30/10/2025
O corpo é ritmo.
Ritmo de respiração, de pulsação, de pensamentos, de emoções.
Desde o nascer até o adormecer, somos conduzidos por fluxos contínuos — internos e externos — que se entrelaçam e nos mantêm vivos.
Frinéa Brandão, na Cúpula dos Povos (Rio+20, 2012), explorou a ideia de que compreender o corpo é também compreender a música que o move. A respiração, o batimento cardíaco e até o silêncio entre os sons revelam o que Reich chamava de “energia vital pulsante” — aquela que, quando reprimida, adoece; quando liberada, cria.
Inspirada em autores como Hans Berger e Willems, Frinéa mostra que os ritmos cerebrais — Beta, Alfa, Teta e Delta — refletem estados diferentes de consciência e emoção. Saber transitar entre eles é, de certo modo, uma arte de viver.
Quando estamos em Alfa, encontramos calma e imaginação; em Teta, revisitamos memórias; em Delta, mergulhamos no repouso profundo. O desafio é não perder a dança entre esses estados — a harmonia que sustenta o corpo e a mente.
Reconectar-se ao ritmo é um gesto terapêutico.
É lembrar que não há cura sem movimento, nem saúde sem escuta.
O corpo, como uma música viva, pede pausas, respiração e presença.
Ritmo é direção, dizia Schafer. E talvez, no fim, curar-se seja apenas reaprender a seguir o compasso da vida.
📖 Brandão, Frinéa Souza. Os Ritmos do Corpo. Cúpula dos Povos – Rio+20, 2012.