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Enquanto eficácia é a porcentagem de proteção obtida em um contexto de estudo randomizado controlado por placebo, a efet...
18/05/2021

Enquanto eficácia é a porcentagem de proteção obtida em um contexto de estudo randomizado controlado por placebo, a efetividade mede a mesma redução no mundo real. Números de efetividade podem diferir da eficácia, pois normalmente há maior variação - por exemplo, podem incluir alguns indivíduos com resposta imune menos robusta ou alterações do programa de vacinação (métodos de conservação da vacina não ideal ou alteração do cronograma vacinal) .

Nos últimos meses diversos estudos de efetividade já foram liberados, nos trazendo maiores informações sobre qual o real impacto das vacinas que estamos utilizando. A vacina com mais dados disponíveis até o momento é a vacina da Pfizer, e mesmo entre elas há variação nos números de um país a outros.

Essas diferenças podem ser por diversos motivos:

a) Diferenças no esquema vacinal: doses com intervalos distintos, conservação do imunizante em temperaturas diferentes…
b) Diferenças na população: pode ser que alguns estudos concentrem mais indivíduos mais propensos a doenças graves, ou ainda mais expostos como por exemplo profissionais de saúde
c) Diferenças metodológicas: o desenho do estudo também pode interferir. Análise prospectiva, retrospectiva, o controle utilizado (contra quem estamos comparando)... tudo isso pode interferir nos números finais.

Apesar desses diversos números, algumas conclusões:

• A proteção da vacina é significativa.
• A magnitude dessa proteção é muito interessante, com um impacto que poucas intervenções nas últimas décadas atingiram.
• Nenhuma vacina, por melhor que seja, confere proteção de 100% até o momento contra qualquer desfecho no mundo real.
• Estar vacinado, portanto, faz muito mais sentido como medida de proteção coletiva (reduz a sobrecarga no sistema de saúde, contribui para o controle da pandemia), do que uma garantia individual.

Fonte:
Coronavac - CHILE:https://cdn.who.int/media/docs/default-source/immunization/sage/2021/april/5_sage29apr2021_critical-evidence_sinovac.pdf
Pfizer / AstraZeneca: https://doi.org/10.1101/2021.04.22.21255913
Pfizer (Lancet): https://doi.org/10.1016/ S0140-6736(21)00947-8
Pfizer (NEJM): https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc2104974

Pausa em conteúdo técnico para uma comparação histórica.Para melhor entender e contextualizar o que vivemos hoje, é inte...
15/05/2021

Pausa em conteúdo técnico para uma comparação histórica.

Para melhor entender e contextualizar o que vivemos hoje, é interessante comparar com a última grande pandemia da história: a gripe espanhola de 1918.

A gripe de 1918 foi causada pelo vírus da influenza A H1N1 de provável origem aviária. Ela durou de 1918 a 1920 e consistiu em 04 ondas. Infectou um terço da população mundial daquele momento.

Uma característica marcante da gripe espanhola foi a mortalidade entre jovens. Adultos entre 25 - 40 anos tiveram uma taxa de mortalidade de até 10%, totalizando 40% das mortes totais da pandemia (bem mais, proporcionalmente que os 4% da pandemia atual). Em grávidas, essa mortalidade chegou a 25%, com uma igualmente significativa taxa de perda fetal.

Ambas doenças causaram significativo impacto econômico e forçaram avanços em métodos diagnósticos, tratamentos e medidas de prevenção.

Parte dessas diferenças podem ser explicadas pelos avanços da medicina. Embora a mortalidade da síndrome da angústia respiratória aguda - complicação grave das duas infecções - segue alta (entre 30 - 60% de acordo com o centro estudado), em 1918 era 100% fatal (agora temos: intubação, ventiladores, unidades de terapia intensiva, corticoide, anticorpos monoclonais, antibioticos, etc…).

Mais de 100 anos nos separam de 1918 - mas também de ferramentas que cientistas e médicos tinham à disposição no século passado. É difícil prever o curso da nossa pandemia - mas com os avanços da saúde e da biotecnologia, é possível crer em tempos melhores. Seguimos na esperança de vencer a batalha contra esse vírus.

29/04/2021
Corticóides inalatórios têm sido propostos como tratamento para a COVID-19 por seu efeito anti-inflamatório pulmonar. Mo...
16/04/2021

Corticóides inalatórios têm sido propostos como tratamento para a COVID-19 por seu efeito anti-inflamatório pulmonar. Modelos de pesquisa associaram tal medicamento à redução da expressão da ECA e da TMPRSS2, moléculas utilizadas pelo vírus para invadir a célula. O baixo índice de asmáticos entre os hospitalizados com COVID-19 levantou a hipótese que o corticóide inalatório utilizado no tratamento poderia ser protetor. Se somou a isso a evidência que o corticóide sistêmico reduz mortalidade em pacientes hospitalizados pela COVID-19.

Tal plausibilidade biológica levou a realização de alguns estudos, sendo que dois repercutiram essa semana. O primeiro, o STOIC, de fase 2, publicado na Lancet. Foi um estudo aberto, que randomizou 146 pacientes para budesonida 800 mcg duas vezes ao dia até melhora dos sintomas, e encontrou uma procura dez vezes maior à emergência ou necessidade de hospitalização no grupo que recebeu placebo.

O segundo são dados de uma análise interina de um estudo ainda em formato preprint, realizado no Reino Unido, multicêntrico, chamado PRINCIPLE (que possui múltiplos braços). Os participantes eram +65 anos ou +50 anos com comorbidades, seguidos por até 28 dias após a randomização. A budesonida foi associada ao cuidado padrão por 14 dias, contra o cuidado padrão isolado. O desfecho primário ressaltado nessa análise foi o tempo de duração da doença conforme sintomas referidos.

O estudo ainda não foi encerrado, mas essa análise interina de quase 3000 pacientes encontrou que a budesonida encurtou o tempo para recuperação da doença em 3 dias (mediana). Embora os números também sugerem uma redução de hospitalização é necessário, para atingir poder, aguardar a finalização para conclusões definitivas.

Os achados são empolgantes, mas ainda não são suficientes ou conclusivos. As limitações desses dois estudos são diversas e não cabem neste post, a começar pela ainda não revisão e publicação do segundo estudo. O uso da budesonida inalatória na COVID-19 exige validação e replicação antes da mudança de condutas na prática médica, ainda mais que os resultados até o momento não indicaram melhora sobre desfechos duros (mortalidade, hospitalização).

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Tão importante quanto saber quais medicações podem beneficiar quadros de COVID-19 é entender a hora de utilizar tais med...
14/04/2021

Tão importante quanto saber quais medicações podem beneficiar quadros de COVID-19 é entender a hora de utilizar tais medicamentos. Por incrível que pareça, medicações possuem resultados diferentes de acordo com o momento da doença. Algumas dr**as - e aqui ressalto os corticóides - podem piorar o quadro quando utilizadas muito precoce ou tardiamente.

Desde o braço da dexametasona do RECOVERY, corticoesteróides se tornaram a primeira opção terapêutica que demonstrou benefício sobre a mortalidade de pacientes hospitalizados pela COVID-19. Entretanto, alguns estudos sugerem que o início precoce do corticóide resulta em maior dificuldade em eliminar o vírus do plasma sanguíneo. No RECOVERY, o benefício da droga se mostrou claro apenas quando utilizado com mais de sete dias do início de sintomas, reforçando a hipótese que o momento do início é um elemento chave da efetividade.

O motivo dessa discrepância parece envolver o aumento da carga viral no plasma em pacientes que iniciam corticóides muito cedo. O corticóide possui mecanismo imunossupressor, o que pode prejudicar se utilizado em um momento da doença onde predomina a atividade viral sobre a atividade inflamatória. Não se trata de números cravados, mas de entender em qual momento da linha do tempo o paciente se encontra.

Quando realizamos análise de subgrupos nos estudos já existentes verificamos não só essa questão do tempo, mas de aspectos da população estudada. Chama a atenção que o benefício da dexametasona é muito mais evidente em pacientes críticos, em ventilação mecânica, o que reforça a impressão de benefício na fase tardia da doença.

Os dados que se acumulam cada vez mais reforçam que o corticóide não é um medicamento para prevenir a doença grave, e sim um tratamento para o quadro hiper inflamatório que a doença exacerba. Por mais tentador que seja oferecer um medicamento ao paciente angustiado, não podemos esquecer que o propósito do tratamento ainda é o benefício clínico de cada intervenção.

O corticóide não é um tratamento para ser utilizado precocemente - infelizmente como medicação alguma possa ganhar esse rótulo atualmente pelos olhos da ciência.

Nos enche de esperança.
15/02/2021

Nos enche de esperança.

Pesquisas são necessárias, mas deve estar no cerne de quem analisa a desconfiança. A crença cega em uma notícia ou em um...
05/02/2021

Pesquisas são necessárias, mas deve estar no cerne de quem analisa a desconfiança. A crença cega em uma notícia ou em um resumo pode nos levar a cometer erros. É para isso que estudamos epidemiologia e aprendemos a analisar criticamente estudos: a simples publicação de algum evento não o prova.

Algumas técnicas que são utilizadas para induzir leitores com publicações.

a) Evidência inexistente.
Alguns textos fazem referências falsas, na expectativa que o leitor não vá atrás dessa fonte e se conforme com o viés de autoridade. Quando investigamos, encontramos outro texto fantasioso, que mais uma vez pode estar se referenciando a um terceiro e assim por diante, sem nunca entregar a prova.

b) Evidência falsa.
Em outros casos a referência até existe, mas ela não significa o que o autor quer dizer. Ele se aproveita da existência de alguma publicação para dissimular os achados.

c) Desenhos inadequados.
O estudo podem até ser bem feitos, o problema está na aplicação dos resultados. Por exemplo, estudos observacionais geram boas hipóteses, mas não justificam uma tomada de decisão na prática. Ainda: estudos clínicos pequenos servem para programar um maior, mas tirar conclusão definitiva de algum ensaio com 20 ou 40 pessoas não deixa de ser mirabolante.

d) Estudos de questionários e sem seleção.
Conforme escolhemos os estudados, induzimos achados. Analisar tratamento em quem já utiliza e acredita nessa terapêutica, sem o devido cegamento, nos mostra altas taxas de respostas positivas - o que não quer dizer nada do ponto de vista científico, mas pode convencer quem não compreende metodologia.

e) Fugir da pergunta.
Alguns estudos induzem, pelo título e resumo, que encontram uma nova resposta, mas a leitura minuciosa do artigo revela que só está se descrevendo o que já era conhecido, travestido com a opinião do autor.

f) Omissão
É frequente estudos diferentes apresentaram resultados discrepantes. Faz parte do charlatanismo selecionar textos - muitas vezes de baixa qualidade - e exibir apenas o que se interessa, (ao invés de comparar ou questionar as divergências), como se fosse uma medalha. Para os olhos de quem não tem experiência em pesquisa, acaba impressionando

Caracterização das primeiras 250 mil hospitalizações por COVID-19 no Brasil: Uma análise retrospectiva de dados nacionai...
21/01/2021

Caracterização das primeiras 250 mil hospitalizações por COVID-19 no Brasil: Uma análise retrospectiva de dados nacionais

Um importantíssimo estudo a respeito da pandemia no Brasil foi publicado no The Lancet Respiratory Medicine na última semana: uma análise de todos os pacientes com mais de 20 anos com PCR positivo para coronavírus admitidos para internação hospitalar entre fevereiro e agosto de 2020.

Durante esse período foi possível analisar mais de 250 mil pacientes infectados. Destes, a média de idade era de 60 anos, sendo que 47% deles eram mais jovens do que esse número. 56% dos pacientes eram do s**o masculino e 16% deles não possuiam nenhuma comorbidade. Houve óbitos em todos os grupos e todas as idades.

A mortalidade foi de 38% para todos os pacientes hospitalizados, aumentando para 59% para os pacientes internados na UTI e 80% para pacientes que foram intubados. Essa alta mortalidade é muito semelhante com outros estudos de demais países, mas o que chama a atenção é que a nossa população internada é em torno de 10 anos mais jovem, sendo a mortalidade é igualmente alta.

Fatores que sabidamente influenciam nossa alta mortalidade: recursos financeiros, presença de equipamentos e dispositivos nos hospitais, fatores organizacionais, treinamento do staff e falta de implementação de uma maneira global de melhores práticas disponíveis a fim de atingir menor mortalidade e maior eficiência no sistema. Dentre essa prática destaca-se: titulação adequada de sedação caso a caso, ventilação protetora e vigilância de infecção hospitalar.

Auxílio nos gráficos do carrossel para quem não domina o inglês:

In-hospital mortality: mortalidade hospitalar
Age: idade
Male: masculino
Female: feminino
Comorbidities: comorbidades
Illiterate: analfabeto
Up to high school: até ensino médio
College or university: faculdade ou universidade
Indigenous: indígena
Asian: asiático
Black or brown: negro ou pardo
White: branco
ICU admission: internação na UTI
Invasive respiratory support: intubação
Non-invasive respiratory support: suporte respiratório não invasivo
None: nenhum suporte

15/01/2021
Se por um lado eu não aprovo o uso de te**es rápidos de anticorpos para o diagnóstico de fase aguda do coronavírus, o te...
03/12/2020

Se por um lado eu não aprovo o uso de te**es rápidos de anticorpos para o diagnóstico de fase aguda do coronavírus, o teste rápido de antígeno me agrada.

Embora os estudos sejam limitados, os que existem sugerem uma acurácia diagnóstica apenas um pouco inferior ao teste rt-PCR (sensibilidade >80% e especificidade >97%). A vantagem é que confere uma qualidade importantíssima no contexto dessa pandemia (onde precisamos isolar e agir rapidamente): a velocidade. Alguns, inclusive, são te**es ‘point of care’ e podem ter seu resultado revelado em até 15 minutos.

Diferente do PCR (que detecta material genético - RNA), o teste de antígeno detecta apenas o vírus vivo, evitando as confusões que ocorrem quando há um PCR persistente (eventualmente o RNA permanece detectável - inativo - por semanas a meses no nosso nariz).

Outra característica interessante é que a probabilidade de ser positivo é proporcional à infectividade do contaminado, ou seja, detectamos e isolamos justamente aquelas casos de maior inóculo viral e risco aos demais. Alguns especialistas o chamam de teste da “contagiosidade”. Dessa maneira, entendemos que mesmo não sendo tão sensível, ele possui bom desempenho justamente quando mais importa.

Idealmente deve ser feito nos primeiros cinco a sete dias de sintomas. Deve-se estar ciente da possibilidade de falso negativo, repetindo ou partindo para RT-PCR quanto há uma suspeição alta. Pode não ser o melhor teste do ponto de vista individual, mas é, talvez, a grande ferramenta - considerando o binômio velocidade e acurácia - para ser utilizado em massa durante um surto onde contaminados precisam ser afastados ou em uma população onde o screening costuma ser feito rotineiramente.

A falta que faz esse toque.
28/11/2020

A falta que faz esse toque.

Durante a pandemia há ansiedade em relação ao vírus e considerável incerteza, com relatos generalizados de problemas de ...
25/11/2020

Durante a pandemia há ansiedade em relação ao vírus e considerável incerteza, com relatos generalizados de problemas de saúde mental e sensação de isolamento. Chega a ser irônico que o mundo todo esteja sofrendo de solidão, enquanto juntos, realizamos os mesmos debates e discutimos restrições em diferentes línguas. Lidamos com os problemas de diversas maneiras: alguns deprimidos, outros com raiva, indo às ruas protestar contra as restrições ou a ciência, enquanto alguns negam que haja até mesmo um vírus e isso tudo não passa de uma farsa.

Mas surgiu, também, um propósito renovado, onde esperança e sensação de comunidade emergiram. Cientistas responderam com foco em trabalho, liderança, desenvolvimento de tratamentos e vacinas. Cidadãos assumiram funções em comunidades, coordenando grupos de bem-estar e entregando mantimentos para vizinhos. Profissionais se expuseram desde o início, quando ainda não sabíamos como nos proteger. Ao compararmos nossos pré e pós-COVID-19, devemos enfatizar em como a pandemia mostrou quem cada um de nós realmente é.

Uma das mentiras reconfortantes que está sendo contada é que podemos ter nossa vida pré-COVID-19 de volta pela perda “aceitável” de algumas pessoas idosas e vulneráveis. Termos como “imunidade de rebanho” têm sido a munição daqueles que a veem como a cobertura perfeita para suspender todas as restrições e permitir que um vírus se espalhe pela população. Algumas famílias e amizades se dividiram entre pensar mais na saúde coletiva da sociedade ou priorizar interesses individuais. Onde começa e termina a responsabilidade de alguém para com os outros? O que é egoísmo no contexto de uma pandemia?

E talvez a parte mais difícil seja como curar feridas abertas e as desigualdades que COVID-19 expôs e trabalhar para criar um futuro melhor. O confinamento expõe a situação difícil dos pobres em moradias superlotadas em comparação com as casas confortáveis ​​dos ricos. Iremos cooperar entre países e comunidades ou nos voltaremos para dentro e ficaremos com medo e ressentidos com nossos vizinhos?

Herdamos circunstâncias, as melhoramos para a próxima geração. Será a tarefa de todos nós, ao olharmos para um mundo incerto e dividido.

Entre pacientes com sinais e sintomas compatíveis com COVID-19 a maioria terá sintomas auto-limitados que irão melhorar ...
23/11/2020

Entre pacientes com sinais e sintomas compatíveis com COVID-19 a maioria terá sintomas auto-limitados que irão melhorar entre alguns dias até no máximo duas semanas.

Nas imagens acima aponto quais são os principais alarmes que exigem uma consulta presencial para avaliar a necessidade de internação ou diagnóstico de alguma complicação da doença.

Ótima semana para todos!

Atenção, esses fatores são cumulativos sim. Segundo o CDC, se uma comorbidade aumenta o risco de hospitalização em 3x, t...
23/09/2020

Atenção, esses fatores são cumulativos sim. Segundo o CDC, se uma comorbidade aumenta o risco de hospitalização em 3x, ter duas delas pode aumentar em 4,5x e assim por diante.

Tabela prometida com o número de doses por vacina - essa resposta depende de qual chegará primeiro por aqui. As de duas ...
18/09/2020

Tabela prometida com o número de doses por vacina - essa resposta depende de qual chegará primeiro por aqui. As de duas doses estão sendo testadas com intervalos diferentes entre a primeira e o reforço: 14, 21, 28 e até 56 dias. 😉

Você não achou que o paciente chocado tinha sofrido uma descarga elétrica, achou?
16/09/2020

Você não achou que o paciente chocado tinha sofrido uma descarga elétrica, achou?

Recentemente ouvi de um conhecido que seu incentivo para enriquecer era poder garantir a alta da UTI de qualquer pessoa ...
14/09/2020

Recentemente ouvi de um conhecido que seu incentivo para enriquecer era poder garantir a alta da UTI de qualquer pessoa da sua família. Mais que o medo da morte (legítimo), me chamou a atenção a confusão do que envolve a reabilitação de uma doença grave.⁣

Refleti e cheguei a minha conclusão. Embasado apenas na minha jovem experiência, para a recuperação de doença crítica, é importante:⁣

- Bons profissionais. Não é sobre remédios ou aparelhos - são pessoas. A pandemia nos relembrou que não adianta um ventilador a mais sem mãos capacitadas. O quadro da UTI é complexo e envolve uma forte equipe. Não são máquinas: do outro lado estão outros seres humanos.⁣

- Tratamentos e suportes adequados. No universo das doenças críticas, menos é mais. Há uma infinidade de medicações e máquinas à disposição, e o segredo está em quando usar cada. Ligar todas, para ofertar o máximo ao paciente, só irá agredir. A experiência e o conhecimento dos profissionais suportam a segurança de quando não acrescentar um insulto a um corpo já fragilizado.⁣

- Gestão e organização do sistema de saúde. Hospitais que se importam com: número adequado de profissionais por paciente, comunicação efetiva, satisfação dos funcionários, entre tantos outros processos, certamente minimizam erros e influenciam a maior probabilidade de alta.⁣

- Estado de saúde prévio. Talvez o mais importante. É necessário entender que o médico é capaz de intervir nas complicações após assumir os cuidados do paciente, e muito do que ocorreu não poderá mais ser contornado. A capacidade de recuperação, portanto, depende muito de como se levou a saúde até esse momento crítico.⁣

Voltando ao meu conhecido: é claro que dinheiro pode garantir o leito de UTI mais moderno do país, mas ele não paga a sua passagem de saída. Os benefícios da riqueza são finitos: o conforto, a escolha de um profissional, terapias inéditas. Independente de nossas crenças, precisamos admitir a nossa vulnerabilidade. Afinal, o ser humano possui um recurso limitado, e não falo de questão material: sua saúde é inegociável, e portanto, ainda é o bem mais valioso que você possui.

Ontem a mídia noticiou a interrupção de um estudo fase 3 de uma vacina contra o coronavírus devido a ocorrência de um ef...
09/09/2020

Ontem a mídia noticiou a interrupção de um estudo fase 3 de uma vacina contra o coronavírus devido a ocorrência de um efeito adverso, e, me colocando do ponto de vista de um leigo quanto à pesquisa clínica, a notícia assusta. Vamos esclarecer alguns pontos para entender a tranquilidade com que eu encaro esse assunto.⁣

1) A pausa de um estudo não significa o seu abandono, e sim que temporariamente não serão aceitos mais voluntários para aplicação da vacina até que algum ponto seja totalmente esclarecido. ⁣

2) A interrupção não é incomum, e inclusive pode ser programada em ensaios clínicos de alta qualidade. Isso é importante pois são estudos prolongados, e análises preliminares são essenciais em uma pandemia. Afinal, se for o caso, que se suspenda um estudo antes que muito tempo e dinheiro seja investido ali. Aliás, esse é justamente o correto critério para interromper um estudo: segurança. Olho com desconfiança quando ocorre o contrário: uma interrupção precoce alegando benefício - caso não tenha atingido o número de pessoas necessário para uma análise calculada.⁣

3) Os boatos - realmente boatos, nenhuma notificação oficial - é que o evento foi um episódio de mielite transversa que ocorreu em um cidadão inglês. Mielite transversa é um inflamação da medula espinhal que causa o surgimento de fraqueza, alterações sensoriais, intestinais e urinárias. É rara (1 caso/1 milhão de pessoas/ano). Possui diversas causas, sendo que uma das mais frequentes uma resposta do corpo após uma infecção viral. O motivo da pausa é justamente esse: investigar qual a relação desse evento com a vacina. Foi realmente em alguém do grupo vacina? É possível encontrar associação com a vacina ou pode ter ocorrido por coincidência?⁣

É claro que frente nossa expectativa, essa notícia frustra, mas necessitamos frieza. A pausa de um estudo nos indica que a ciência está fazendo sua parte, e isso na corrida armamentista global que estamos vivendo, não deixa de ser um sinal de responsabilidade. Precisamos esperar.

Passe para o lado e entenda qual a eficácia mínima necessária para que a nova vacina seja aprovada pelas agências regula...
08/09/2020

Passe para o lado e entenda qual a eficácia mínima necessária para que a nova vacina seja aprovada pelas agências reguladoras. Apesar disso, bem que gostaríamos de uma imunidade garantida e duradoura, ein? 😅

Arraste para o lado e entenda qual a eficácia mínima para uma vacina ser aprovada pela agências reguladoras. Mas se foss...
08/09/2020

Arraste para o lado e entenda qual a eficácia mínima para uma vacina ser aprovada pela agências reguladoras. Mas se fosse 100% e duradouro ia ser um alívio, ein? 😅

O excesso de exames complementares em uma consulta revela, frequentemente, uma coisa: insegurança.⁣⁣Pode ser a inseguran...
02/09/2020

O excesso de exames complementares em uma consulta revela, frequentemente, uma coisa: insegurança.⁣

Pode ser a insegurança do paciente, que, cercado de medo e de desconhecimento, acredita que uma lista de exames de sangue ou uma imagem do corpo inteiro poderá revelar todas as suas probabilidades de doenças ocultas. Esquece - ou prefere não ver - que os maiores benefícios para sua saúde virão da mudança dos seus já conhecidos comportamentos, e não do tratamento de uma patologia desconhecida.⁣

Pode ser a insegurança do médico, que não sabendo o que procura, prefere encontrar qualquer anormalidade probabilística (quanto mais exames se solicita, mais virão alterados, isso é regra) que justifique o paciente ter buscado a sua ajuda. Esquece que exames complementares não possuem outra função, que não, complementar uma boa conversa com a pessoa na sua frente e a devida avaliação cliníca.⁣

Sempre lembro um ótimo trecho, escrito cinquenta anos atrás (Archie Cochrane e Walter Holland):⁣

“Se um paciente pede ajuda a um médico, o médico faz o melhor que pode. Ele não é responsável por defeitos no conhecimento médico. Se, no entanto, o médico iniciar procedimentos de triagem, ele estará em uma situação muito diferente. Ele deve ter evidências conclusivas de que a triagem pode alterar a história natural da doença em uma proporção significativa daqueles rastreados.”⁣

O médico pode não saber tudo, e isso é discutível, pois em cinquenta anos a propagação do conhecimento se difundiu de tal maneira que é difícil ainda entender aquele que não corre atrás do saber. Mas, como diz o autor, a partir do momento em que se desencadeia uma investigação, o mesmo deve ter certeza do impacto que isso terá no próximo e deverá dominar todos os passos seguintes da trajetória - prosseguimento da investigação, tratamento, acompanhamento. Não é um jogo de se livrar da responsabilidade, onde o médico apenas responde a um anseio do paciente com o pedido de um aleatório exame, para apenas passar esse problema adiante.

Semana passada fiz um post informando que estavam sendo desenvolvidas seis vacinas na fase 3 - ou seja, a última fase de...
31/08/2020

Semana passada fiz um post informando que estavam sendo desenvolvidas seis vacinas na fase 3 - ou seja, a última fase de pesquisa antes de passar pelo crivo das agências sanitárias, para então ser disponibilizada para a população. Em uma semana, mais duas vacinas se somaram a lista oficial das vacinas em produção da OMS.⁣

Isso nos dá uma idéia da guerra que está tomando conta desse mercado. Indústrias com muito poder e as mais ricas nações estão se desdobrando para ter a primeira vacina eficaz contra o coronavírus, e talvez ganhar o rótulo de salvador do mundo moderno.⁣

No carrossel acima organizei um resumo das principais vacinas categorizado pelos países responsáveis pela indústria farmacêutica de cada uma delas.⁣

O Brasil parece ser um laboratório e tanto para os te**es, ein?

Ao analisarmos os exames dos pacientes mais acometidos pelo coronavírus (os mais graves ou que faleceram), provavelmente...
26/08/2020

Ao analisarmos os exames dos pacientes mais acometidos pelo coronavírus (os mais graves ou que faleceram), provavelmente encontraremos uma deficiência de vitaminas de maneira mais prevalente que na população em geral. Isso não será uma surpresa: diversas outras situações críticas apresentam a mesma associação.⁣

É na interpretação desse dado que mora o perigo. Associação epidemiológica não é sinônimo de causalidade, e sim um indicativo que essa relação deva ser melhor estudada. Inferir, a partir disso, que a reposição vitamínica será benéfica em todas as pessoas beira a irresponsabilidade.⁣

É preciso olhar mais adiante: qual a razão para a deficiência vitamínica? Muitos pacientes já possuem alguma doença ou limitação para a ingestão, exposição e absorção adequada dos nutrientes, outros estão reféns de uma vida sedentária e com alimentação irregular (fato corroborado quando analisamos outros fatores de risco para infecção mais grave, que também sofrem influência dos hábitos alimentares: hipertensão, diabetes, resistência insulínica, doenças cardiovasculares e obesidade).⁣

Existe, sim, lógica biológica em adequados níveis de vitamina A, C, D, zinco e selênio para mantermos mais protegidos do coronavírus. São todos nutrientes importantes para nossa defesa imunológica. Mas está enganado quem acredita que a reposição desses elementos de maneira empírica será benéfica: provavelmente muitos que estão lendo esse texto já possuem tais níveis normalizados, e a sua suplementação - às cegas - só aumentaria a chance de uma intoxicação.⁣

Em resumo, enfatizo: a reposição vitamínica não trata diretamente a infecção pelo COVID-19. Algumas pessoas - com indicações precisas, como: pacientes pós cirurgia bariátrica, restrição a algum grupo alimentar ou desnutrição conhecida - podem ter sua imunidade otimizada por meio da suplementação, mas essa sempre deverá ser avaliada de maneira individual. Para os demais, uma dieta adequada (além da exposição solar segura) para evitar hipovitaminose não apenas é o suficiente como é o que deveria estar sendo promovido ao invés de pílulas mágicas: não se constrói uma estrutura forte e saudável sobre a fragilidade de uma má alimentação.⁣

Vacina é uma estratégia de prevenção de saúde e é considerado o tratamento de melhor custo-benefício da medicina. Entret...
24/08/2020

Vacina é uma estratégia de prevenção de saúde e é considerado o tratamento de melhor custo-benefício da medicina. Entretanto, do desenvolvimento até a aplicação em massa é necessário respeitar várias etapas de segurança, para garantir sua eficácia e segurança. ⁣⁣⁣
⁣⁣⁣
Após as fases descritas nas imagens, as agências reguladores de cada país revisam os resultados dos ensaios e decidem se aprovam ou não a vacina. Como exceção, durante uma pandemia, uma vacina pode receber autorização para uso emergencial antes de obter a sua aprovação formal.⁣⁣⁣
⁣⁣
Obs: 10 vacinas estão sendo estudadas nas fases 1 e 2 simultaneamente.⁣
⁣⁣⁣
Num próximo post irei mencionar quais são essas vacinas mais avançadas e quais as previsões da indústria farmacêutica.⁣⁣⁣ @ Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Muito em breve iremos falar sobre vacinação, mas, antes disso, é importante entender em qual contexto as vacinas se enca...
20/08/2020

Muito em breve iremos falar sobre vacinação, mas, antes disso, é importante entender em qual contexto as vacinas se encaixam. Prevenção é um termo muito nobre, porém utilizada muitas vezes com demagogia e mercantilização - como se houvesse uma fórmula mágica para evitar alguma ou qualquer doença. Mas não a menospreze. Mais do que uma promessa, é uma ciência.⁣

Saiba que há pelo menos quatro pilares reconhecidos pela medicina de prevenção:⁣

Imunização: Além das vacinas das de crianças (ou adolescentes no caso do HPV), esta também deve ser uma preocupação de adultos. Difteria, coqueluxe, tétano são reforços que todo adulto deve tomar. Além disso, na idade adulta pode-se indicar a vacinação para influenza, pneumonia pneumocócica, hepatite A, B, e herpes zoster. Esperamos uma vacina contra o coronavírus nessa lista logo.⁣

Rastreio: O objetivo não deve ser detectar toda e qualquer doença. Deve ser identificar alguma doença em que possamos agir para evitar desfechos desfavoráveis. Pense nisso antes de sair fazendo exames que só te gerarão ansiedade e nenhum benefício.⁣

Mudança comportamental: a identificação de hábitos que podem levar a uma doença é uma das grandes habilidades a ser desenvolvida pelos médicos. É difícil - pois exige não apenas o meu conhecimento, mas também a tua aderência. É sobre corrigir possíveis falhas do nosso estilo de vida frente a um mundo tão suscetível aí fora.⁣

Quimioprofilaxia: o uso de certas dr**as que podem atenuar ou prevenir doenças. Mais uma vez, não se trata de fornecer uma pílula que irá fortalecer tua imunidade ou prometer vida longa. São questões específicas e bem estudadas, onde já se comprovou que o benefício é maior que o risco (não se esqueça que todas as dr**as possuem efeitos colaterais, então sempre colocamos numa balança os efeitos bons vs ruins). Exemplos: ácido fólico na gravidez, aspirina e estatina para pacientes de alto risco de eventos cardiovasculares.⁣

Assim como tratamentos, definir por estratégias de prevenção exige estudo e ciência. Não apenas saber se tal medida é efetiva, mas também se é segura e financeiramente factível antes de sair a promovendo. Desconfie de promessas fáceis. @ Porto Alegre, Rio Grande do Sul

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Porto Alegre, RS

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