrás do que precisa ser feito, do que esperam da gente, do que ainda está por vir, que esquecemos de viver o agora.

A vida vai passando enquanto nossa cabeça está no futuro.

Você já reparou como, muitas vezes, não estamos presentes nem na nossa própria existência?

Respiramos sem sentir.
Comemos sem saborear.
Conversamos sem escutar.
Vivemos sem estar.

Estar presente é um exercício diário de resistência,
contra a aceleração,
contra o excesso,
contra o esquecimento de si.
Talvez seja hora de desacelerar.
De olhar ao redor.
De habitar o próprio corpo e escutar o próprio tempo

A vida não é só o que vem depois.
Ela está acontecendo nesse exato segundo.
Não deixa passar despercebida.
A única coisa que realmente temos é este momento.
E ele merece ser vivido com os olhos e o coração bem abertos.

Quantas vezes nos flagramos pedindo desculpas por dizer como nos sentimos? Quantas vezes, ao tentar nomear a dor que as ...
03/06/2025

Quantas vezes nos flagramos pedindo desculpas por dizer como nos sentimos? Quantas vezes, ao tentar nomear a dor que as ações ou palavras do outro nos causaram, terminamos nos sentindo culpadas, como se estivéssemos exagerando, sendo sensíveis demais ou criando conflito onde não havia?

Essa inversão é cotidiana — especialmente para nós, pessoas negras. Em conversas difíceis, onde colocamos nossa dor na mesa, não é raro que a escuta do outro falhe. Em vez de acolhimento, encontramos defesas, justificativas, silêncios ou até um deslocamento: de quem sofreu para quem supostamente foi acusado. A dor que tentamos dividir vira peso que temos que carregar sozinhas, ou pior, que temos que suavizar para que o outro não se sinta mal.

Quando inserimos esse fenômeno num recorte racializado, a distorção ganha contornos ainda mais profundos. Não é apenas sobre mal-entendidos interpessoais — é sobre uma estrutura que há séculos silencia, desacredita e desautoriza nossos sentimentos. É sobre como, ao reivindicarmos respeito, cuidado ou escuta, muitas vezes somos lidas como agressivas, ingratas ou “difíceis”. E, diante disso, quantas vezes já moldamos nosso tom, escolhemos palavras com extremo cuidado ou simplesmente engolimos o que queríamos dizer — tudo para evitar o incômodo alheio?

Existe um custo psíquico imenso em viver nesse lugar. A inversão da culpa não é neutra: ela mina nossa autoestima, nossa confiança e, com o tempo, pode nos fazer duvidar até da legitimidade do que sentimos. Quando o desconforto do outro ganha mais espaço que a nossa dor, o silêncio se impõe como estratégia de sobrevivência.

Mas nomear isso é um ato de resistência. Reivindicar o direito de sentir, de se expressar e de ser ouvida sem precisar se desculpar por existir é um movimento profundamente político e vital. Não estamos exagerando. Não estamos “fazendo drama”. Estamos nos colocando — com tudo que somos — num mundo que ainda tenta nos reduzir.

E isso, por si só, já é revolução.

A gente aprendeu a tratar o prazer como algo que vem depois — depois do trabalho, depois do cuidado com os outros, depoi...
13/05/2025

A gente aprendeu a tratar o prazer como algo que vem depois — depois do trabalho, depois do cuidado com os outros, depois de dar conta de tudo. Como se fosse um mimo, uma recompensa, um “se sobrar tempo”.

O prazer não é supérfluo.
Ele é necessidade.
É sustento.
É o que nos ancora ao que somos de verdade.

O prazer — nas suas múltiplas formas — nos reconecta com o corpo, com o tempo presente, com a nossa própria existência. Está no toque, no descanso sem culpa, no café quente pela manhã, na conversa que acolhe, no riso espontâneo, no silêncio escolhido. Ele é o que suaviza as bordas da rotina e nos lembra que estamos vivas, inteiras, dignas de sentir.

Sem prazer, vamos nos fragmentando. Nos tornamos funcionais demais, mas pouco sentidas. Cumprimos papéis, atendemos demandas, mas perdemos a vibração do que nos move por dentro.

É o prazer que sustenta nossa capacidade de continuar, de desejar, de criar.
Ele não é fuga, é raiz.
Não é distração, é estrutura.

Assumir o prazer como parte essencial da vida é um gesto de cuidado. É dizer sim à inteireza e não à sobrevivência automática. É reconhecer que não nascemos apenas para suportar — nascemos também para g***r, para desfrutar, para viver com intensidade e presença.

É comum que, durante o processo analítico, algumas pessoas acreditem que o simples fato de compreender a origem de certo...
07/05/2025

É comum que, durante o processo analítico, algumas pessoas acreditem que o simples fato de compreender a origem de certos comportamentos, sintomas ou padrões já seja suficiente para transformá-los. Como se o entendimento consciente, por si só, pudesse dissolver o que há de mais enraizado no inconsciente.

Mas a psicanálise nos ensina que entre saber e mudar há um abismo. A elaboração de um conteúdo inconsciente pode, sim, abrir caminhos para a mudança — mas não garante que ela venha. É preciso tempo, implicação e, muitas vezes, atravessar os mesmos lugares inúmeras vezes. Há tropeços, recaídas, resistências que se disfarçam de mil formas.

E nem sempre a mudança será visível ou acontecerá da forma que se esperava. Às vezes, o que se alcança é apenas — e já é muito — a consciência de que algo nos habita, nos atravessa, nos move. Nem tudo que é visto pode ser transformado de imediato. Há marcas que se repetem não porque não foram compreendidas, mas porque fazem parte da história de um modo tão profundo que sua elaboração é, por si só, um trabalho contínuo.

O processo analítico não promete a extinção do sintoma, mas a possibilidade de lidar com ele de um lugar diferente — menos automatizado, mais implicado.

A psicanálise não é apenas um pacto silencioso entre dois — é entrega, é presença.Mais do que compromisso ético, é o ges...
06/05/2025

A psicanálise não é apenas um pacto silencioso entre dois — é entrega, é presença.
Mais do que compromisso ético, é o gesto de escutar com o corpo inteiro, com aquilo que nem sempre se pode nomear.
É o silêncio que também fala, a pausa que revela, o olhar que sustenta o que ainda não pode ser dito.

Ali, onde a palavra falha, a escuta se estende.
Como quem abre espaço no peito para o que não coube em lugar nenhum.
Dor antiga, nó sem nome, tristeza que não sabe se explicar — tudo isso encontra morada.

O analista, mais do que intérprete, é testemunha.
Testemunha do que pulsa, mesmo sem forma.
Do que resiste, mesmo calado.
Do que clama, mesmo sussurrando.

Estar ali é sustentar a travessia.
É se fazer presença onde o outro quase desaparece.
É não se assustar com o avesso, com o escuro, com o que dói.
É, sobretudo, amar sem exigir.
Escutar sem pressa.
Acolher sem querer consertar.

Porque na análise, muitas vezes, o início de um novo sentido não é a fala,
mas o encontro.

Endereço

Rua Dom Pedro II, 1382
Piracicaba, SP

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Psicóloga Flávia Procópio posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Compartilhar

Share on Facebook Share on Twitter Share on LinkedIn
Share on Pinterest Share on Reddit Share via Email
Share on WhatsApp Share on Instagram Share on Telegram