03/04/2025
O tempo tem suas manhas. Ansiei que ele fosse linear, previsível, andasse devagar. Mas o tempo caminha descalço, em silêncio, sem rastros. Passamos a vida correndo atrás dele, tentando agarrá-lo, implorando pra que ele espere mais um pouco.
Um ano se passou desde o dia que você chegou depressa, fazendo seus pais saírem correndo de casa, pedindo por tudo pra que você esperasse, pelo menos, que a gente chegasse ao hospital.
Naquele dia eu queria mais tempo. Tempo pra entender o porquê dessa chegada tão de repente. Tempo pra me despedir do seu irmão com calma quando saí de casa. Tempo pra te receber tranquila, em paz.
Mas você chegou no seu tempo, apressado, faminto, com muita vontade de viver. E desde que meus olhos cansados encontraram os seus, me senti a mulher mais abençoada do mundo. Seu olhar era expressivo desde os primeiros instantes de vida e lembro bem como foi sentir teu corpo quentinho e tua calma de perto. Você já chegou me ensinando o valor inestimável de desacelerar.
Filho, hoje você completa um ano de vida e mamãe completa um ano de uma vida completa. Você é tão lindo e esperto, seu jeitinho arrebata qualquer um. Sinto muito orgulho de ser a sua mãe e de poder vivenciar suas pequenas conquistas diárias, sua gargalhada gostosa, os balbucios que enchem a casa como poesia desordenada.
Eu amo teu olhar enquanto você mama, tua respiração tranquila enquanto você dorme e teu gritinho de alegria quando chego em casa. Amo tua satisfação de provar novos sabores e de conhecer novos ares. Amo tua curiosidade, teu cheirinho tão característico e teu gingado travesso quando alguma música toca.
A felicidade, descobri, não é um lugar aonde se chega. É colo quente, abraço apertado, amor que explode no peito. É aconchego, dia a dia, doação.
Neste último ano, tentei viver todos os detalhes, mesmo que isso exigisse de alguma forma que eu me dobrasse e desdobrasse, com o corpo pesado, mas o coração transbordando de amor, cambaleando entre a fragilidade e a força, o exaustivo e o eterno.
Hoje, meu filho, quando te embalo nos braços, percebo o tempo parar, celebrando a dádiva que é poder ser a sua mãe.
(continua nos comentários)