04/06/2025
Achei o tema relevante demais para ficar guardado apenas em um arquivo no drive. Boa leitura!
Poderia ser eu - o monstro que habita cada um de nós.
Pensamos que o problema sempre está no outro, que o Brasil não vai bem pelos políticos corruptos, que a violência está grande em função dos marginais e que o mundo ou essa geração que está perdida.
Todos nós temos a tendência de classificar o outro como bem ou mal enquanto não olhamos para as nossas atitudes mais simples no dia-a-dia. Muitas vezes nós já fizemos outras pessoas sofrerem em maior ou menor grau, intencionalmente ou não. Se já juntamos algum objeto da rua como uma moeda nós já cometemos pelo menos um crime durante a vida. O ponto é que é muito mais confortável apontar o dedo e colocar a responsabilidade nele. São pouquíssimas as pessoas que sentam para conversar e se dispõe a entender o que está acontecendo do outro lado. Pessoas costumam tratar os outros como tratam a elas mesmas. Além disso, também são um reflexo do ambiente em que vivem. E isso não vale somente para questões sociais, bairro, status e dinheiro, mas principalmente pela nossa história.
Sentimos raiva pela perda, pelo dano ou desconforto, mas ignoramos o fato de que uma violência é um grande sinal de fraqueza e muitas vezes é um grande pedido de ajuda. Quanto maiores forem as nossas feridas, maiores são os danos que tendemos a causar. Alguém que comete um ato intencional contra outra pessoa está em desequilíbrio pelo simples fato de que o sofrimento gerado é proporcional ao sofrimento interno. Não conheço ninguém que não reproduza a própria história nos seus atos.
Julgar o outro sem considerar seu contexto também é fomentar a violência. Alguém pode ser o mocinho ou ou vilão da história e isso apenas depende do ponto de vista. Pessoas que machucam os outros existem em todos os bairros, cidades e estados. Inclusive podem ser até mesmo nós mesmos. Se algo nos incomoda, antes de olhar para o outro precisamos olhar para nós.
Luísa Urruth Cerentini
Psicóloga - CRP 07/33628