04/11/2025
Dois dias se passaram, e o Dia de Finados ainda ressoa dentro de nós. Porque o luto raramente chega pontual: ele se insinua nos intervalos da vida. Ele aparece quando um perfume traz de volta um rosto, quando o silêncio toma o lugar onde antes morava o riso, quando, sem pensar, a mão busca por alguém que já não está.
E então, o amor se reinventa. Vira cheiro, luz na lembrança, marca discreta e eterna no que nos tornamos. Vira essa saudade que não pede licença, e que, de vez em quando, até conforta, por lembrar o quanto foi real. E tudo bem. Nem toda ausência precisa ser cheia de dor constante. Ela pode ser também presença suave, pousada no coração.
Talvez, hoje, o que a gente mais precise seja de ternura. De um olhar que entende, mesmo sem palavras. De um abraço demorado para os dias que pesam. De um lugar — ainda que só por dentro — onde a saudade possa sentar, respirar, existir… sem ser apressada, sem ser medida.
Porque dentro de nós há espaços que nenhum tempo preenche. Mas é nesse mesmo vazio que brilha a beleza do que foi encontro, do que foi cuidado, do que segue sendo amor — mesmo atravessado pela ausência.
Que os próximos dias cheguem leves. Que a memória nos embale como casa. Que o afeto, apesar das feridas, continue ensinando a caminhar com doçura. Com coragem. Com a certeza de que amar valeu, e ainda vale ❤️🩹🫂