
07/07/2025
Acordei,
visti a roupa que me abraçou.
Esqueci de me vestir pra você.
Fazia frio,
mas lembrei dos dias
em que caminhei nua
no calor de quarenta, cinquenta graus
não por falta
por escolha.
Hoje,
viajei sem passaporte,
sem passagem,
sem provar origem,
sem sangue carimbado.
Escolhi aprender
só o que quero levar
nesses noventa anos de estrada.
Aprender por mim,
porque é gostoso saber.
Construi
a casa que é minha
com erros,
consertos,
frustrações
e sonhos redecorados.
Plantei o que desejo colher.
E reguei flores
que só os insetos vão tocar.
Vou respira-las, admira-las
Amei.
E dividi isso
com quem amo.
Um amor leve,
livre,
que cabe inteiro
sem sufocar.
Hoje,
fiquei surda
às palavras que ferem,
cega
aos olhos que julgam,
e paralisei
os passos para lugares feios.
Hoje,
vivi por mim.
E o que transbordou
dividi.