17/07/2025
O que é Delirium?
O delirium é definido por uma alteração aguda da atenção ou consciência (instalação em horas ou dias). Ao longo do dia esse estado de atenção pode voltar algumas vezes, sendo então de curso flutuante.
É uma condição muito prevalente, com isso, os dados mostram que 15% dos pacientes que chegam no departamento de emergência podem estar em delirium, mas essa taxa aumenta bastante em outros setores hospitalares, como pós-operatório (15%-50% dos pacientes, especialmente após cirurgias de urgência ou de grande porte), mas principalmente na UTI (mais de 70%) e nos cuidados paliativos (mais de 80%).
O que pode causar Delirium?
-Fármacos: benzodiazepínicos, sedativo-hipnóticos, antidepressivos tricíclicos, anticolinérgicos, opioides, anti-parkinsonianos e neurolépticos. Vários outros grupos de fármacos muito utilizados também podem desencadear. Mesmo em doses habituais, a polifarmácia contribui bastante para o desenvolvimento da condição;
-Álcool (Delirium tremens - por abstinência do álcool);
-Abstinência de dr**as;
-Infecções (principalmente pneumonia e ITU);
-Patologias pulmonares: condições que causem hipoxemia, DPOC exacerbado
-Redução sensorial (déficit auditivo/visual ou até acomodações muito escuras durante o dia todo);
-Distúrbios metabólicos: distúrbios hidroeletrolíticos (DHE), hipo/hiperglicemia, hipercalcemia, hipóxia e insuficiência hepática ou renal;
-Condições neurológicas (AVC e convulsão);
-Retenção urinária (bexigoma) ou constipação;
-Condições cardíacas: Síndrome Coronariana Aguda e arritmias.
Como identificar?
-Distúrbio de atenção (menor capacidade de dirigir, manter ou desviar a atenção) e/ou da consciência
-Mudança de cognição (déficit de memória, desorientação, alteração da linguagem e distúrbio da percepção), não explicada por demência preexistente
-Progressão da condição em curto período de tempo (horas a dias), com flutuações durante o dia
-Manifestações resultantes de uma ou mais alterações fisiológicas (condição médica geral, exposição medicamentosa, intoxicação ou abstinência).
Tipos de Delirium
Delirium hipoativo:
Conhecido também como delirium silencioso, é caracterizado por sonolência, apatia, lentificação e redução de atividade motora. A mobilidade reduzida pode aumentar o risco de doenças como o tromboembolismo venoso.
Delirium Hiperativo:
Agitação motora, irritabilidade e agressividade são os principais sinais, é um tipo menos comum, porém perigoso, podendo levar a lesões físicas do próprio paciente ou das pessoas ao redor.
Delirium Misto:
O paciente com esse tipo oscila entre o estado hipoativo e hiperativo. Pode ser mais difícil de tratar, pois é necessário estabelecer o tipo predominante para indicar medicações sintomáticas.
Medidas simples podem prevenir o delirium:
-Estimulação cognitiva
-Preservar o sono: redução de ruídos noturnos ou colocar música suave, ingestão de bebida morna ao deitar-se, uso de melatonina.
-Estimular mobilização
-Evitar contenção mecânica
-Correção de déficit visual e auditivo
-Tratamento de dores
-Minimizar uso de dr**as psicoativas e anticolinérgicas
-Tratamento de constipação e retenção urinária
-Medidas ambientais: abrir cortinas do quarto, colocar relógios e calendários, criar rotinas diurnas e noturnas.
Conclusão
O delirium é um estado agudo de alteração da atenção que ocorre principalmente em idosos hospitalizados, com etiologia multifatorial, devendo ser identificada, tratada e prevenida. Com medidas simples consegue-se prevenir até 40% dos casos de delirium, assim diminuindo o risco do paciente desenvolver declínio funcional, demência e depressão.