
04/08/2025
Centenários carregam os mesmos genes associados a doenças que o restante da população, mas seus organismos desenvolvem mecanismos de proteção capazes de neutralizar esses riscos genéticos. Cientistas avançaram significativamente na compreensão dos fatores que permitem a algumas pessoas viver mais de 100 anos, enquanto outras não ultrapassam os 80. Fatores ambientais — como alimentação, atividade física e controle do estresse — respondem por cerca de 50% da longevidade, enquanto a genética explica aproximadamente 25%. Um achado relevante é que centenários vivenciam a “compressão da morbidade”: permanecem saudáveis por quase toda a vida e só adoecem seriamente nos anos finais, ao contrário do padrão comum de acúmulo progressivo de doenças.
A prática regular de exercícios é um dos preditores mais fortes de longevidade. Isso não significa correr maratonas aos 90 anos, mas manter uma rotina de atividade física moderada e constante ao longo da vida. A alimentação também desempenha um papel crucial. Centenários tendem a seguir dietas ricas em vegetais, frutas, leguminosas, nozes, grãos integrais e produtos fermentados. A qualidade dos alimentos é fundamental — cereais refinados, açúcares e óleos vegetais ricos em ômega-6 estão ligados ao aumento do risco de mortalidade.
Um fator surpreendente na longevidade é o papel do microbioma intestinal. Centenários apresentam perfis bacterianos distintos, com maiores quantidades de Akkermansia e Bifidobacterium — microrganismos associados à saúde metabólica, imunidade e atividade anti-inflamatória. À medida que as pessoas envelhecem, suas bactérias intestinais geralmente se tornam menos diversas e dominadas por espécies nocivas, enquanto os centenários contrariam essa tendência, mantendo uma microbiota rica e diversa.
*Frontiers in Medicine 2025. Factors involved in human healthy aging: insights from longevity individuals.