26/11/2023
Vamos brincar? 🥳
Não faz muito tempo, estava mexendo nas coisas em meu armário, e me deparei com uma filmadora portátil, que eu já usei muito em viagens e para filmar entrevistas em pesquisas de campo. Custou tão caro, e agora não serve pra nada.
Em outro compartimento da bolsa, estava minha câmera fotográfica automática, que me custou os olhos da cara e que eu deveria jogar no olho da rua.
No olho da rua, não, porque tem formas de descarte adequado para diferentes tipos de coisas inservíveis.
E na bolsa tinha também um super gravador, que, com uma simples pilha AAA, funcionava horas a fio. Sem fio.
Em vez de andar com a bolsa com essas tranqueiras todas, e fios, e carregadores, diabo a quatro, agora ando com meu celular, que filma melhor, que fotografa melhor, que grava melhor.
Outro dia, eu ia com o Mike, e veio um carinha falar bolacha.
“Como é que é?”
Saquei o celular do bolso e emendei.
“Repita, por favor, que vou gravar!”
E outro deu no pé!
O receio de as coisas ficarem obsoletas procede, mas o pior mesmo é a gente ficar obsoleta, com ideias anacrônicas na cabeça ou sem evoluir nas coisas que pensa e faz.
Uma vez assisti a um episódio da “Família Dinossauros”, em que o Dino estava exultante, porque chegara o dia de descartar a sogra dele, que completava 70 anos naquele.
Na sociedade jurássica, os velhos podiam ser descartados, mas milhões de anos depois os espartanos faziam o mesmo na Grécia Antiga com os recém-nascidos que tinham deficiência.
Hoje em dia também as pessoas são descartáveis, mas é de forma mais sutil e às vezes não tanto. Em Gaza, a vida de uma criança está valendo menos que minha Nikon aposentada.
A propósito, outro dia ouvi no rádio que de cada 10 pessoas mortas pela polícia na Bahia e no Pará em 2022, 9 eram negras.
Fiz um treinamento em Campinas uma vez, que incluiu uma visita a asilo. Estou deprimido até hoje. Te juro!
F**a a dica! 😉
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