22/06/2023
Sempre acho curioso quando ouço alguém falar que é contra o parto normal, ou que é contra a cesariana.
Como pode alguém ser contrário a um evento fisiológico que trouxe nossa espécie até aqui, firme e forte, dominando o planeta?
Não seria estranho alguém se dizer contra urinar pela uretra, dormir deitado, comer com a boca? Afinal, a tecnologia já avançou pra caramba! Um robô escreve textos originais, bilionários visitam o espaço e ricaços podem visitar o Titanic, se quiserem 😬😅
Da mesma forma, como pode alguém ser contra um procedimento que salva vidas (da mãe e do bebê) em situações específ**as, quando em outra época essas vidas seriam perdidas?
Neste momento, vocês já devem ter refletido que a tecnologia ajuda, mas não é perfeita. Assim como a natureza.
E, na obstetrícia, o que se busca é alcançar um perfeito equilíbrio entre a fisiologia e a tecnologia. É assim que alcançamos os melhores resultados.
A pessoa que proferiu a frase capa deste post é uma médica proctologista, especialista na região a**l. Entendo, até certo ponto, o seu ponto de vista.
Afinal, quando há complicações na região a**l durante o parto vaginal (lacerações de terceiro e quarto graus), esses casos são encaminhados para essa especialidade. Porque os partos vaginais também podem ter complicações, é claro!
No entanto, essa visão é extremamente limitada, como se estivesse usando antolhos (aqueles bloqueios que os cavalos usam para não olhar para os lados).
Estatisticamente, a cesariana apresenta uma taxa maior de hemorragia, histerectomia (remoção do útero), internação em UTI materna e neonatal e mortalidade materna. Aposto que um plantonista de UTI materna pensaria o oposto dela.
Sendo assim, essa discussão de preferir parto normal ou cesariana é algo ultrapassado, quase exclusivo da realidade brasileira.
Na maioria dos países, essa discussão simplesmente não acontece, pois as gestantes, ao engravidarem, sabem que terão a via de nascimento que for melhor para elas naquela oportunidade.