
24/06/2025
TODO EXCESSO ESCONDE UMA FALTA
A gente costuma olhar para o “muito” com orgulho.
Quem trabalha demais é produtivo.
Quem malha demais é disciplinado.
Quem dá demais é generoso.
Mas será mesmo? Nem sempre o excesso é virtude. Na maioria das vezes, é um problema. O que é excessivo costuma carregar o peso do que falta.
Há pessoas que buscam atenção em todo lugar, pois nunca se sentiram vistas onde mais importava. Gente que dá amor demais para todos, mas não sabe pedir colo. Gente que quer controlar tudo porque viveu em ambientes onde tudo era incerto.
Há também quem não para de conquistar, alcançar, provar… como se quisesse, de alguma forma, ser finalmente validado. Às vezes, o que parece força é só uma carência bem disfarçada.
O curioso é que esses padrões permeiam o nosso dia a dia:
Aquela compulsão por comprar algo novo, mesmo sem precisar — será que você realmente precisa, ou é tentativa de preencher um vazio?
A dieta super restrita é saúde ou uma busca excessiva por validação externa?
Tendemos a exagerar onde sentimos que não podemos falhar. Onde há falta, há esforço dobrado.
O excesso anestesia. Ele ocupa um espaço tão grande que não sobra silêncio pra escutar o que está dentro.
Mas todo exagero tem um preço: ele afasta a gente da inteireza, pois equilibrar é encarar — e encarar é desconfortável.
Por isso, é mais fácil exagerar do que olhar para dentro. Só que uma vida exagerada, no fundo, é uma vida mal resolvida. E não adianta cobrir com excesso uma falta que só pode ser preenchida com verdade.
Então, se algo está demais, talvez você precise olhar para o que está de menos.
Excesso de controle? Pode ser medo.
Excesso de trabalho? Pode ser fuga.
Excesso de doação? Pode ser carência.
Toda vez que sentir que está indo longe demais em alguma área, pare e pergunte: “o que estou tentando compensar?”
A resposta para isso pode ser justamente aquilo que você tem evitado sentir há anos. E agora, talvez seja o que você mais precisa para, enfim, se sentir inteira.
Gabi