
02/05/2025
PAZUZU - UM RETRATO DA MANIPULAÇÃO HOLLYWOODIANA 📽️
Saudações, leitores! Como prometido, ao decorrer deste ano irei trazer textos novos mensalmente para o acervo, abordando novos conceitos de temas diversos. Estava pensando sobre um assunto interessante e pertinente para abordar. Pessoalmente, gosto de temáticas "polêmicas", pela proporção de mentiras que existem em volta delas. Foi escolhido, então, falar sobre Pazuzu, um dos deuses mais temidos da antiga Mesopotâmia.
Infelizmente, muitas coisas que trazemos para cá não possuem muitas informações disponíveis online. Embora nutrimos um grande interesse pela arqueologia, nós não temos tantas condições de investigar sobre esses assuntos pessoalmente, o que os torna muito rasos para a maioria das pessoas. Mas nem tudo são espinhos. Existe uma gama de informações disponíveis sobre Pazuzu que pode ser facilmente compreendida.
Nos países ocidentais, Pazuzu ficou muito conhecido por conta de uma película considerada clássica pelo cinema norte-americano: o famoso O Exorcista, de 1973, dirigido por William Friedkin. É deste ponto que partimos para a desmistificação desse ser considerado espiritual para as civilizações antigas, mas maléfico para as gerações atuais. Antes de mais nada, é preciso saber que, para a criação do filme O Exorcista, Friedkin se inspirou miseravelmente em suas visões judaico-abraâmicas. Filho de imigrantes judeus da Ucrânia, ele teve uma criação baseada na cultura judaica, ainda que tenha admitido algumas vezes não possuir conexão profunda com as práticas da religião judaica, mas sempre se identificou como sendo adepto desses costumes.
Muitos de nós nos perguntaríamos: o que é que isso tem a ver com o filme O Exorcista e por que motivo essas informações seriam relevantes? Nós explicamos! Pazuzu, embora constantemente mencionado como uma figura de natureza "demoníaca", foi cultuado como um espírito de proteção em regiões como a Acádia e a Assíria, embora sua origem seja remotamente suméria, pois o primeiro povo que viveu na Mesopotâmia foram os sumérios. Ele era o filho do deus Hanbi na mitologia. O povo hebreu (ou judeu) teve acesso à Mesopotâmia por volta do século VI a.C. Embora tenham sido expulsos de lá, por muito tempo eles exerceram sua influência monoteísta e seu conceito de "bem" e "mal" através do processo de demonização de deuses antigos como Pazuzu. William Friedkin claramente usou isso a seu favor para difundir a imagem "do mal" de Pazuzu em seu filme O Exorcista.
A natureza original de Pazuzu, que era cultuado em partes do sul e centro do atual Iraque (Oriente Médio), era uma natureza apotropaica. Isso significa que seus rituais possuíam objetivos completamente centrados no poder de afastar todos os tipos de influências negativas, malefícios, desgraças, doenças, etc. Friedkin facilmente distorceu isso, associando Pazuzu à possessão de Regan MacNeil, a criança protagonista do filme, interpretada pela atriz Linda Blair. Nesse ponto, entende-se que o diretor achou conveniente associar uma divindade protetora de crianças e mulheres grávidas à possessão de uma garotinha, algo típico nas tradições judaico-cristãs (inverter boas ações, transformando-as em "armadilhas do inimigo").
Nós não compactuamos com nenhum tipo de distorção da realidade. Pazuzu sempre foi considerado, no passado, um dos principais protetores dos lares. Sua aparência era tipicamente "assustadora", sendo representado como um híbrido ou zoantropo (metade humano e metade animal). Isto estava fundamentado na intenção de espantar e afastar as energias negativas. Divindades zoantropas são normalmente representadas por animais carregados de fortes simbolismos. No caso de Pazuzu, sua cabeça de leão ou de cachorro, suas garras inferiores, os dois pares de asas, a cauda de escorpião e o órgão ge***al em forma de cobra revelam a complexidade de um deus antigo.
A cabeça de leão de Pazuzu representava a sua posição de poder dentro da realeza dos deuses mesopotâmicos. O leão é, ainda hoje, considerado nas comunidades assírias como símbolo máximo de proteção. As garras simbolizavam sua força e o nível do seu poder como divindade. Os dois pares de asas demonstravam que Pazuzu pertencia aos ventos — através deles era anunciada sua presença. A cauda de escorpião de Pazuzu revelava sua conexão entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Seu órgão ge***al masculino em formato de serpente poderia representar a sua força vital e sua virilidade.
Portanto, caros leitores, sobre a cultura de Hollywood que permeia o nosso dia a dia, através de filmes e opiniões públicas de suas celebridades, lembrem-se de que muitos que estão por trás dela possuem o hábito de enganar e manipular aqueles que a consomem de forma exagerada. Muitos como o diretor de O Exorcista (William Friedkin), Quentin Tarantino e muitos outros. Entre essas pessoas, a cultura das aparências é tudo o que importa. Por isso, optem por consumir conteúdos que os enriqueçam intelectualmente.