05/03/2024
O Dia das Mulheres resgata a força da nossa ancestralidade e portanto o nosso olhar para as memórias daquelas que aqui honra(ra)m o legado de tantas outras. Esta data, sua história e seu simbolismo, exalta nosso afeto pelas parteiras, por sua sabedoria que mantém vivos os conhecimentos ancestrais.
Vamos celebrar este dia numa roda de convera com o lançamento do livro "Dona Livette, a parteira raiz"
Livro sobre parteira tradicional apresenta enfoque crítico à política de colonização médica em torno do ofício ancestral
Dona Livette, a Parteira Raiz – Uma Pioneira no Contexto da Política Higienista resgata biografia de mulher que atendeu a centenas de mulheres dando a Luz
A protagonista da história é parteira que realizou mais de mil partos desde Cortado, distrito de Novo Cabrais, interior do Rio Grande do Sul, ao longo do século XX. Numa época de transição econômica, social e política, esse é o principal cenário do novo livro de Eliane Scheele, Elma Sant’Ana e Luciano Miranda, a ser lançado em breve pela editora Casa Leiria, de São Leopoldo, RS.
A publicação foi apoiada pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), pertencente à Província dos Jesuítas do Brasil, que a incluiu na “Série Saberes Tradicionais”. Aparece em conjuntura na qual as parteiras tradicionais vêm sofrendo cerceamento e outras formas de constrangimentos ao exercício da atividade ancestral.
O relato resgata o percurso de Livette Piazza, que muito jovem aprendeu a parteria de mulheres mais velhas, inclusive sua mãe. Mas Livette só aos trinta anos se tornaria uma parteira, já casada e com filhos. O início do seu ofício na década de 1950 relacionou-se com conjuntura na qual se acelerou a implementação de política higienista mediante a qual o parto, um assunto de mulheres em suas casas, tornou-se negócio de homens em estruturas e instituições médico-hospitalares.
A política higienista foi impulsionada pelo Estado brasileiro mediante a qual o núcleo familiar reestruturou-se ao moldar-se à forma disciplinar do pensamento higienista. Isso só foi possível graças à intervenção do “poder médico”, que invade o espaço íntimo e que o submete ao da institucionalidade. Então os médicos atuariam em prol da mudança de hábitos e comportamentos, que replicava em nível micro a aludida disciplina e controle social, e que constrangeria o espaço das parteiras tradicionais.
A formação delas comumente ocorre na prática cotidiana, orientada ao acolhimento e atendimento de outras mulheres. Ingressam no ofício por necessidade pessoal ou do seu entorno, mediante a transmissão de saberes por outras parteiras ou ainda por meio de busca pessoal que trilha caminho no mais das vezes às margens das instituições. De modo distinto, Livette Piazza propiciou abertura para aprender técnicas modernas em instituições médico-hospitalares, onde também atuou, mas sem jamais ter abandonado ou repudiado a sabedoria e práticas ancestrais.
Quando?
No dia Internacional da Mulher
Dia 08 de março de 2024, ás 16h.
Onde?
No Instituto Aterra
Av. Teresópolis 2266.