Anderson Santiago - Psicólogo

Anderson Santiago - Psicólogo "Nada que seja humano é alheio a mim". Terêncio

Somente quem é capaz de olhar para si mesmo de forma crítica e sem ilusões poderá alcançar uma perspectiva verdadeiramen...
17/08/2025

Somente quem é capaz de olhar para si mesmo de forma crítica e sem ilusões poderá alcançar uma perspectiva verdadeiramente objetiva, livre de preconceitos pessoais. Além disso, apenas aquele que experimentou conscientemente a complexidade de sua própria psique estará convencido da realidade do psíquico.

📚 Fundamentos da Psicologia Complexa, págs. 79 e 80.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico, especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica e co-autor de livros sobre psicologia analítica e suicídio

Curso Livre: O suicídio na clínica junguiana 🔔As taxas de suicídio evidenciam um problema de saúde pública que solicita ...
13/08/2025

Curso Livre: O suicídio na clínica junguiana 🔔

As taxas de suicídio evidenciam um problema de saúde pública que solicita ações preventivas necessárias e urgentes. De acordo com a OMS, em 2022 cerca de 720 mil pessoas cometeram suicídio. Atualmente temos cerca de 2.200 casos por dia, sendo em média um suicídio consumado a cada 40 segundos.

A partir desta constatação, o objetivo do curso é refletir sobre como a perspectiva da psicologia junguiana pode auxiliar na compreensão e manejo clínico. Para isso, faremos uma revisão sobre os aspectos sócio-históricos e epidemiológicos a respeito do suicídio e sobre como a Psicologia Complexa de C. G. Jung compreende a psique humana, culminando em como o suicídio pode ser compreendido psicodinamicamente e acolhido no setting terapêutico. 💬🧠

📅 Data: 06, 13, 20, 27/09
⏰ Horário: 09h às 12h
💻 Plataforma: Google Meet
💲 Investimento:
• Público geral: R$250
• Alunos Dédalus: R$200
(Pagamento via Pix)

📚 Coordenação: Anderson Santiago da Silva (CRP 02/18788), especialista em Psicologia Analítica e coautor de obras sobre suicídio e psicologia analítica.

Insrições diretamente com o

"O método analítico em geral, e não só a psicanálise freudiana, consiste precipuamente em numerosas análises de sonhos, ...
09/08/2025

"O método analítico em geral, e não só a psicanálise freudiana, consiste precipuamente em numerosas análises de sonhos, já que são eles que vão trazendo à tona, sucessivamente, os conteúdos do inconsciente no decorrer do tratamento, expondo-os à força purificadora da luz do dia.
Nesse processo também são redescobertos muitos fragmentos valiosos, que se julgava perdidos. Assim sendo, o início do tratamento não pode deixar de ser um suplício para muitas pessoas que têm uma falsa imagem de si mesmas, pois, aplicando o antigo ditado místico “abre mão do que
tens e receberás”, terão que renunciar a quase todas as caras ilusões que têm a seu respeito, para deixar brotar algo muito mais profundo, maior e mais belo dentro de si. Uma sabedoria antiquíssima volta à luz do dia, com o tratamento. Curiosamente, é no auge da nossa cultura atual que esse
tipo de educação da alma se faz necessária. Tal processo educativo é comparável, em mais de um aspecto, à técnica socrática, não obstante serem bem maiores as profundidades atingidas pela análise".

📚 Jung, Psicologia do Inconsciente, § 26.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

📝 DICA DE LIVRO📚 O CALDEIRÃO SAGRADO: psicoterapia como uma prática espiritual 👤 Autor: Lionel Corbett 📚 Editora Lionel ...
04/08/2025

📝 DICA DE LIVRO

📚 O CALDEIRÃO SAGRADO: psicoterapia como uma prática espiritual
👤 Autor: Lionel Corbett
📚 Editora

Lionel Corbett foi um analista junguiano formado pelo Instituto C. G. Jung de Chicago, além de ter sido professor na Pacific Graduate Institute.

Tinha como interesses a função religiosa da psique e, em especial, a maneira como a experiência religiosa é importante para a psicologia individual, além do desenvolvimento da psicoterapia como uma prática espiritual. Outro interesse é o que ele chama de interface entre psicologia analítica e psicanálise contemporânea, infelizmente um mal antigo dos autores anglo-saxões.

O livro em si é muito interessante, justamente por explorar um debate hoje muito relevante sobre como a psicoterapia pode contribuir para o desenvolvimento individual de uma pessoa e, com isso, impactar diretamente suas experiências religiosas.

Ele debate muito às perspectivas de um psicólogo espiritualmente orientado em comparação com um sem vínculo religioso, além de mencionar no prefácio que "este livro se baseia nos escritos de Jung sobre religião", além de que o título de seu livro faz referência ao hexagrama de número 50 do I Ching que Jung menciona no preâmbulo à tradução do I Ching feita pelo Richard Wilhelm, justamente porque "o caldeirão é um recipiente sagrado, que significa uma conexão com a dimensão espiritual e com os nossos ancestrais".

De acordo com o Corbett, "as pessoas precisam se sentir seguras para serem capazes de falar sobre crenças espirituais na terapia, porque essas crenças parecem privadas, e as pessoas têm medo de serem humilhadas por terapeutas céticos. O material espiritual não emergirá se sentirem que os terapeutas não estão abertos ao diálogo".

Este é livro interessante, com insights para a clínica psicológica, embora considere que Jung e os aspectos psicodinâmicos da experiência religiosa poderiam ser melhor aproveitados.

Ótima leitura!

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

Entre os numerosos problemas da psicologia médica há umparticularmente delicado: é o dos sonhos. Seria uma tarefa igualm...
31/07/2025

Entre os numerosos problemas da psicologia médica há um
particularmente delicado: é o dos sonhos. Seria uma tarefa igualmente interessante e difícil examinar os sonhos exclusivamente sob seus aspectos médicos, isto é, em relação com o diagnóstico e o prognóstico de certos estados patológicos. O sonho diz respeito, realmente, tanto à saúde como à doença, e, por isto, dada a sua raiz inconsciente, ele extrai elementos de sua composição também do tesouro das percepções subliminares, podendo nos proporcionar dados úteis ao conhecimento. Eu pude constatar muitas vezes este
valor em casos nos quais o diagnóstico diferencial entre sintomas orgânicos e psicogênicos era difícil. Certos sonhos são também importantes para o prognóstico. Mas neste domínio faltam ainda trabalhos preliminares indispensáveis, tais como compilações acuradas de casos observados, e semelhantes. Caberá aos médicos do futuro com formação psicológica fazer o registro sistemático dos sonhos por eles estudados; assim se teria ocasião de verificar que, em dado material onírico, encontram-se elementos que se referem à eclosão ulterior de uma doença aguda, ou mesmo a um fim fatal, acontecimentos, portanto, que não podiam ser previstos na época do registro. A investigação dos sonhos em geral é, em si, tarefa para uma vida inteira: o seu estudo detalhado exige a colaboração de muitos pesquisadores.

📚 Jung, A natureza da Psique, § 531.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

Cerca de quatro meses antes de morrer, Jung respondeu por carta a um interlocutor que lhe perguntava o que considerava m...
26/07/2025

Cerca de quatro meses antes de morrer, Jung respondeu por carta a um interlocutor que lhe perguntava o que considerava mérito seu na moderna psicologia, ao que respondeu afirmando que "não faz sentido analisar minhas próprias opiniões a este respeito. Tudo está nos meus livros. Se alguém encontrar neles algo de valor, pode formar o seu julgamento".

Essa carta é muito importante não apenas por ter sido uma das suas últimas, mas por nos permitir perceber a consciência que o Jung tinha de sua obra e do modo como alguns (ou muitos) dos seus alunos, especialmente os anglo-saxões, pareciam ter dificuldades em compreendê-la, fato que persiste até hoje.

Retomo estes pontos já abordados em outros posts pela relevância no dia em que celebramos os 148 anos de seu nascimento.

Primeiro, pelo fato de que malgrado a popularidade gozada por Jung atualmente, há uma quantidade assustadora de pessoas que continuam não estudando seriamente suas contribuições à psicologia científica, seja por desinteresse, por falta do adequado estímulo ou por serem motivo de chacota de professores que sem conhecimento da matéria resolvem zombar ou menosprezar o que não conhecem.

Segundo, pela lamentável influência de um contingente de anglo-saxões que continuam sofrendo de uma deficiência percebida com clareza pelo Jung: "entendem mal o ponto de vista empírico por falta das necessárias premissas epistemológicas".

Deficiência essa que os leva sempre a tentarem inovar numa área que nem entenderam os fundamentos, inventando teorias sem base fenomenológica que as sustente, ou caindo na tentação de fazer um recorte mal ajambrado do Jung e chamar de "psicanálise junguiana". Note-se logo de quem é iniciativa?

Desta forma, que possamos refletir nesta data significativa sobre o fato óbvio de que para de fato colaborar com a obra do Jung, precisamos primeiro nos tornar reais especialistas nela. Da mesma forma que para criticar, também é preciso estudá-la, se não quiser ser acusado de má-fé e ignorância.

Obrigado, Jung!

📚 CARTAS III, 17.02.1961

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

📝 DICA DE LIVRO📚 MANDALAS: imagens do inconsciente 👤 Autor: C. G. Jung📚 Editora Publicado recentemente pela Vozes, este ...
23/07/2025

📝 DICA DE LIVRO
📚 MANDALAS: imagens do inconsciente
👤 Autor: C. G. Jung
📚 Editora

Publicado recentemente pela Vozes, este volume reúne três textos constantes do volume 9/1 das obras coligidas.

Textos que são oportunos para ajudar na compreensão e esclarecimento sobre o que Jung realmente disse sobre o assunto, hoje tão explorado e banalizado, especialmente pela ênfase de que o fenômeno necessitaria ser espontâneo. O ponto alto é o capricho da edição com uma belíssima capa dura.

"A palavra sânscrita "mandala" significa "círculo" no sentido habitual da palavra. No âmbito dos costumes religiosos e na psicologia, designa imagens circulares que são desenhadas, pintadas, configuradas plasticamente ou dançadas. Configurações deste tipo são encontradas, por exemplo, no budismo tibetano e, enquanto figuras circulares de dança, ocorrem nos mosteiros dos derviches. Como fenômeno psicológico aparecem ESPONTANEAMENTE em sonhos, em certos estados conflitivos e na esquizofrenia. [...] Na alquimia este motivo se encontra sob a forma da quadratura circuli"

Em vista do fato de que em todos os casos aqui demonstrados há novos fenômenos independentes de qualquer influência, somos obrigados a constatar que, além da consciência, deve existir uma disposição inconsciente universalmente disseminada, uma disposição capaz de
produzir em todos os tempos e lugares os mesmos símbolos, ou pelo menos, muito semelhantes entre si. Uma vez que essa disposição é em geral inconsciente para o indivíduo, eu a designei inconsciente coletivo, postulando como o fundamento dos produtos simbólicos do mesmo a existência de imagens originárias: os arquétipos. Não é necessário acrescentar que a identidade dos conteúdos inconscientes individuais se expressa através dos conteúdos dos paralelos étnicos, não só na configuração imagística, como também no sentido" (grifos nossos, §713).

Ótima leitura!

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

📝 DICA DE LIVRO📚 NOS LUGARES ESCUROS DA SABEDORIA👤 Autor: Peter Kingsley 📚 Editora Lançado recentemente, esta é a primei...
17/07/2025

📝 DICA DE LIVRO
📚 NOS LUGARES ESCUROS DA SABEDORIA
👤 Autor: Peter Kingsley
📚 Editora

Lançado recentemente, esta é a primeira obra do Kingsley vertida para o português e que o apresenta como filósofo e especialista em filosofia antiga.

Neste livro, ele vai explorar o poema de Parmênides, cujo valor para a cultura ocidental é enorme e desafia intérpretes a mais de dois milênios.

Ele nos conduz por uma fascinante viagem filosófica no intuito de nos apresentar uma perspectiva onde o culto a Apolo e a atuação de seus sacerdotes e Iatromantes se revelam como um dado fundamental para compreender não só o poema, mas o surgimento mesmo da filosofia.

Kingsley se esforça para "desvendar a mensagem metafísica do poema de Parmênides, ocultada desde Platão e nos transporta aos lugares sombrios onde ritos de incubação e quietismo deram origem à sabedoria ocidental".

Um livro que me remeteu ao já clássico e esgotado livro do C. A. Meier intitulado Sonho e ritual de cura - incubação antiga e psicoterapia moderna.

Confesso que a leitura dele foi uma excelente surpresa e recomendo a leitura a todo aquele que se interessar por Filosofia Antiga ou Psicologia Complexa.

"Gostamos de acreditar que podemos entrar no futuro deixando o passado para trás, mas isso é impossível. Só poderemos avançar para o futuro se nós voltarmos para o nosso passado e nos tornarmos o que somos" (p. 12).

Ótima leitura!

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

Ainda me pego refletindo sobre o quanto o Shamdasani foi certeiro ao comentar sobre os prejuízos advindos da publicação ...
15/07/2025

Ainda me pego refletindo sobre o quanto o Shamdasani foi certeiro ao comentar sobre os prejuízos advindos da publicação da primeira biografia escrita pela Jaffé como uma autobiografia, justamente por prejudicar o interesse em elaborar e publicar estudos eruditos sobre a obra do Jung.

Não só, mas principalmente sobre as relações entre ele e a filosofia.

Não é surpresa pra ninguém que realmente estude a obra do Jung com atenção (sem o canto da sereia de muitos comentadores, em geral pós-junguianos), o quanto o estudo da filosofia é importante para compreender em profundidade seu opus e os interlocutores com quem dialogava. Ele inclusive a colocou como requisito imprescindível para a formação do futuro analista.

Um primeiro equívoco que se evitaria seria o de afirmar que Jung é platônico. Afirmação vazia e carente de fundamento bibliográfico pelo fato de Jung afirmar que "Kant é o meu filósofo", conforme consta no livro Jung: uma biografia em livros escrito pelo Shamdasani.

Ou quando ele credita a elaboração do seu conceito de inconsciente às influências de Kant, Schopenhauer, Carus e Hartmann, por exemplo.

Sobre este último o Jung ainda afirmaria que sua noção do inconsciente só "ficou esclarecida pela primeira vez através de Schopenhauer e Hartmann" (Seminário 1925).

Ou quando ele afirma que foi William James que lhe "descerrou até o incomensurável os horizontes da psicologia humana" (vol 8/2, parágrafo 262).

Pelo que se pode observar, há ainda tanto por fazer e uma lacuna tão grande de estudos eruditos a cobrir para que se possa entender o opus junguiano em profundidade, que na minha opinião não dá pra levar a sério a conversa sobre ir "além do Jung". A Barbara Hannah foi a primeira a levantar essa questão e recomendo a biografia escrita por ela para entender melhor.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

📝 DICA DE LIVRO📚 RFLEXOS DA ALMA: projeção e recolhimento interior na Psicologia de C. G. Jung👤 Autor: Marie-Louise von ...
12/07/2025

📝 DICA DE LIVRO
📚 RFLEXOS DA ALMA: projeção e recolhimento interior na Psicologia de C. G. Jung
👤 Autor: Marie-Louise von Franz
📚 Editora

Este livro, escrito pela renomada analista junguiana Marie-Louise von Franz, tem por objetivo analisar da maneira mais ampla possível todos os aspectos da projeção. O que ela consegue fazer graças ao uso do rico material disponível, apresentado de forma instigante, em suas relações com a psicologia, filosofia, religião e espiritualidade, seja no cotidiano ou até na produção de conhecimentos científicos.

Como ela afirma no prefácio, "no que se refere ao lado teórico da projeção, ela toca questões filosóficas bastante profundas, como por exemplo, a controvérsia secular entre as orientações de pensamento do nominalismo e do realismo. Enfim, trata-se aqui da questão: o que é realidade? - com a qual abordamos também todo o questionamento existencialista. Destes aspectos teóricos da projeção aproveitei somente aqueles que me pareceram mais importantes, sobretudo a história da formação de hipóteses científicas na Física e na ciência em geral" (p. 8).

Este é simplesmente um livro fantástico que lamentavelmente não foi reeditado até hoje. Mas que sempre indicarei como leitura obrigatória para quem deseja mergulhar nas complexidades do conceito de projeção na psicologia complexa.

Ótima leitura!

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

SOBRE A PRIVATIO BONI E A REALIDADE PSICOLÓGICA DO MALHoje, como em todas as épocas, é necessário que o homem não feche ...
08/07/2025

SOBRE A PRIVATIO BONI E A REALIDADE PSICOLÓGICA DO MAL

Hoje, como em todas as épocas, é necessário que o homem não feche os olhos para o perigo do mal que está à espreita dentro dele mesmo. Infelizmente este perigo é demasiado real, e por isto a psicologia deve insistir na realidade do mal e refutar qualquer definição que deseje conceber o mal como algo sem importância ou mesmo como não existente. A psicologia é uma ciência experimental que lida com coisas reais. Por isso, como psicólogo que sou, não tenho a intenção, nem tampouco a qualificação para me imiscuir no
terreno da metafísica. Só me torno polêmico quando a metafísica se intromete no campo da experiência e lhe dá uma interpretação que não se justifica absolutamente por via empírica. A crítica que faço contra a doutrina da privatio boni só é válida até onde a experiência alcança. Do ponto de vista científico, a argumentação usada é, como todos poderão ver, uma petitio principii da qual, como é sabido, sempre se extrai aquilo que nela se colocou. Tais argumentos carecem de força de persuasão, mas a circunstância de que não somente se usam semelhantes argumentos, mas de que neles se acredita sem sombra de dúvida, constitui para mim um aspecto sobre
o qual não posso simplesmente fechar os olhos. Ele é indício de que existe uma tendência a priori no sentido de dar preferência ao “bem”, e isto através de todos os meios próprios e impróprios de que se dispõe. Por isso, aferrando-se à doutrina da privatio boni, a metafísica cristã expressa a tendência de aumentar cada vez mais o bem e de diminuir o mal. A privatio boni pode ser, portanto, metafisicamente verdadeira. Mas, de minha parte, não ouso formular nenhum juízo a este respeito. Devo apenas insistir que, no campo de nossas experiências, o branco e o preto, a luz e as trevas, o bem e o mal são pares de contrários, sendo que um sempre pressupõe o outro.

Jung, Aion, § 98.
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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

No fundo, a terapia só começa realmente quando o paciente vê que quem lhe barra o caminho não é mais pai e mãe, mas sim ...
26/06/2025

No fundo, a terapia só começa realmente quando o paciente vê que quem lhe barra o caminho não é mais pai e mãe, mas sim ele próprio, isto é, uma parte inconsciente de sua personalidade que continua desempenhando o papel de pai e mãe. Por maior que seja a utilidade deste conhecimento, ele ainda é negativo, pois diz apenas: "Reconheço que não são meus pais que estão contra mim, mas eu mesmo". Mas quem é que se opõe nele? Que parte misteriosa de sua personalidade é essa que se escondeu por detrás das imagens de pai e mãe e que por tanto tempo o fez acreditar que a origem do seu mal o atacou de fora? Esta parte é o oposto da sua atitude consciente, não lhe dará sossego e o perturbará até que seja aceita. Não há dúvida de que nos jovens libertar-se do passado já é suficiente; porque ainda têm um futuro promissor e cheio de possibilidades pela frente. Basta soltar umas amarras; o ímpeto da vida fará o resto. Mas o problema é diferente para as pessoas que já deixaram boa parte da vida para trás, a quem o futuro não acena mais com fabulosas promessas, que nada mais esperam da vida senão os velhos e habituais deveres e os prazeres duvidosos da velhice.

📚 Jung, Psicologia do Inconsciente, § 88.

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Anderson Santiago da Silva
Psicólogo (CRP 02/181788), professor universitário, supervisor clínico e especialista em Psicologia junguiana com enfoque na clínica

Endereço

Rua Do Giriquiti, 140, Sala 301, Empresarial Giriquiti, Boa Vista
Recife, PE
50070010

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