
21/09/2022
A chegada de um novo bebê é uma revolução na família. Muda a rotina, os espaços físicos da casa, as relações. Hoje, falamos muito mais sobre o puerpério (que dura bem mais que meros 45 dias!), sobre paternidade ativa e presente, sobre como muda a vida do casal, a visão de mundo, os objetivos, os medos, até a nossa relação com o trabalho, enfim.
Mas quando o assunto chega nas outras crianças da família, parece que a expectativa geral é de que ou elas fiquem indiferentes ou colaborativas, felizes, achando tudo o máximo de bom.
Ou seja, ampliamos a nossa compreensão sobre os impactos em nós, adultos, mas seguimos achando que as crianças precisam ser boazinhas e ficarem bem quietinhas com o irmãozinho(a) que chegou que é pra não dar MAIS trabalho para os adultos já enlouquecidos de demandas!
Essa expectativa é cruel e desconsidera a própria humanidade da criança que, sim, irá reagir a uma mudança tão profunda em sua vida familiar.
Desconsidera a imaturidade cerebral que, mesmo em crianças mais velhas, torna mais difícil a auto-regulação.
Desconsidera o sentimento da criança, como se momentos de tristeza ou de revolta por ter que dividir seus pais/seu espaço/suas coisas fossem inaceitáveis ou significassem que são más ou egoístas.
Nós precisamos entender que não existem sentimentos ruins. Tristeza, raiva, ciúmes, inveja. Todos já experimentamos ou iremos experimentar deles algum dia.
As emoções brotam de forma espontânea e não intencional. Na criança, ainda imatura neurologicamente, elas podem inundar e transbordar através de ações, essas sim, potencialmente ruins. Portanto, é fundamental que os sentimentos sejam acolhidos, que a criança mais velha se sinta segura para sentir e para demonstrar o que sente, que encontre compreensão e ajuda para se auto-regular, que se sinta amada incondicionalmente.
Isso vai ajudar a diminuir os episódios de descontrole emocional, seja em forma de birra, de agressividade, de choro, etc.
Tudo o que a criança precisa, principalmente nos momentos de ruptura, é a certeza de que é e será amada apesar dos seus momentos ruins, sentir-se acolhida e pertencente. Só assim, ela pode mostrar o que tem de melhor!