01/05/2020
O SEU TRABALHO AINDA FAZ SENTIDO?
Hoje comemoramos um marco histórico e avanços na relação entre o trabalhador e as organizações, após anos de luta por melhores condições de trabalho. Observamos contextos de maior respeito e humanidade como também nos deparamos com modos de gestão, infraestrutura e relações que pouco contribuem para o bem estar dos trabalhadores. Como tarefa, seguimos olhando atenta e criticamente com posicionamento e disponibilidade para transformar o que ainda não está bem.
Em tempos de pandemia, com número crescente de desempregados, 2020 será um ano desafiador para os trabalhadores de diferentes níveis de formação e experiência e em quase todos os segmentos. A batalha de todos nós será manter o trabalho, criar e/ou encontrar oportunidades e negociar condições razoáveis de exercê-lo.
Sem desmerecer ou atenuar as necessidades dos trabalhadores em relação a essas grandes mudanças, encontro ao longo dos anos pessoas com suas próprias lutas e questionamentos sobre o sentido do que fazem de seus dias, por anos a fio, em suas atividades profissionais. Dúvidas que seguem, ano após ano, nas listas de projetos a serem implementados. E aí chega a pandemia e gera uma oportunidade para desacelerar e revisar o trabalho. Ela suspende a crítica frente ao recusar-se, fazer hora ou ir na valsa (como diria Lenine) e “autoriza” meses sabáticos para repensar a história de cada trabalhador.
Nessa “pausa”, possivelmente os trabalhadores estão pensando na edição de novos roteiros. Compartilho as dúvidas mencionadas em tantos capítulos já escritos por trabalhadores e sugiro reflexões. Aqui vão elas:
- Gosto do que faço, mas trabalho numa empresa que não combina comigo. A cultura de ameaças me faz repensar todo o dia porque sigo onde não sou eu mesma e nem sou feliz. Comprometimento organizacional é um fator relevante na balança entre ficar ou sair de uma empresa. Ele é possível quando percebemos que nosso propósito está alinhado ao da organização e haverá espaço para projetos que favoreçam o desenvolvimento pessoal e profissional. Fique atento para não se entrincheirar em sua carreira. Permanecer numa empresa por não perceber alternativas mais interessantes poderá leva-lo a alguns desfechos: desmotivação e sofrimento ou produtividade sem sentido (entrega de bons resultados, mas que podem não ser combustíveis para você). Por isso a importância de manter a curiosidade e acompanhar o cenário no qual você está inserido, alimentar-se de informação, ter um aprendizado permanente e cultivar relacionamentos.
- Tenho uma carreira consolidada, numa profissão que muitos gostariam de ter. Investi anos em estudos e agora vou deixar tudo isso para trás? Viver transições já é e será cada vez mais frequente para os trabalhadores. Se considera muito ousado, arriscado e aumenta a sua insegurança virar a mesa e mudar a direção, saiba que esse não é o único do modo de movimentar-se. Aposte em transições graduais. Desenvolva seu trabalho atual ao mesmo tempo que planeja outros objetivos. Pesquise detalhadamente como implementá-los, prepara-se, e com o tempo, avalie as conquistas alcançadas a cada passo, reflita sobre sua satisfação e redefina o curso da história.
- De que modo preciso trabalhar? Há tantas outras coisas que gostaria de fazer na vida, mas há o trabalho. E ele não me completa, não me abastece e parece que a vida simplesmente passa. Para algumas pessoas o papel de trabalhador simplesmente não é central na vida. Nesse tema a diversidade também se faz presente. Contudo, é inegável uma representação social sobre a centralidade do trabalho e o quanto pode ser decisiva na definição de projetos de vida. E quem assim não está feliz? Esteja ciente de que forma esse posicionamento impacta no presente e futuro em sua vida, assuma a responsabilidade por essa escolha (você é responsável por assegurar suas condições de vida) e siga o caminho que melhor lhe convir. A vida é sua e tens direito construí-la a seu modo!
- Gosto do que faço, mas não alcancei o que eu queria, não estou no patamar financeiro ou de desenvolvimento profissional que imaginava. Revise sua história, podem ser necessidades não atendidas, crenças, baixa adaptabilidade de carreira, necessidade de atualização ou construção de rede de contatos e inúmeros outros fatores que o levaram a essa condição. A história escrita até o momento presente pode ser transformada se você souber das lutas que já não fazem mais sentido. O autoconhecimento poderá auxiliar você na implementação de estratégias de enfrentamento mais adaptativas frente às situações de vida que lhe são apresentadas e com isso poderá ser mais fácil alcançar as suas metas.
Poderia seguir listando várias dúvidas trazidas pelos meus clientes em seus atendimentos, esses são apenas alguns exemplos das batalhas internas travadas todos os dias por muitos trabalhadores ou pessoas que desejam iniciar uma atividade laboral. Que neste desafiador 2020 trabalhadores enfrentem as incertezas do seu mundo interno e do contexto em constantes mudanças, aceleradas pela “pausa” de uma pandemia, e encontrem o trabalho que lhes faz sentido.
Seja quem você quer ser na vida, no trabalho e comemore a sua história, a sua luta!
