
16/11/2024
O que é ser produtivo?
Quando a vida chega à terceira idade, muitas vezes nos deparamos com um vazio, uma dúvida que ressoa na alma: “O que mais posso fazer?” Em um mundo obcecado por fazer, por gerar, por ser útil de uma maneira tangível, parece que o tempo vai apagando o brilho das velhas histórias e das velhas mãos. A aposentadoria, em vez de ser uma celebração, muitas vezes traz consigo o peso da invisibilidade. A improdutividade, então, se torna um fardo insuportável.
Mas, olhe novamente para a figura de um herói envelhecido. Imagine um ser que, embora sua capa já não brilhe como antes, e seus passos já não ecoem com a mesma velocidade, carrega um legado profundo – de batalhas ganhas e perdidas, de amores, perdas e vidas tocadas. Esse herói, agora cansado, ainda tem algo a oferecer. Porém, o mundo, em sua obsessão por resultados imediatos, parece não perceber mais sua importância. Seus feitos não estão mais à vista, seus dons se tornam sombras em um beco silencioso.
E é nesse beco que muitos de nós nos vemos – quietos, refletindo. O que significa ser produtivo quando se tem mais sabedoria do que energia? O que significa ser útil quando o mundo só vê valor em tarefas feitas rapidamente, em corpos jovens e em mentes inquietas?
Aqui, é preciso uma redefinição. A verdadeira produtividade não é feita de ações frenéticas, mas de legados silenciosos. É sobre o ser, e não o fazer. A velhice não diminui a essência de uma pessoa, assim como um herói não perde seu valor apenas porque seu corpo está mais cansado. Cada ruga, cada história contada, cada lição vivida é uma joia que vai além da produtividade.
Nietzsche dizia que o tempo não destrói o homem, mas o transforma. Os heróis da terceira idade não são menos poderosos. Eles apenas mudaram a forma de brilhar. E, quem sabe, a verdadeira força esteja em sua quietude, na sabedoria de um olhar que já viu o mundo e continua a ser parte dele, sem pressa de agir, mas com a serenidade de quem sabe o que é viver.