31/10/2021
A Angústia e A Febre
A angústia é como a febre da alma! É sinal de que o copo da alma transbordou e invadiu o corpo! É uma falência de continência emocional, nos termos de Bion!
Assim como a febre, a angústia é um dado inespecífico. Indica, simplesmente, a existência de um conflito interno que, por não estar sendo devidamente resolvido, causa mal estar e exaure as nossas forças!
Se a angústia for intensa e mantida, ela, além do cansaço, e das diversas sintomatologias físicas, ainda traz desânimo. A febre também!
Em ambos os casos estamos lidando com um tipo de evento que é fruto da perda da nossa homeostase, que nada mais é do que o processo de regulação dos nossos sistemas internos! Os sistemas interagem. O sistema imunológico perde suas forças por ação da tristeza! Toda pessoa deprimida é também imunodeprimida!
Na febre, a homeostase perdida cria as condições para que os microorganismos, tanto os que vivem em nosso entorno, como os que normalmente nos habitam amistosamente, nos ataquem!
Na angústia, a perda da homeostase emocional cria as condições para que as nossas próprias ideias, desejos e impulsos se voltem contra nós, ferindo o nosso eixo de equilíbrio ético e moral.
Diferente da febre, na angústia não há inimigo externo a ser enfrentado. Nada a ser morto ou vencido. Pelo contrário!
No enfrentamento da angústia buscamos uma reintegração do nosso ser e só fazemos isso devolvendo ao nosso mal estar um sentido emocional! Quanto mais exitosos somos nesta empreitada, mais fortalecidos ficamos e mais recursos dispomos para voltar a nos sentir inteiros e saudáveis!
As medicações, inespecíficas, como analgésicos ou ansiolíticos, são estratégias eficazes para diminuir o incômodo de ambas, mas nenhum clínico ou terapeuta, por mais principiante e/ou ingênuo que seja, deve confundir esta conduta paliativa com a solução do problema em si!