Libna Pires

23/08/2024

16/07/2024

🌬️ A mãe,
Ah, mãe
A filha da mãe
Ah, filha da mãe

Cadê o pai?
Quem é o pai?
Onde está a pergunta:
Cadê o pai dessa criança?
Onde está todo o resto?


E a infância?
Para quem f**a a brincadeira?
Quais são as regras quando muita coisa parece besteira?

30/04/2024

🌬️ Amanhã e noite coexistem, sempre lá.

Você já chorou de tanto rir, já riu de tanto chorar?

Coexistência, permanência na incongruência, nas diferenças, quando possível, quando acontece, revela a beleza inenarrável do contraste. Estar, acompanhar e sustentar esse processo, apesar dos desafios mostra o quanto a vida é vida, ciclos, do sol nascer ao anoitecer, do dia cinza a noite fria, do sol que racha a terra, da noite fresca ou chuvosa, do céu azul claro ao escuro.

Nossas sobras e potências coexistem, insistem e podem ser experimentadas de diversas formas possíveis. É possível sim, chorar e rir, rir de tanto chorar, sentir, viver.

17/03/2024

🌬️ Um bebê depara-se com seu próprio reflexo no espelho. Um novo ser no mundo ainda não sabe o que é aquilo.

🪞Quando a imagem não é mais indiferente, o primeiro momento diz de um estranhamento, "quem é esse outro" ? O segundo diz de uma desconfiança/ confusão, "esse outro está aqui ou lá, sou eu ou outra pessoa" ? O terceiro momento diz de uma capacidade simbólica, "aquele que está ali não é exatamente eu, mas uma representação de mim mesmo".

Então, um outro valida, "aquele é você".

Imaginário.

🚹Essa unidade aparentemente coesa, inteiriça, seu corpo, a forma, o jeito, o modo ganha signif**ados e signif**antes.

Mas o Real aparece.

🧩🧩🧩A paixão, o término de um relacionamento, a menopausa, um novo emprego, uma doença, um filho, a andropausa, uma mudança, uma perda...
O início ou o fim de um novo ciclo afirmam ou desmancham imaginários, algo descola, transforma a imagem.

Mais uma vez tentamos organizar tudo simbolicamente. Fala, fala, fala, conta, conta, reconta, chora, ri gargalha, chora.

🗣️Explicar nossa perspectiva não é fácil. De onde vemos? Com quem vemos? O que ele vê, sou eu?

Diante da experiência de estar vivo, elaborar novas narrativas para explicar o que se vê é a grande potência humana, capaz de mudar outras perspectivas, uma a tarefa complexa mas possível, assim como é possível você virar o celular e perceber a foto de cabeça para baixo, como a vida, uma pegadinha, perfeitamente equivocada, nem sempre fazendo todos rirem mas com chances de ser compartilhada.

Referência de leitura para interessados
👉🏽 O estádio do espelho como formador da função do eu. Jacques Lacan (1936).

29/01/2024

"Portaria do Ministério da Saúde publicada na edição do Diário Oficial da União desta quarta-feira (24) cria, no âmbito da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), um grupo encarregado de elaborar proposta para o eventual estabelecimento de um programa nacional de emprego da medicina indígena no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Sasi-SUS)."

Informação retirada do site oficial de notícias do Governador Federal.

Em 2019 conheci a medicina indígena, em 2023 comecei oficialmente minha pesquisa no laboratório de Etnopsicologia da USP-RP coordenado pelo Prof. Dr. Francisco Miguel H. Bairrão.

Com instrumentos teóricos deste laboratório, conjugando antropologia e psicanálise, a partir da perspectiva etnopsicanalitica iniciei um trabalho que pela força colonial foi sustentado a duras p***s. Ultrapassamos o estigma e estereótipos alimentados pela colonialidade enraizada no saber científico ocidental, seguimos, mas hoje é possível vê sinais de uma outra possibilidade de conversa e troca entre saberes. Dentro de alguns anos, quem sabe a psicologia/psicólogos/psicanalistas possam ser mais capazes de horizontalizar os ouvidos diante de outros saberes, tornando possível uma conversa, a fim de expandirmos o conhecimento sobre alma, psique e sofrimento humano.

27/07/2023

🌬️ Ali tem luz, o sol, mas também escuridão,

pedras no chão.

Onde?

Aí!!! Acabei de pisar em uma.

Cuidado! Essa planta tem espinho.
Cuidado! Aí não é caminho.

Qual o caminho?

Por por aqui.

E aquele ali?

Não vejo.

Será que alguém já passou por ali, vejo pegadas no chão.

Não sei, se passou talvez faça muito tempo pois não vejo caminho.

Então caminha comigo, eu te mostro.

Não quero, parece perigoso, tenho medo de me perder.

Sem problemas, vá no seu caminho, só não posso deixar se seguir o que consigo ver.

Veja! Seu caminho... Cuidado! Também tem luz e escuridão,
pedras e espinho.

05/06/2023

🌬️Há quase 2 anos ingressei em uma incursão teórica e prática na etnopsicologia. Um nome complexo para dizer de uma perspectiva que se propõe a pensar a psicologia em horizontalidade com outros saberes, inclusive saberes ancestrais capazes de pensar sobre cura, tratamento, de ter uma visão sobre alma e psique diferente da ciência ocidental urbana.

🎓Isso não quer dizer, excluir ou diminuir a importância da psicologia e das teorias psicológicas, mas signif**a garantir um esforço contínuo de lida diálogica com outros saberes.

O Cocar indígena na foto traz a palavra "Terreiro Yawarani", nome de um pajé do povo Yawanawá falecido em 2018 com seus 106 anos de idade. Ele viveu o período da exploração da borracha no Acre sobrevivendo a todo tipo de força colonial enquanto transmitia seu saber.

https://yam.com.vc/sabedoria/791033/yawa-salve-ao-paje-povos-indigenas

02/06/2023

🌬️ Relutei por alguns anos até aceitar que iria usar o Instagram/Facebook como ferramenta de comunicação de partilha de um trabalho. Desatenta ao que o visual, a imagem estática, uma captura de instante no tempo poderia dizer em um aplicativo onde a base da comunicação é nessa esfera comportando uma face adoecedora, aos poucos fui entendendo de que forma isso poderia ser subvertido. Pois apesar de as vezes também deslizar sendo consumida por produções bem distantes do real, algumas foram capazes de me tirar daqui e de me fazer pensar, chorar, refletir, me cuidar, desligar o celular, meditar, respirar... Aqui abraçamos esse desafio.

Dividindo meu olhar esse perfil em metamorfose hoje traz essa encruzilhada, de caminhos, fios e emaranhados incapazes de tirar a beleza desse céu em uma esquina comum da periferia. Mas, e por aí, o que há fora dessa tela?
Para quem está no Rio, você já viu a lua hoje?

20/05/2023

🤯 "Você é LOUCA!"

Provavelmente uma mãe já escutou essa frase.

🤷🏻‍♀️ Mas o que é a loucura se não uma perspectiva não percebida como real aos olhos dos outros!?

Loucas, enlouquecidas muitas mães se veem no encontro com o real da maternidade sem palavras para dar conta de dizer sobre esse amor, esse processo interno e externo invisível, impalpável capaz de reconfigurar as relações, de afastá-las do cinema, de mudar seus corpos, de afastá-las do trabalho, dos ambientes públicos não adaptados, dos afazeres que também compõe sua identidade.

🤱🏽 O trabalho de uma aldeia inteira f**a para uma mulher na sociedade ocidental urbana, e independente de classe ou cor, independente de acontecer o citado acima em maior ou menor grau, com maiories ou menores privilégios e vantagens sociais, em alguma medida essa mulher sente seu dever sendo cobrado até quando está de folga.

Da violência obstétrica, a violências cotidianas, enquanto caminha a mãe tenta segurar firme na mão do seu filho e quando solta permanece lá de alguma maneira.

🙈🙊🙉
Loucura doentia, talvez seja nossa incapacidade de perceber o que essas mulheres gritam em hospitais, em movimentos sociais, nas redes, no silêncio das valas depois de um ab**to mal sucedido, ou na boca de um cachorro enquanto o goleiro volta para o trabalho...

🗣️ Mas na polifonia de gritos e gestos não compreendidos a resistência contínua, desde quando não se tinha direito a f**ar com o filho depois da separação, desde antes do voto algo resiste até que decidam enlouquer para escutar, assim como Freud fez, sair da zona de conforto para perceber o não natural para ninguém.

Graças às falas das mulheres nasceu a psicanálise, e graças a elas também nascem todos os dias esperança em forma de gente .