15/04/2025
Quem sou eu (além do crachá)?
Minha caminhada na psicologia infantil começou com uma certeza: eu queria entender as infâncias por dentro. Queria ouvir o que as crianças não conseguiam dizer com palavras, entender os silêncios, as birras, os brilhos nos olhos e os pedidos por ajuda escondidos em gestos miúdos.
No começo, achava que a psicologia infantil era feita só de desenhos, brinquedos e escuta sensível. Mas a vida — e a prática — me mostraram que também é feita de perguntas sem respostas imediatas, de famílias exaustas, de diagnósticos que chegam tarde, e de crianças que desafiam tudo o que os livros ensinam.
Foi no meio disso tudo que o autismo entrou na minha vida — primeiro como um desafio, depois como uma paixão, e hoje como propósito. Cada criança atípica que conheci me ensinou a ser uma psicóloga mais flexível, mais paciente e infinitamente mais humana.
Me especializei em autismo não apenas por amor à área, mas porque entendi que essas crianças precisam de profissionais que enxerguem além do comportamento — que vejam a pessoa por trás do diagnóstico.
Hoje, atuo com escuta, acolhimento e ferramentas reais para ajudar famílias e crianças a construírem uma trajetória possível, respeitosa e mais leve. E sigo aprendendo — porque ninguém que trabalha com infância (ainda mais com autismo) pode se dar ao luxo de parar de aprender.