
12/05/2025
Estratégia de bloqueios da PM reduz roubos de carga na Maré, e plano pode ser expandido
A Polícia Militar vem instalando blocos de concreto, chamados de Jersey, em acessos ao Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, para dificultar a entrada de carretas roubadas no conjunto de favelas. Depois da primeira experiência, em setembro do ano passado, o número foi ampliado no último mês de março: atualmente, 12 dos 22 caminhos para o interior do conjunto de favelas contam com essas “barricadas” oficiais. E de acordo com dados do 22º BPM (Maré), desde a colocação dos blocos mais recentes, em março, nenhum caminhão roubado foi levado para dentro das comunidades da região. Agora, a corporação estuda a ampliação da estratégia para outras áreas do Rio ainda este ano.
A iniciativa do 22º BPM (Maré), que conseguiu reduzir a zero os roubos de carga na região do Complexo da Maré, está servindo de modelo para o comando da corporação adotar estratégias semelhantes em outras áreas da Região Metropolitana, com o mesmo objetivo — observa o coronel Marcelo de Menezes Nogueira, secretário de Polícia Militar.
A ocupação da região, no entanto, continua como um desafio para a corporação. Como O EXTRA mostrou ontem, a implantação do Complexo de Operações Especiais da PM nas proximidades do Parque União — uma das comunidades da Maré —, prometida há 15 anos, não decolou. Para um terreno comprado por R$ 32 milhões, o projeto previa inicialmente a transferência dos batalhões do Comando de Operações Especiais (COE), que reúne unidades de elite da Polícia Militar. O vácuo deixado pelo estado acabou favorecendo facções criminosas e ladrões de carros e de cargas.
Já os próximos locais ou os batalhões que receberão Jerseys — chamados assim em referência ao estado americano de Nova Jersey, onde os primeiros blocos do tipo foram usados, nos anos 1950 — ainda não estão definidos, mas já se sabe quais critérios serão levados em conta para a adoção da estratégia. O cenário precisa ser parecido com o da Maré: localização que favoreça os criminosos a levarem cargas roubadas para a área conflagrada; e alto índice de produtos de roubo entrando na comunidade com veículos de grande porte.
De acordo com a PM, a adesão aos blocos de concreto surgiu como uma medida emergencial num contexto de roubos seguidos. O tenente-coronel Marcelo Corbage, comandante do 22º BPM (Maré), lembra de um caso em que a carga foi interceptada pelos bandidos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e deslocada até a Maré.
Além de roubarem a carga, eles (criminosos) entravam nesses locais em alta velocidade. É difícil manobrar uma carreta. Eles entravam de uma forma muito veloz, colocando a vida de pessoas, moradores e policiais, em risco — observa o comandante.
Áreas do CV e do TCP
Apesar das críticas de moradores e ONGs, os primeiros Jerseys foram instalados na Nova Holanda, dominada pelo Comando Vermelho. Em seguida, áreas da Vila do João e da Vila dos Pinheiros, estas ocupadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP), receberam os obstáculos. Cercado pelas três principais vias expressas do Rio — as linhas Amarela e Vermelha e a Avenida Brasil —, o complexo é formado por 15 comunidades, dominadas pelas duas facções.