24/06/2025
Eu comecei a viajar solo em 2010. E comecei jogando alto: embarquei para Londres para passar um semestre em outro país, com outra língua, outros hábitos e ninguém conhecido. Costumo dizer que essa viagem foi um divisor de águas na minha vida, na minha maturidade e na minha visão sobre a grandiosidade desse mundo. O antes e o depois entre duas Marinas.
Em 2010 ainda nem tínhamos instagram. O movimento feminista ainda não estava na sua “nova onda”. Eu decidi trancar a faculdade de medicina por um semestre para realizar um sonho e fui extremamente criticada por “quebrar o padrão”. Ouvi de praticamente todo mundo “você é louca! Vai atrasar a sua faculdade e a prova de residência!”.
E eu só pensava o quanto eu iria ganhar.
Ganhar em experiência, em cultura, em amigos, em conhecimento, em independência, em liberdade.
E ganhei. Ganhei tanto que voltei a viajar no ano seguinte. E no seguinte. E no seguinte. Desde então, já foram pelo menos uns 8 anos com viagens solo e dezenas de países.
Hoje (e nesses últimos 4 dias), o caso da Juliana, morta na trilha de um vulcão na Indonésia, doeu muito aqui dentro. Acho que todos estão sentindo um desconforto absurdo com o descaso, a imprudência e a negligência, mas qualquer mulher que já tenha viajado sozinha tem, hoje, um pingo a mais de dor. A gente sabe o quão difícil é sair do casulo e se aventurar por aí. Quebrar estereótipos. Enfrentar julgamentos alheios. Ter a coragem de, diariamente, se sentir exposta e insegura em locais com culturas distintas (porque, infelizmente, a gente também se sente exposta na nossa cultura), e continuar. Seguir em frente é um desafio diário para uma mulher viajando solo. E só mulheres entendem isso.
Que o que aconteceu com a Juliana não impeça meninas e mulheres de sonharem alto, de conhecerem o mundo, de experimentarem aventuras, de viverem!
O mundo é muito grande e todas nós merecemos conhecê-lo!
Um abraço apertado para essa família. Vai em paz, Juliana.