27/03/2025
13 anos em 5 fotos.
Essa é a diferença entre a primeira e a última foto desse carrossel.
A mulher que está na nelas já não é a mesma, não tem o mesmo conhecimento e nem sequer os mesmo sonhos.
A vida muda e novas vidas se formam dentro de uma só.
A quinta foto é de uma estudante de medicina no internato que adorava alojamento conjunto, examinar os recém-nascidos e quis tirar foto com as gêmeas porque afinal era muito legal segurar as duas ao mesmo tempo.
Dessa aspirante a pediatra saiu a residente de pediatria que ficou orgulhosa do seu primeiro broncoespasmo grave melhorado na emergência (sozinha)… a criança teve que internar de qualquer jeito, mas eu bem lembro do orgulho que eu senti que o o bebê com esforço grave evolui pra esforço leve com necessidade de oxigênio (milagre eu não aprendi a fazer, até o momento). Virou pneumopediatra.
Foi plantonista que muitas vezes trabalhou noites seguidas, coisas que a pós-graduada em sono não recomenda e também não consegue mais fazer porque quer dormir cedo.
Atropelada pela pandemia, viu seus colegas e seu emprego sendo reduzido, pois a pediatria ficou vazia e os pediatras todos corriam pra ajudar na clínica médica.
Viu o movimento da emergência voltar a crescer exponencialmente quando as medidas de isolamento foram retiradas, com equipe ainda reduzida em um determinado hospital trabalhou sozinha e deu conta de emergência, sutura, ortopedia, internação e criança com necessidade de CTI sem vaga de CTI ao mesmo tempo.
Foi nesse momento que a cabeça não aguentou e no meio de um burnout, deprimida resolveu que não queria mais viver assim. Não foi pra isso que nasci.
Não queria mais viver de plantão e cogitei inclusive trocar de especialidade porque a pediatria não é fácil (pra quem entende os posts psicoterápicos, a psiquiatria foi cogitada rs).
Com o apoio da minha família e alguns conselhos de amigos me dediquei a trabalhar de outra maneira, com mais tempo, calma e disponibilidade pra entender as dores dos meus pacientes e de suas famílias.
Ficou mais fácil? Não… talvez fosse mais fácil ter o dinheiro certo, não arriscar, mas eu hoje não trocaria o que eu tenho, mesmo com toda dificuldade.
Estou aqui.