
07/08/2025
Sentir-se desamparado: uma vivência humana
O desamparo, não é apenas uma emoção passageira, mas uma experiência fundamental do ser-no-mundo. É o modo como nos damos conta, da nossa finitude, da nossa solidão e do fato de que a vida, por vezes, nos escapa.
Essa vivência pode emergir diante de perdas, rupturas, rejeições ou mudanças que rompem com o familiar. De repente, tudo o que parecia estável se desfaz — e nos vemos lançados num mundo sem garantias. Nesse momento, não é apenas a dor que se faz presente, mas a ausência de acolhimento, a sensação de não ter com quem partilhar a existência.
Entretanto, é importante reconhecer: sentir-se desamparado não é sinal de fraqueza, mas expressão legítima da condição humana. É nesse reconhecimento que começa o cuidado de si — quando deixamos de julgar o sentimento e passamos a habitá-lo com mais consciência.
A abertura para o outro, o permitir-se ser tocado, amparado e compreendido, é também um gesto de coragem. A construção de vínculos confiáveis é, nesse sentido, uma forma de estar-no-mundo que possibilita sustento, presença e partilha. Não se trata de uma dependência, mas da possibilidade de coexistência autêntica.
Pedir e aceitar ajuda exige disponibilidade interior. Muitas vezes, o isolamento que vivenciamos não é apenas imposto pelo mundo, mas também sustentado por nossos próprios fechamentos. Quais barreiras existem entre você e o outro? Que possibilidades de encontro estão sendo evitadas?
A psicoterapia, nesse contexto, não busca eliminar o desamparo, mas criar um espaço de escuta e presença onde ele possa ser acolhido, compreendido e ressignif**ado. É no encontro terapêutico que se pode transformar a experiência do desamparo em possibilidade de amadurecimento e reconexão com o próprio sentido de existir.
A vulnerabilidade, quando assumida com responsabilidade e liberdade, pode se tornar o solo fértil de uma autonomia mais verdadeira, mais compassiva, mais nossa.
Vamos caminhar juntos? 🌱