05/04/2017
As técnicas cirúrgicas estéticas e reparadoras muito evoluíram e a fisioterapia acompanha este processo!
Abaixo segue uma síntese do trabalho fisioterapêutico em tecidos cicatriciais.
FORÇAS MECÂNICAS QUE ATUAM NOS TECIDOS CICATRICIAIS
Quando falamos em forças mecânicas, é preciso visualizar os tecidos como estruturas tridimensionais para que possamos entender os vetores de tensão que agem sobre os tecidos.
Exemplificando, no caso específico das cirurgias plásticas (figura 1):
A primeira questão é entender que existem dois vetores principais: O primeiro é perpendicular à linha da pele, que é o vetor da incisão cirúrgica. O segundo é um vetor paralelo à linha da pele, porém, no subcutâneo, onde é feito todo o descolamento tecidual. Esses dois vetores serão considerados “bordos de lesão”, pois constituem áreas lesadas e formarão tecido cicatricial.
É muito importante entender isso, pois serão dois tipos distintos de abordagens terapêuticas, pois no primeiro vetor, precisamos que o tecido tenha força tênsil para que a cicatriz tenha um resultado estético. No segundo vetor, no subcutâneo, precisamos de flexibilidade, para que a pele deslize sobre os músculos normalmente, caso contrário teremos aderências e retrações, o que prejudica o resultado final da cirurgia e pode levar a importantes déficits funcionais.
Durante o tratamento dos tecidos cicatriciais, jamais devemos provocar afastamentos destas linhas, pois em fases inciais do reparo, pode-se provocar a deiscência de cicatrizes e formação de seroma. Caso o afastamento dos bordos ocorra em períodos mais tardios durante a cicatrização, será estímulo suficiente para síntese de tecido cicatricial, o que pode levar à formação de tecido excessivo formando cicatrizes hipertróficas.É preciso que haja equilíbrio entre as forças intrínsecas e as forças extrínsecas do tecido cicatricial (figura 2).
É imprescindível que o ambiente mecânico adjacente aos bordos da lesão seja adequado para favorecer a formação equilibrada de tecido cicatricial, sem excessos, pois retrações próximas aos locais de incisão contituem um aumento de tensão extrínseca que pode levar à deiscência da cicatriz ou a formação de hipertrofia.
Forças mecânicas
Já se tem comprovada algumas ações de forças mecânicas nos tecidos cicatriciais. As mais importantes são:
COMPRESSÃO
A compressão estimula a liberação de enzimas que degradam o tecido excessivo (metaloproteinases).
TENSÃO
A força de tensão é a base de muitos tratamentos manuais utilizados na fisioterapia. Hoje, já se conhece uma boa parte dos efeitos desta força mecânica sobre os tecidos.
Através dos estudos da mecanobiologia tecidual, observou-se o fenômeno da mecanotransdução, e esse fenômeno explica as respostas celulares quando se aplica a força de tensão.
A tensão tem vários aspectos, duração, amplitude e frequencia, cada um com uma resposta diferente. Hoje sabemos que tensões muito intensas e duradouras aplicadas em tecidos cicatriciais não são tão efetivas como as tensões mais suaves e breves.
A tensão deve ser aplicada nos tecidos cicatriciais respeitando sua resistência, para que se tenha os efeitos benéficos desta força, que são o rearranjo das fibras colágenas, a diminuição da secreção de TGFβ1 (citocina responsável pela formação de fibroses), entre outros.
Abraços,
Mari