
13/05/2025
Quando decidi embarcar nessa viagem só com a minha filha adolescente, confesso que fiquei um pouco apreensiva. Sete dias fora, só nós duas em um outro país , vivendo intensamente uma convivência em meio a uma fase cheia de transformações : a adolescência, com seus silêncios, suas impaciências, seus ritmos próprios.
Ela queria dormir até mais tarde, não se empolgava tanto em registrar tudo com fotos, às vezes se irritava, se fechava, se afastava. E, pra mim, isso exigiu presença e escuta. Foi um exercício de entender que o jeito dela viver aquele momento era diferente do meu .
Mas o que parecia desafiador no começo se transformou em algo muito maior. Foi uma experiência linda. A gente se aproximou de um jeito novo. Descobrimos que dá, sim, pra conviver com as diferenças — e mais do que isso, que elas podem enriquecer a nossa relação.
Na psicanálise, a gente entende que a adolescência é um tempo de separação simbólica. O filho começa a construir seu próprio lugar no mundo com suas escolhas, seus gostos, seus silêncios. E cabe aos pais sustentar esse movimento sem sufocar, mas também sem se afastar demais. É um equilíbrio sutil. E foi esse equilíbrio que, sem perceber, fomos encontrando nessa viagem.
Apesar das diferenças de ritmo e de olhar, ela também foi minha parceira. Rimos juntas, nos emocionamos, vivemos momentos únicos. Compartilhamos o cansaço, os sonhos, a surpresa de estar ali, realizando algo só nosso..
Essa viagem foi muito mais do que conhecer um novo lugar. Foi uma travessia emocional. Um tempo de presença, de vínculo, de escuta mútua.
Voltamos mais próximas. mais conectadas. Com a certeza de que, mesmo em fases tão diferentes, seguimos lado a lado. Cada uma sendo quem é mais ainda assim, profundamente juntas.
Foi especial. Foi nossa. E eu tenho certeza de que essa foi só a primeira de muitas.