26/09/2025
No Brasil, aproximadamente 5% da população é surda. Isso significa milhões de pessoas que convivem diariamente com barreiras na comunicação e, muitas vezes, na própria participação social. Apesar desse número expressivo, menos de 0,5% da população brasileira sabe Libras, a Língua Brasileira de Sinais. Essa realidade escancara um paradoxo: temos uma comunidade surda significativa, mas a sociedade como um todo não está preparada para se comunicar com ela.
A Libras é reconhecida oficialmente como língua desde 2002, por meio da Lei nº 10.436, e regulamentada em 2005 pelo Decreto nº 5.626, que prevê o ensino de Libras nos cursos de licenciatura e de fonoaudiologia. Mas, na prática, a sua presença nas escolas e universidades ainda é tímida, quase simbólica. Pergunta-se: se Libras é uma língua, por que não é ensinada como qualquer outra?
Nas escolas, inglês e espanhol são obrigatórios em muitos currículos, mas a Libras ainda é tratada como um conhecimento opcional, quase um “acessório”. Nas universidades, fora dos cursos específicos exigidos por lei, raramente aparece de forma consistente. Esse cenário reforça a exclusão, transformando a língua de milhões de brasileiros em algo que parece “estrangeiro”, quando, na verdade, ela é parte da nossa identidade nacional.
A inclusão só é plena quando há comunicação. Não basta pensar em rampas de acesso, legendas em vídeos ou recursos tecnológicos se a barreira linguística permanece. A Libras não deveria ser vista como uma habilidade extra ou uma escolha individual, mas sim como uma ponte necessária para uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
Enquanto a Libras não estiver presente de forma obrigatória e ampla na educação brasileira, seguiremos reforçando uma divisão injusta: de um lado, uma comunidade surda que luta diariamente por visibilidade e respeito; de outro, a maioria da população que, mesmo com boa vontade, não possui as ferramentas mínimas para se comunicar.