02/11/2025
Entre a saudade e o céu
Hoje, olho para estas fotos e vejo os rostos dos meus mortos. Mas é curioso: quanto mais o tempo passa, menos eles me parecem mortos. Na verdade eles são aqueles que deixaram saudade. E é uma saudade tão grande que chegar a ser uma presença.
O amor que deixaram continua vivo, às vezes no jeito como falo, às vezes na risada que herdei, às vezes no silêncio que me ensina a ouvir.
A saudade é a linguagem do céu. É Deus nos lembrando que o amor é eterno, mesmo quando a presença física não é.
Hoje também é Dia de Todos os Santos.
Os santos são os que chegaram. Os nossos mortos, os que ainda estão a caminho. E nós, os que oram, os que esperam, os que acreditam que o purgatório não é castigo, é passagem.
Há um tempo para sofrer, e há um tempo para entender que ninguém parte de verdade. Eles apenas atravessam o invisível, encontram-se com Deus e, na misericórdia d’Ele, se tornam luz.
Por isso, nesta foto, não vejo despedidas.
Vejo promessas.
De que um dia, sem relógio e sem dor, a saudade vai acabar.
E vai começar o reencontro.