13/06/2024
Você considera que tenhas traumas?
Trauma é uma experiência (ou uma série de experiências similares) que ultrapassa a capacidade de processamento da pessoa.
Para facilitar sua compreensão:
Vamos supor que você tenha um computador que possui 8 gigabytes de memória RAM e resolva instalar nele um jogo que precisa de 16 gigas para rodar bem.
O que acontecerá nesse caso?
Provavelmente você não conseguirá jogar o game. Ele demorará muito para iniciar, ficará travando ou, talvez, sequer abra.
O trauma é justamente isso: uma experiência muito pesada que o seu aparelho psíquico não dá conta de "rodar" e, por essa razão, trava.
Ora, quanto mais jovens nós somos, menor a nossa capacidade de processamento das experiências vividas.
Essa é a primeira razão pela qual somos tão vulneráveis a passarmos por traumas na infância.
Situações que seriam vividas com muita tranquilidade por um adulto podem ser excessivamente aflitivas para uma criança.
Pense, por exemplo, na experiência de assistir a um conflito agressivo entre duas pessoas que você ama muito.
Como adulto, é provável que você consiga processar essa experiência com muita tranquilidade, até com bom humor.
Agora imagine o pavor que uma criança pode experimentar ao ver seus pais, as duas pessoas que mais ama na vida, gritando um com outro violentamente.
Algumas crianças podem não dar conta de "digerir" essa situação. Ela pode ser pesada demais para seu frágil e precário aparelho psíquico.
Além disso — e aqui entra a segunda razão pela qual os traumas são tão frequentes na infância — a criança é muito dependente; ela praticamente não tem autonomia.
Por conta disso, não pode recorrer à fuga como estratégia de enfrentamento diante de uma situação estressante.
Se o seu namorado se mostra agressivo e desrespeitoso, você, como adulta, pode simplesmente terminar com o cara e nunca mais vê-lo.
Mas o que pode fazer uma criança que convive com uma mãe agressiva e violenta?
Nada. Ela é obrigada a ficar ali, sendo alvo dos ataques maternos, pois depende da genitora para sobreviver.
Baixa capacidade de processamento e dependência: essas são as duas razões pelas quais tantos de nós carregamos traumas de infância.