20/11/2025
Diário de uma Educadora Social 📚
Hoje é Dia de Zumbi e da Consciência Negra, mas o que danado isso significa mesmo? É inegável a importância desta data para celebrar a riqueza de nossa cultura e a história de nossa luta. O fato é que não podemos conscientizar ninguém de nada, pois isso não deixa de ser mais uma forma de imposição e, portanto, de colonização intelectual. Todavia, podemos construir um ambiente frutífero para convidar o outro ao exercício de refletir e perceber a sua própria realidade nas teias sociais de poder.
Não é novidade que o impacto psicológico do colonialismo instaura sequelas que assaltam nossas possibilidades de ser e de nos movimentarmos no mundo. Um simples exemplo disso é o racismo que continuadamente sofremos com nossos cabelos cacheados e crespos. Tudo aquilo que foge do típico “cabelo de Barbie” não serve, não é desejável. Então, aprendemos a raspar, alisar, prender e domesticar.
Diariamente escutamos nossas crianças dizendo: “meu cabelo é ruim, tia”, “os meninos nunca me escolhem”, “meu cabelo é feio”. E toda vez dói como se fosse a primeira, pois é uma ferida coletiva que não cessa em sangrar. Por isso, continuadamente nos lembramos que a nossa missão no Centro Cultural Paulo Queiroz é construir um ambiente fértil para que nossas crianças possam ser e sonhar. A nossa principal ferramenta, como nos ensina Bell Hooks, é nossa responsabilidade de dar amor reconhecendo que nossas crianças não são nossa propriedade e que elas possuem Direitos Humanos que precisamos garantir.
Hoje, celebramos junto com Rute a sua transição capilar após 9 meses de uma saga de muitas dificuldades. Cada vez que uma máscara branca cai, um rosto negro nasce e floresce. Isso nos fortalece para continuarmos cultivando nosso jardim. Estamos todos orgulhosos de você Rute e estaremos aqui para que conquiste tudo aquilo que desejares nesse mundo.
Autora ✍🏾: Rebeka Gomes
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