19/08/2025
Ela estava no meio da reunião quando percebeu o pensamento atravessando sua mente como uma sentença: “Ele é incompetente.”
Era sobre um colega que atrasava entregas. Mas, quando se deu conta, percebeu que a irritação tinha um tom conhecido.
Não era só sobre ele.
Naquele instante, lembrou-se das próprias falhas que escondia a todo custo. Da sensação de não ser suficiente. Do medo de que descobrissem suas fragilidades. O julgamento que lançava sobre o outro era, na verdade, um espelho — refletia o medo de olhar para si mesma.
Na Terapia Focada na Compaixão, compreendemos que muitos julgamentos nascem assim: não do outro, mas do medo que carregamos. Medo de perder o controle, de tocar feridas antigas, de reconhecer vulnerabilidades.
Projetamos no mundo o que não conseguimos sustentar dentro de nós.
E é nesse ponto que a compaixão se torna um exercício transformador: olhar para o julgamento como uma mensagem, não como um veredito. Perguntar-se: “O que em mim está sendo tocado agora? Que medo se esconde por trás dessa crítica?”
Quando fazemos esse movimento, deixamos de usar a crítica como armadura e passamos a cultivar coragem e sabedoria para lidar com o que dói.
É nesse espaço que o julgamento pode se transformar em autoconhecimento.
Psicóloga Ane Saraiva (CRP 07/39019)
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