04/08/2022
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é considerado um transtorno de neurodesenvolvimento, ou seja, como o nome já diz, o cérebro dessas pessoas se desenvolvem, em algumas áreas, mais devagar do que a média da população.
No caso do TEA, as áreas mais afetadas são: comunicação/interação social e padrões restritivos e repetitivos de comportamento. Exemplificando esses aspectos podemos citar: dificuldade de manter iniciar e/ou manter relacionamentos, dificuldade em ter uma conversa “back-and-forth”, ou seja, manter um “bate-papo”, baixa interpretação de linguagem corporal, pouco contato visual, balançar do tronco, chacoalhar mãos, andar na ponta do pé, aparente indiferença de dor/temperatura, dentro outros.
O termo “espectro”, implementado no nome do transtorno recentemente, significa que a apresentação clínica em cada indivíduo que apresenta TEA é diversificada, nada mais coerente se pensarmos que cada pessoa é um ser único em várias dimensões: genética, pais, meio ambiente em que foi educado, história de vida, etc.
Então, existem pacientes que apresentam boa capacidade de se comunicar, interagem no olhar, tem ausência de movimentos repetitivos, boa coordenação motora, porém podem apresentar uma grande dificuldade de mudança de rotina e interesse por assuntos que não sejam o seu. Já o outro lado do espectro pode vir com grande dificuldade na fala, na interpretação da linguagem corporal, ou seja, praticamente não consegue interagir socialmente, além de terem muitas estereotipias (movimentos repetitivos), restrições de rotina e temas de interesse. Portanto, o que tento passar de ideia é que o termo espectro equivale a uma régua, onde cada extremo apresentará mais ou menos sintomatologia., necessitando de mais ou menos intervenções terapêuticas.
O diagnóstico é muitas vezes complexo, necessitando de uma abordagem multidisciplinar, ou seja, de várias áreas profissionais diferentes, para serem juntadas as informações e ser dado o diagnóstico corretamente. O diagnóstico, na minha visão, não deve ser feito para rotular uma pessoa, e sim, para ajudar no plano terapêutico do paciente, como: encaminhamentos para as terapias necessárias (fonoaudiologia,terapia ocupacional, psicologia,dentre outras), envolvimento maior da escola e dos pais no processo terapêutico (etapa fundamental do tratamento), entendimento maior do paciente sobre suas qualidades e dificuldades, dentre outras abordagens.
Para finalizar, quanto mais cedo for dado o diagnóstico, como forma de acelerar o início do tratamento, melhores resultados serão alcançados. O paciente poderá ter uma vida mais independente no futuro, assim, o paciente irá sentir-se mais incluído na sociedade, consequentemente, alcançará uma melhor qualidade de vida, que para mim, é o maior objetivo de qualquer tratamento de saúde, seja ela física e/ou mental.
Dr. Alberto Ivo F. Soares Filho