Anderson Santiago - Psicólogo

Anderson Santiago - Psicólogo "Nada que seja humano é alheio a mim". Terêncio

Cerca de quatro meses antes de morrer, Jung respondeu por carta a um interlocutor que lhe perguntava o que considerava m...
26/07/2025

Cerca de quatro meses antes de morrer, Jung respondeu por carta a um interlocutor que lhe perguntava o que considerava mérito seu na moderna psicologia, ao que respondeu afirmando que "não faz sentido analisar minhas próprias opiniões a este respeito. Tudo está nos meus livros. Se alguém encontrar neles algo de valor, pode formar o seu julgamento".

Essa carta é muito importante não apenas por ter sido uma das suas últimas, mas por nos permitir perceber a consciência que o Jung tinha de sua obra e do modo como alguns (ou muitos) dos seus alunos, especialmente os anglo-saxões, pareciam ter dificuldades em compreendê-la, fato que persiste até hoje.

Retomo estes pontos já abordados em outros posts pela relevância no dia em que celebramos os 148 anos de seu nascimento.

Primeiro, pelo fato de que malgrado a popularidade gozada por Jung atualmente, há uma quantidade assustadora de pessoas que continuam não estudando seriamente suas contribuições à psicologia científica, seja por desinteresse, por falta do adequado estímulo ou por serem motivo de chacota de professores que sem conhecimento da matéria resolvem zombar ou menosprezar o que não conhecem.

Segundo, pela lamentável influência de um contingente de anglo-saxões que continuam sofrendo de uma deficiência percebida com clareza pelo Jung: "entendem mal o ponto de vista empírico por falta das necessárias premissas epistemológicas".

Deficiência essa que os leva sempre a tentarem inovar numa área que nem entenderam os fundamentos, inventando teorias sem base fenomenológica que as sustente, ou caindo na tentação de fazer um recorte mal ajambrado do Jung e chamar de "psicanálise junguiana". Note-se logo de quem é iniciativa?

Desta forma, que possamos refletir nesta data significativa sobre o fato óbvio de que para de fato colaborar com a obra do Jung, precisamos primeiro nos tornar reais especialistas nela. Da mesma forma que para criticar, também é preciso estudá-la, se não quiser ser acusado de má-fé e ignorância.

Obrigado, Jung!

📚 CARTAS III, 17.02.1961

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

📝 DICA DE LIVRO📚 MANDALAS: imagens do inconsciente 👤 Autor: C. G. Jung📚 Editora Publicado recentemente pela Vozes, este ...
23/07/2025

📝 DICA DE LIVRO
📚 MANDALAS: imagens do inconsciente
👤 Autor: C. G. Jung
📚 Editora

Publicado recentemente pela Vozes, este volume reúne três textos constantes do volume 9/1 das obras coligidas.

Textos que são oportunos para ajudar na compreensão e esclarecimento sobre o que Jung realmente disse sobre o assunto, hoje tão explorado e banalizado, especialmente pela ênfase de que o fenômeno necessitaria ser espontâneo. O ponto alto é o capricho da edição com uma belíssima capa dura.

"A palavra sânscrita "mandala" significa "círculo" no sentido habitual da palavra. No âmbito dos costumes religiosos e na psicologia, designa imagens circulares que são desenhadas, pintadas, configuradas plasticamente ou dançadas. Configurações deste tipo são encontradas, por exemplo, no budismo tibetano e, enquanto figuras circulares de dança, ocorrem nos mosteiros dos derviches. Como fenômeno psicológico aparecem ESPONTANEAMENTE em sonhos, em certos estados conflitivos e na esquizofrenia. [...] Na alquimia este motivo se encontra sob a forma da quadratura circuli"

Em vista do fato de que em todos os casos aqui demonstrados há novos fenômenos independentes de qualquer influência, somos obrigados a constatar que, além da consciência, deve existir uma disposição inconsciente universalmente disseminada, uma disposição capaz de
produzir em todos os tempos e lugares os mesmos símbolos, ou pelo menos, muito semelhantes entre si. Uma vez que essa disposição é em geral inconsciente para o indivíduo, eu a designei inconsciente coletivo, postulando como o fundamento dos produtos simbólicos do mesmo a existência de imagens originárias: os arquétipos. Não é necessário acrescentar que a identidade dos conteúdos inconscientes individuais se expressa através dos conteúdos dos paralelos étnicos, não só na configuração imagística, como também no sentido" (grifos nossos, §713).

Ótima leitura!

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

📝 DICA DE LIVRO📚 NOS LUGARES ESCUROS DA SABEDORIA👤 Autor: Peter Kingsley 📚 Editora Lançado recentemente, esta é a primei...
17/07/2025

📝 DICA DE LIVRO
📚 NOS LUGARES ESCUROS DA SABEDORIA
👤 Autor: Peter Kingsley
📚 Editora

Lançado recentemente, esta é a primeira obra do Kingsley vertida para o português e que o apresenta como filósofo e especialista em filosofia antiga.

Neste livro, ele vai explorar o poema de Parmênides, cujo valor para a cultura ocidental é enorme e desafia intérpretes a mais de dois milênios.

Ele nos conduz por uma fascinante viagem filosófica no intuito de nos apresentar uma perspectiva onde o culto a Apolo e a atuação de seus sacerdotes e Iatromantes se revelam como um dado fundamental para compreender não só o poema, mas o surgimento mesmo da filosofia.

Kingsley se esforça para "desvendar a mensagem metafísica do poema de Parmênides, ocultada desde Platão e nos transporta aos lugares sombrios onde ritos de incubação e quietismo deram origem à sabedoria ocidental".

Um livro que me remeteu ao já clássico e esgotado livro do C. A. Meier intitulado Sonho e ritual de cura - incubação antiga e psicoterapia moderna.

Confesso que a leitura dele foi uma excelente surpresa e recomendo a leitura a todo aquele que se interessar por Filosofia Antiga ou Psicologia Complexa.

"Gostamos de acreditar que podemos entrar no futuro deixando o passado para trás, mas isso é impossível. Só poderemos avançar para o futuro se nós voltarmos para o nosso passado e nos tornarmos o que somos" (p. 12).

Ótima leitura!

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

Ainda me pego refletindo sobre o quanto o Shamdasani foi certeiro ao comentar sobre os prejuízos advindos da publicação ...
15/07/2025

Ainda me pego refletindo sobre o quanto o Shamdasani foi certeiro ao comentar sobre os prejuízos advindos da publicação da primeira biografia escrita pela Jaffé como uma autobiografia, justamente por prejudicar o interesse em elaborar e publicar estudos eruditos sobre a obra do Jung.

Não só, mas principalmente sobre as relações entre ele e a filosofia.

Não é surpresa pra ninguém que realmente estude a obra do Jung com atenção (sem o canto da sereia de muitos comentadores, em geral pós-junguianos), o quanto o estudo da filosofia é importante para compreender em profundidade seu opus e os interlocutores com quem dialogava. Ele inclusive a colocou como requisito imprescindível para a formação do futuro analista.

Um primeiro equívoco que se evitaria seria o de afirmar que Jung é platônico. Afirmação vazia e carente de fundamento bibliográfico pelo fato de Jung afirmar que "Kant é o meu filósofo", conforme consta no livro Jung: uma biografia em livros escrito pelo Shamdasani.

Ou quando ele credita a elaboração do seu conceito de inconsciente às influências de Kant, Schopenhauer, Carus e Hartmann, por exemplo.

Sobre este último o Jung ainda afirmaria que sua noção do inconsciente só "ficou esclarecida pela primeira vez através de Schopenhauer e Hartmann" (Seminário 1925).

Ou quando ele afirma que foi William James que lhe "descerrou até o incomensurável os horizontes da psicologia humana" (vol 8/2, parágrafo 262).

Pelo que se pode observar, há ainda tanto por fazer e uma lacuna tão grande de estudos eruditos a cobrir para que se possa entender o opus junguiano em profundidade, que na minha opinião não dá pra levar a sério a conversa sobre ir "além do Jung". A Barbara Hannah foi a primeira a levantar essa questão e recomendo a biografia escrita por ela para entender melhor.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

📝 DICA DE LIVRO📚 RFLEXOS DA ALMA: projeção e recolhimento interior na Psicologia de C. G. Jung👤 Autor: Marie-Louise von ...
12/07/2025

📝 DICA DE LIVRO
📚 RFLEXOS DA ALMA: projeção e recolhimento interior na Psicologia de C. G. Jung
👤 Autor: Marie-Louise von Franz
📚 Editora

Este livro, escrito pela renomada analista junguiana Marie-Louise von Franz, tem por objetivo analisar da maneira mais ampla possível todos os aspectos da projeção. O que ela consegue fazer graças ao uso do rico material disponível, apresentado de forma instigante, em suas relações com a psicologia, filosofia, religião e espiritualidade, seja no cotidiano ou até na produção de conhecimentos científicos.

Como ela afirma no prefácio, "no que se refere ao lado teórico da projeção, ela toca questões filosóficas bastante profundas, como por exemplo, a controvérsia secular entre as orientações de pensamento do nominalismo e do realismo. Enfim, trata-se aqui da questão: o que é realidade? - com a qual abordamos também todo o questionamento existencialista. Destes aspectos teóricos da projeção aproveitei somente aqueles que me pareceram mais importantes, sobretudo a história da formação de hipóteses científicas na Física e na ciência em geral" (p. 8).

Este é simplesmente um livro fantástico que lamentavelmente não foi reeditado até hoje. Mas que sempre indicarei como leitura obrigatória para quem deseja mergulhar nas complexidades do conceito de projeção na psicologia complexa.

Ótima leitura!

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

SOBRE A PRIVATIO BONI E A REALIDADE PSICOLÓGICA DO MALHoje, como em todas as épocas, é necessário que o homem não feche ...
08/07/2025

SOBRE A PRIVATIO BONI E A REALIDADE PSICOLÓGICA DO MAL

Hoje, como em todas as épocas, é necessário que o homem não feche os olhos para o perigo do mal que está à espreita dentro dele mesmo. Infelizmente este perigo é demasiado real, e por isto a psicologia deve insistir na realidade do mal e refutar qualquer definição que deseje conceber o mal como algo sem importância ou mesmo como não existente. A psicologia é uma ciência experimental que lida com coisas reais. Por isso, como psicólogo que sou, não tenho a intenção, nem tampouco a qualificação para me imiscuir no
terreno da metafísica. Só me torno polêmico quando a metafísica se intromete no campo da experiência e lhe dá uma interpretação que não se justifica absolutamente por via empírica. A crítica que faço contra a doutrina da privatio boni só é válida até onde a experiência alcança. Do ponto de vista científico, a argumentação usada é, como todos poderão ver, uma petitio principii da qual, como é sabido, sempre se extrai aquilo que nela se colocou. Tais argumentos carecem de força de persuasão, mas a circunstância de que não somente se usam semelhantes argumentos, mas de que neles se acredita sem sombra de dúvida, constitui para mim um aspecto sobre
o qual não posso simplesmente fechar os olhos. Ele é indício de que existe uma tendência a priori no sentido de dar preferência ao “bem”, e isto através de todos os meios próprios e impróprios de que se dispõe. Por isso, aferrando-se à doutrina da privatio boni, a metafísica cristã expressa a tendência de aumentar cada vez mais o bem e de diminuir o mal. A privatio boni pode ser, portanto, metafisicamente verdadeira. Mas, de minha parte, não ouso formular nenhum juízo a este respeito. Devo apenas insistir que, no campo de nossas experiências, o branco e o preto, a luz e as trevas, o bem e o mal são pares de contrários, sendo que um sempre pressupõe o outro.

Jung, Aion, § 98.
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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

No fundo, a terapia só começa realmente quando o paciente vê que quem lhe barra o caminho não é mais pai e mãe, mas sim ...
26/06/2025

No fundo, a terapia só começa realmente quando o paciente vê que quem lhe barra o caminho não é mais pai e mãe, mas sim ele próprio, isto é, uma parte inconsciente de sua personalidade que continua desempenhando o papel de pai e mãe. Por maior que seja a utilidade deste conhecimento, ele ainda é negativo, pois diz apenas: "Reconheço que não são meus pais que estão contra mim, mas eu mesmo". Mas quem é que se opõe nele? Que parte misteriosa de sua personalidade é essa que se escondeu por detrás das imagens de pai e mãe e que por tanto tempo o fez acreditar que a origem do seu mal o atacou de fora? Esta parte é o oposto da sua atitude consciente, não lhe dará sossego e o perturbará até que seja aceita. Não há dúvida de que nos jovens libertar-se do passado já é suficiente; porque ainda têm um futuro promissor e cheio de possibilidades pela frente. Basta soltar umas amarras; o ímpeto da vida fará o resto. Mas o problema é diferente para as pessoas que já deixaram boa parte da vida para trás, a quem o futuro não acena mais com fabulosas promessas, que nada mais esperam da vida senão os velhos e habituais deveres e os prazeres duvidosos da velhice.

📚 Jung, Psicologia do Inconsciente, § 88.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

"Na assimilação dos conteúdos oníricos, é de extrema importância não ferir e muito menos destruir os valores verdadeiros...
24/06/2025

"Na assimilação dos conteúdos oníricos, é de extrema importância não ferir e muito menos destruir os valores verdadeiros da personalidade consciente, pois, de outra forma, não haveria mais quem pudesse assimilar. O reconhecimento do inconsciente não é como uma experiência bolchevista que vira tudo pelo avesso e, por fim, leva exatamente àquele mesmo estado que pretendia melhorar. É preciso cuidar rigorosamente de conservar os valores da personalidade consciente, pois a compensação pelo inconsciente só é eficaz quando coopera com uma consciência integral. A assimilação nunca é um isto ou aquilo, mas sempre um isto e aquilo.

Como vimos, é indispensável levar em conta a exata situação consciente na interpretação dos sonhos. Da mesma forma, é importante considerar as convicções filosóficas, religiosas e morais conscientes, para trabalhar com a simbologia do sonho. É infinitamente mais aconselhável, na prática, não considerá-la semioticamente, isto é, como sinal ou sintoma de caráter imutável, mas sim como um verdadeiro símbolo, isto é, como expressão de um conteúdo que o consciente ainda não reconheceu e formulou conceitualmente, e também relacioná-la com a respectiva situação consciente".

Jung, Ab-reação, análise de sonhos e transferência, § 338-339.

É interessante observar nessa passagem acima em como devemos tomar cuidado para, consciente ou inconscientemente, não podarmos nossos pacientes, projetando neles valores nossos e atrapalhando o seu desenvolvimento psicológico. A citação acima é um belo exemplo de como o procedimento dialético conduz ao respeito integral pelo paciente, já que qualquer tentativa de destruir os valores do paciente, geralmente por conta do que achamos que seja melhor pra ele, interfere diretamente na compensação pelo inconsciente.

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Anderson Santiago da Silva
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📝 DICA DE LIVRO📚 PROLEGÔMENOS A TODA METAFÍSICA FUTURA QUE POSSA SE APRESENTAR COMO CIÊNCIA 👤 Autor: Immanuel Kant📚 Edit...
11/06/2025

📝 DICA DE LIVRO
📚 PROLEGÔMENOS A TODA METAFÍSICA FUTURA QUE POSSA SE APRESENTAR COMO CIÊNCIA
👤 Autor: Immanuel Kant
📚 Editora

Dois anos após ter publicado A Crítica da Razão Pura, obra que levou dez anos para ser elaborada, Kant resolveu escrever este breve livro no intuito de servir de introdução à sua grande crítica, dada sua extensão e complexidade.

Assim, os Prolegômenos serviriam para prover uma visão sinóptica do que podemos chamar de longo e tortuoso argumento formulado na Crítica, simplificando a exposição.

O outro objetivo de Kant ao elaborar os Prolegômenos, é tentar lidar e corrigir o que avaliou serem graves mal-entendidos sobre os fundamentos da sua investigação, exemplo é a classificação da sua filosofia crítica como "um tipo elevado de idealismo".

A tradução e o estudo introdutório desta edição ficaram a cargo do competente professor Joãosinho Beckenkamp, conhecido por inúmeras obras, entre elas sua Introdução à filosofia crítica de Kant publicada pela .

Esta tradução integra a Coleção Pensamento Humano da , ao lado das demais obras de Kant e de vários outros autores.

Além de ser leitura obrigatória para filósofos e curiosos em geral, é uma das melhores formas de entrar em contato com a complexa e abrangente obra de Immanuel Kant, principalmente para psicólogos e psicoterapeutas junguianos que tencionam aprofundar seus conhecimentos acerca da epistemologia junguiana.

Trecho do prefácio do autor: "Nunca é tarde demais para se tornar racional e sábio; mas sem-pre é mais difícil colocar em movimento a compreensão quando ela chega tarde".

Ótima leitura!
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Anderson Santiago da Silva
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"No fundo, a psicoterapia é uma relação dialética entre o médico e o paciente. É uma discussão entre duas totalidades ps...
04/06/2025

"No fundo, a psicoterapia é uma relação dialética entre o médico e o paciente. É uma discussão entre duas totalidades psíquicas, uma disputa na qual o conhecimento é apenas um utensílio. O objetivo é a transformação,não algo predeterminado, mas uma mudança de caráter indefinível, cujo único critério é o desaparecimento do senso da egoidade. Nenhum esforço da parte do médico é capaz de forçar está experiência. O máximo que pode é aplainar o caminho para ajudar o paciente a conseguir uma atitude que oponha a mínima resistência possível à experiência decisiva".

📚 Jung, Psicologia e Religião Oriental, § 904.

A citação acima é praticamente translúcida para todo aquele que se dedica a estudar e compreender o projeto de psicologia ao qual C. G. Jung dedicou a sua vida.

A ênfase na psicoterapia como um processo dialético já tem quase 100 anos, embora só recentemente uma vertente da psicologia com uma perspectiva excessivamente mitológica do cérebro e que não valorizava aspectos da relação terapêutica, agora tem se dedicado a escrever sobre como se fosse uma grande novidade.

Mas desde cedo aprendemos como Jung, de modo empírico, reconhece o valor inalienável do entro entre duas pessoas numa zona segura como é a relação terapêutica. E ainda maior é a importância que ele dá para que o paciente vivencie um processo de transformação psicológica tudo como indefinível, mas cuja força por ser decisiva para a vida do paciente. E isso vai ser possível quando o terapeuta entende seu papel nesse processo como facilitador das experiências que o paciente poderá ter na psicoterapia.

Inclusive, este é um volume que demanda uma maior atenção da comunidade junguiana por sua riqueza e fecundidade.

O que você pensa disso? Comenta aqui.

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Anderson Santiago da Silva
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"O fato de a metafísica do espírito ter sido suplantada no curso do século XIX por uma metafísica da matéria é, intelect...
21/05/2025

"O fato de a metafísica do espírito ter sido suplantada no curso do século XIX por uma metafísica da matéria é, intelectualmente falando, uma mera prestidigitação, mas, do ponto de vista psicológico, é uma revolução inaudita da visão do mundo. Tudo o que é extramundano se converte em realidades imediatas; o fundamento das coisas, a fixação de qualquer objetivo e mesmo o significado final das coisas não podem ultrapassar as fronteiras empíricas. A impressão que a mente ingênua tem é a de que qualquer interioridade invisível se torna exterioridade visível e de que todo valor se fundamenta exclusivamente sobre a pretensa realidade dos fatos" (§ 651).

Publicado em português pela em uma edição belíssima e com capa dura, esta coletânea de textos do Jung é uma excelente maneira de tomar contato com seus textos. São oito textos versando sobre a problemática filosófica da sua psicologia, uma discussão sobre a importância histórica de figuras como Paracelso e Freud, uma discussão sobre o Ulisses de James Joyce, uma análise sobre Picasso, um excelente texto sobre a formação da personalidade e outro sobre o sempre instigante tema da alma e da morte.

Ler Jung é sempre uma experiência incrível, dado seu cuidado em expressar na escrita as sutilezas e complexidades do fenômeno psicológico aliada à sua erudição impecável.

Aproveita oportunidade e utiliza meu cupom pra adquirir teu exemplar no site da Vozes. O cupom é ANDERSONPROF30.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

Durante o mês de maio até o dia 30 de junhoo, em parceria com a Editora Vozes, estarei oferecendo 30% de desconto em tod...
08/05/2025

Durante o mês de maio até o dia 30 de junhoo, em parceria com a Editora Vozes, estarei oferecendo 30% de desconto em todo o catálogo da editora. Compras acima de R$ 150 tem frete grátis. O desconto é válido em todo o site da Editora até o dia 30 de junho: https://www.livrariavozes.com.br
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O destaque deste mês é o livro "A realidade da alma" de C. G. Jung:

"Esta obra explora temas como a alma e a morte, o desenvolvimento da personalidade e as manifestações da psique através da arte, da literatura e da filosofia. Com sua perspectiva visionária, Jung nos conduz a um entendimento profundo de como a psique influencia todos os âmbitos da vida humana. Com projeto gráfico moderno e capa dura, estas reflexões revelam que, em cada campo de nossa existência, encontramos a expressão da “realidade da alma".

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

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