10/08/2025
Em 2019, meu pai fez contagem regressiva com os funcionários do banco e deu cambalhotas depois de pagar o último boleto da faculdade da minha irmã.
Alegria simples, genuína e inteira — como quem sabe o valor de cada conquista.
Ele demonstra afeto do jeito que aprendeu: na fartura do que vem da fazenda — porta-malas cheio de laranjas, carne fresca, peixes recém-pescados, hortaliças colhidas na hora. Como se amor fosse oferecer mais do que a gente consegue levar.
Cresceu na roça, em uma casa cheia de irmãos, onde havia pouco espaço e muito trabalho. Talvez por isso o cuidado, para ele, sempre tenha sido mais ação que palavra. E eu escolho honrar isso — porque entendo que afeto também se constrói no silêncio e nas entregas.
Curiosamente, essa abundância sempre caminhou junto de uma crença na escassez: viver com menos, guardar para tempos difíceis. E foi assim que crescemos — entre a fartura e a contenção, aprendendo que o valor das coisas vai muito além do preço.
Cresci com uma criação rígida, mas firme. Entre afinidades e diferenças, seguimos nos encontrando no que temos de mais parecido: coragem, franqueza e uma disposição teimosa para o trabalho.
No fim, percebo que a simplicidade é o que ele tem de mais sofisticado.
Feliz Dia dos Pais.