04/02/2025
A atenção é uma função psicológica que deve ser desenvolvida no decorrer dos processos educativos existentes na infância até a vida adulta. Seu desenvolvimento depende dos mediadores culturais oferecidos à criança. A atenção voluntária não pode ser reduzida às bases biológicas de uma pessoa carrega, pois não será desenvolvida naturalmente se somente "esperarmos" a criança atingir determinado nível de atenção.
Os adultos mediadores desempenham um papel ativo para que a atenção seja desenvolvida. Não apenas a atenção, mas todas as funções que compõem o sistema psíquico e que não podem ser isoladas, como a percepção, memória, pensamento, imaginação, entre outras.
A lógica biologizante leva as pessoas, ao se depararem com a falta de atenção, buscarem em si mesmas o que há de errado, sem questionar o que, eu seu contexto, pode ter produzido uma determinada forma de atenção. O trabalho alienado não é questionado. A educação sucateada pelas políticas neoliberais não é questionada. O professor sobrecarregado não é questionado. A falta de sentido nas atividades não é questionada.
Ao deslocar fenômenos sociais e culturais para o campo médico e biológico, somente culpabilizamos uma pessoa e a rotulamos. O rótulo de um diagnóstico mal fundamentado pode destinar uma pessoa a não acreditar em seu próprio desenvolvimento, em suas potencialidades e capacidades, afetando toda a sua vida.
Questionar como as relações sociais produzem nossas funções psicológicas e nossa subjetividade é uma forma para encontrar novos sentidos, novos motivos e caminhos indiretos para nos desenvolver como um todo - inclusive nossa atenção que não existe fora de nós.
Gabriela Pinto Braga
CRP 06/172219
MEIRA, M.E.M.. Para uma crítica da medicalização na educação. Revista Semestral da ABRAPEE, SP, vol.16, no. 1, Jan-Jun 2012: 135-142.