02/12/2025
𝑶 𝑮𝑹𝑬𝑬𝑵𝑾𝑨𝑺𝑯𝑰𝑵𝑮 𝑫𝑨 𝑷𝑯𝑰𝑳𝑰𝑷 𝑴𝑶𝑹𝑹𝑰𝑺
Hoje, fomos surpreendidos, se é que alguma coisa ainda nos surpreende vindo da Indústria criminosa da Nicotina, com a desfaçatez da Phlilip Morris Brasil publicada em O Globo.
A manifestação da PMB aparece com destaque, em página inteira, fechando um caderno especial do diário, feitos para reflexões sobre a COP 30 e os desafios da sustentabilidade sem uma efetiva ação sobre os combustíveis fósseis.
À PMB foi permitido ser uma das patrocinadoras da COP 30, realizada no país, desde o seu início, o que já demonstra uma inadequação absoluta. O Brasil assinou e ratificou um tratado internacional que em seus artigo estabelece que os governos devem zelar pelas restrições à Industria do Tabaco, notadamente por que os interesses desta são claramente antagônicos aos das nações, seja na área sanitária, seja na ambiental. A recém encerrada COP 11, ocorrida em Genebra (Suíça), só reforçou este ditame.
O texto da PMB, que O Globo abriu as suas portas, digo, páginas, para ser publicado, reúne todo o corolário retórico ao qual estamos exaustos de combater ad nauseum, que repisa a ladainha que associa sustentabilidade, boas intenções e inovação _ no caso de quem produz tabaco, um greenwashing clássico.
A PMB é parte da holding que emerge da maior fabricante de ci****os do planeta, produtora, inclusive, da marca Marlboro, a mais vendida mundialmente. No país de origem, nos Estados Unidos, a empresa já recebeu diversas condenações judiciais que, associadas com outras indústrias do ramo, já foram punidas por enganar os consumidores americanos, no que é considerado o maior processo judicial da história daquele país. Na primeira e mais célebre condenação, o montante chegou a 340 bilhões de dólares.
O texto deste greenwashing publicado hoje com destaque, reúne pérolas como:
- Para nós, sustentabilidade é deixar o cigarro para trás
- Estamos liderando uma transformação global, buscando a eliminação do cigarro
- O futuro sem fumaça já está em construção em mais de 90 países
- O cigarro à combustão continua sendo o principal modo de consumir nicotina legalmente, justamente uma das formas mais prejudiciais à saúde
- Estamos comprometidos em mudar esta realidade
- Um mundo sem ci****os interessa a todos
Este texto da PMD faria corar a britânica Doris Lessing, autora do livro fantástico "Os Agentes Sentimentais", uma crítica primorosa ao uso da retórica como arma de cooptação e convencimento.
A maior produtora de ci****os á combustão, mostra-se 'preocupada' com os males que os seus produtos produzem, o que sempre negou... A maior produtora de ci****os à combustão, apesar de saber dos males que os seus produtos provocam, jamais reduziu a sua produção em 1 maço de ci****os sequer ao longo destes muitos anos.
Do lado de cá, o que nós estamos emprenhados em combater é o NICOTINISMO, o mal sanitário maior das últimas muitas décadas. O que faz as pessoas se exporem ao risco do consumo de tabaco é a dependência química perpetrada pela nicotina. Este é o problema a ser devida e fortemente enfrentado. O alcaloide nicotina é a substância química com o maior poder de gerar adicção, leia-se escravos da droga, que se tem notícia, mesmo se comparada `s dependências geradas por dr**as ditas pesadas. A nicotina é a droga mais pesada.
O que a PMB chama de um 'futuro sem fumaça', na verdade, sabemos claramente que é um mundo não saudável de muito mais escravos de nicotina do que temos, apesar de serem mais de 1.25 bilhão de dependentes hoje.
O movimento planetário encabeçado pelas lideranças sanitárias, mas não apenas por elas, visa livrar a humanidade do nicotinismo, conscientizando pessoas, notadamente as mais jovens, mas não só, de que experimentar nicotina foi o maior erro de avaliação de risco da história da espécie. Continuar exposto a ela, é seguir no caminho do adoecimento e morte.
As estatísticas são incontestáveis:
- o nicotinismo adoece 140 milhões de pessoas
- o nicotinismo mata mais de 7 milhões de pessoas (fumantes passivos e ativos)
- o nicotinismo mata mais da metade dos usuários
- o nicotinismo gera prejuízos às nações de mais de 2 trilhões de dólares por ano
A leitura atenta desta propaganda de nicotina disfarçada da PMD permite ainda perceber-se 2 coisas:
- ao afirmar que '90 países' estão construindo este tal 'mundo sem fumaça', minora a admiração que o controle da nicotina brasileiro recebe mundo afora
- o conceito de 'atraso', que a mensagem tenta passar, é uma forma de coação patética às decisões tomadas e reiteradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
O Globo, shame on you! Faça como fez o New York Times,a partir de 1999, não publique coisas que venham da Indústria da Nicotina, como forma de proteção dos seus muitos leitores.
No primeiro comentário*, colocaremos algumas características do greenwashing, para os que não estão familiarizados com o termo.