30/11/2025
Ao meu Lord filho da minha filha...
Há ausências que parecem ecoar por dentro da gente, como se o mundo perdesse um som essencial.
A tua partida, meu Lord, fez o dia f**ar diferente — mais lento, mais quieto, mais cheio de lembranças que brilham e doem ao mesmo tempo.
Mas, mesmo no meio da saudade que aperta, existe algo maior te envolvendo:
gratidão.
Gratidão por cada instante contigo.
Gratidão por cada alegria que você trouxe.
Gratidão por ter tido a honra de ser tua humana, tua guardiã, tua família.
Você foi um doce desde sempre — desses que não adoçam só o momento, mas toda a vida.
Um espírito nobre, um coração gentil, e ao mesmo tempo um travesso cheio de charme, do tipo que deixava qualquer um rindo mesmo no meio de uma bagunça.
Você fazia jus ao nome que carregava: meu Lord.
Elegante no olhar, firme no passo, cheio de presença… e cheio de histórias que viraram tesouros na memória de todos nós.
Marianna te jogava qualquer comida no ar.
Qualquer uma.
E você, num salto perfeito, pegava todas, como se aquele instante fosse um espetáculo só de vocês dois.
Era como ver alegria em forma de movimento.
E o episódio do pão-da-Lu virou lenda.
Você não apenas pegou: você rasgou o saquinho, roubou o pão inteirinho, e ainda desfilou com ele como se tivesse conquistado um prêmio.
Todo mundo viu — e ninguém conseguiu brigar.
Foi só riso, porque você tinha esse dom: transformar travessuras em carinho.
Mas a tua obra-prima da comédia foi aquela cena em que voltamos de Ipiabas.
O carro nem tinha parado direito.
Você desceu, viu a Lu, caminhou até ela com aquela segurança de quem possui o próprio reino… e simplesmente levantou a pata e fez xixi nela.
Como se dissesse, com toda a certeza do mundo:
“Você é minha.”
E foi impossível não rir.
Era impossível f**ar chateada contigo — até os teus gestos mais atrevidos eram amor em forma de brincadeira.
E havia a tua fascinação pelas pequenas tentações da vida…
Bala? Você queria.
Pirulito? Você queria.
Tudo que parecesse proibido, você desejava com a intensidade de quem sabia viver.
E lá íamos nós tirar da tua boca, conversando com você como se estivéssemos negociando com um rei teimoso e irresistível.
Mas o teu amor não é só humano.
Há também a Katannah, a tua Shar Pei, tua parceira, tua melhor amiga.
Vocês tem um laço único — daqueles que a gente sente, mesmo em silêncio.
Ela te ama como se ama quem é parte do próprio mundo.
Ela te seguiu, te esperou, te cuidou, te escolheu.
E agora o coração dela também sente a falta, a pausa, o vazio.
Ela vai te procurar.
Vai te esperar.
E vai te amar para sempre, como você amou ela.
E eu…
Eu fico com todas as formas de amor que você deixou.
Com o privilégio de ter te chamado de meu.
Com a honra de ter sido tua dona, tua referência, tua casa.
O amor que você me deu foi tão puro, tão imenso, que nenhum adeus consegue apagar.
E dentro de mim existe um pedido que nasce da saudade e da esperança:
Se existe reencontro, se as almas se reconhecem,
se o amor encontra seu caminho de volta…
volta pra mim quando puder.
Quando a vida permitir, quando o universo te guiar,
eu estarei aqui.
Esperando.
Aberta.
Pronta para te amar de novo, na forma que você vier.
Porque laços como o nosso não acabam.
Eles mudam de lugar, mas permanecem inteiros.
Enfim meu amor...
Meu Lord, obrigada não é palavra suficiente — por isso eu te deixo gratidão, que é maior;
e honra, que é mais profunda.
Você é luz, alegria, bagunça, companheiro, doce, travesso, presente.
Você é o amor de uma família inteira.
É o melhor amigo da Katannah, e o meu também.
Vai em paz, meu Lord.
Corre livre, sem dor, com o vento batendo no teu pelo.
E f**a em nós — em cada lembrança, em cada riso, em cada silêncio cheio de amor.
E quando puder, meu AMOR…
volta pra mim.