25/11/2024
Reflexão: Quem realmente precisa de terapia?
Como psicóloga, tenho observado uma situação cada vez mais frequente na prática clínica: pais que procuram terapia para seus filhos adolescentes acreditando que eles precisam de ajuda, mas, na realidade, quem mais se beneficiaria de um processo terapêutico são os próprios pais.
Muitas vezes, os adolescentes não apresentam uma demanda clara ou sequer desejam o acompanhamento, mas são "empurrados" para a terapia com a esperança de que isso "conserte" comportamentos ou situações que, em muitos casos, estão profundamente enraizados na dinâmica familiar. Nessas situações, a falta de adesão dos pais ao tratamento, ou o desinteresse em se envolverem ativamente no processo, se torna um obstáculo significativo.
Terapia não é um espaço mágico onde tudo se resolve. Ela exige engajamento, tanto da parte de quem está diretamente em acompanhamento quanto do entorno, principalmente quando falamos de crianças e adolescentes. É frustrante e, ao mesmo tempo, reflexivo perceber que, para alguns pais, a terapia se tornou um local onde delegam todas as questões relacionadas aos filhos, enquanto a parte que mais exige transformação — o ambiente familiar — permanece inalterada.
Diante disso, tenho feito escolhas conscientes sobre os atendimentos que realizo. Hoje, priorizo acompanhar pessoas que apresentem uma demanda clara e que venham ao processo terapêutico por vontade própria. Atender com propósito significa reconhecer que a terapia só funciona quando há disposição para mudança, e isso vale para todos os envolvidos.
Essa reflexão não é uma crítica, mas um convite à conscientização. Afinal, a transformação começa em casa. E você, como está se envolvendo no processo de mudança dentro da sua família?
🍀.julianeoliveira