
14/08/2025
Ainda hoje, quando falamos em Psicologia antirracista, decolonial e interseccional, há quem reduza essa pauta a uma “ideologia”.
Mas a pergunta que não se cala é:
Ideológica pra quem?
A chamada neutralidade nunca foi sinônimo de justiça.
Ela foi, e ainda é, o espelho de uma estrutura que legitima privilégios para uns e silencia a realidade de muitos.Um exemplo forte está no reconhecimento recente da própria Associação Americana de Psicologia (APA).
No artigo “Desmantelando o racismo no campo da Psicologia e além: Introdução à edição especial” (p. 478), a APA declarou:
“A Associação Americana de Psicologia falhou em seu papel de liderança da disciplina da Psicologia, foi cúmplice na contribuição para desigualdades sistêmicas e prejudicou muitas pessoas por meio do racismo, da discriminação racial e da difamação de pessoas de cor, falhando assim em sua missão de beneficiar a sociedade e melhorar vidas.
A APA lamenta profundamente, assume a responsabilidade e assume as ações e omissões da própria APA, da disciplina da Psicologia e de psicólogos individuais que se destacaram como líderes da organização e da área.”
Se até uma das maiores instituições do mundo entra em contato com sua responsabilidade histórica, por que ainda tratamos a Psicologia decolonial como “estranheza”?
Uma Psicologia que não reconhece as múltiplas opressões e suas interseccionalidades: por raça, gênero, classe, sexualidade, deficiência, neurodivergência ou território, contribui para o adoecimento psíquico e para a manutenção de silêncios históricos.
Decolonizar é uma prática.
É fazer da Psicologia um espaço de cuidado e pertencimento para quem foi desumanizado, invisibilizado ou violentado em seu direito de existir.
Salve este post para refletir depois.
Me conta nos comentários: o que a Psicologia decolonial representa para você?