
29/08/2025
Abrace a biblioteca!
Indicação do mês de agosto
O avesso da pele, Jeferson Tenório.
Ler este livro foi uma experiência marcada pela angústia, mas necessária, quase como ser atravessada. Com uma escrita profunda, que faz o leitor mergulhar junto, Pedro (re)conta a história do seu pai, após sua morte. A partir de cenas do cotidiano, logo percebemos que ultrapassa a história de um único homem. Somos apresentados a perversidade do racismo estrutural, violências que insistem e não cessam de se impor. A narrativa, situada em Porto Alegre, e a alternância entre tempos, nos relembra, a todo instante, que este é um tema atual, sempre presente e perto de nós — e, por isso, não pode ser esquecido. O pai de Pedro acreditava que os livros poderiam fazer algo pelas pessoas, ainda que a vida continuasse áspera. Concordo com ele. Esse é um desses livros.
(Jayne Silva Leiria, membro do comitê Relações Étnico-Raciais)
A narrativa nos apresenta a dolorosa jornada atravessada pelo racismo e o quão dizimador ele pode ser. É um livro profundo e que te envolve por uma história que não acontece apenas ali. Toda a narrativa permite que você enxergue a história próxima de você, pois ao ler, você encontra locais familiares e consegue recordar relatos de conhecidos, familiares ou amigos que já vivenciaram situações iguais ou semelhantes. É uma leitura que te leva a perceber onde e como o racismo age e todas as facetas de violência que, por vezes, não são enxergadas.
(Alessandra Vernes de Ramos, psicóloga e membro do comitê Relações Étnico-Raciais)
O narrador nos apresenta como o racismo estrutural se infiltra na pele, corroendo as camadas mais profundas do ser. A obra provoca um desconforto necessário para abordar um tema que nos atravessa tanto como indivíduos quanto como sociedade. Já no início do livro, nos deparamos com o seguinte trecho: "É necessário preservar o avesso... Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito, e a cor da pele atravessa o nosso corpo.
(Larissa Montardo, membro do comitê Relações Étnico-Raciais e coordenadora do NIC)
Avassalador e sensível! O livro é melodiosamente narrado através de múltiplas perspectivas, o que nos aproxima de maneira envolvente da história de Pedro, que costura o luto pelo assassinato do pai revisitando suas memórias. As vozes narrativas fluem pela trama dos personagens e somos rapidamente envolvidos na vivência de cada um. A obra evoca, de forma profunda e complexa, a realidade do contexto familiar de Pedro, uma família negra cujas vidas são marcadas pelas diversas expressões do racismo. A narrativa conversa intensamente com a sociedade em que vivemos e também nos convida à preservação da subjetividade, lugar onde mora o que nos mantém vivos: os afetos. 'O Avesso da Pele' reverbera no corpo, na memória e na escuta.
(Thainá Oliveira, graduanda em psicologia e membro do comitê Relações Étnico-Raciais)