
25/09/2025
Ser mãe tem sido meu maior desafio na vida.
Logo eu, que sempre fui rápida, prática e produtiva demais, me deparei com uma angústia no peito quando percebi que não adiantava ser tudo isso.
Quando minha filha nasceu, algo em mim renasceu junto. O tempo.
O tempo para olhar no olho.
O tempo para processar o que estava acontecendo.
O tempo para ficar no ócio. E desse ócio desvendar o mistério.
O mistério do encontro.
Mas afinal, o que é o encontro?
É estar junto?
Pode ser, mas não só.
Acredito que o verdadeiro encontro pressupõe o desconhecido.
É saber lidar com o não entendimento do outro.
Conseguir manejar o que escapa de sentido.
E elaborar o luto de que não, não somos suficientes.
Mas e a expectativa?
O que ganhamos com tamanha dedicação, abdicação, amor, paciência e força?
Deveriamos ganhar algo?
Por que fazemos isso tudo então?
Por que tamanha doação?
Mas se é uma doação, não deveríamos esperar tanto em troca, não?
Lá vem, mais um trabalho. Aceitar que não temos controle sobre o destino desse encontro.
Pode ser que tenhamos sentimento de gratidão.
Mas também pode acontecer de precisarmos lidar com o amargor do não reconhecimento.
Mas então, qual o sentido de tudo isso?
O sentido eu não sei.
Mas sei que, me posicionar no mundo de outra forma, tem sido uma experiência excepcional.