A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, advinda de uma demanda: o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia. Evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se assim, numa prática. De acordo com a pesquisa realizada por Lima (1999) em bibliotec
as de Minas e São Paulo, a autora aponta diferentes concepções de Psicopedagogia, que, para efeito de estudo, foram agrupadas nas seguintes categorias:
• Psicopedagogia e Pedagogia - caracteriza-se por apresentar semelhanças com a Pedagogia e procurar definir a Psicopedagogia como ciência. Incluem-se as tentativas de definição do objeto da Psicopedagogia.
• Psicopedagogia e Psicologia – caracteriza-se por apresentar semelhanças com a Psicologia a partir da Psicologia Clínica ou Terapêutica e Escolar, utilizando termos, procedimentos do campo psicológico e enfatizando processos internos do indivíduo e investigação psicológica.
• Psicopedagogia e problemas de aprendizagem – enfatiza o aprendiz em situações que não ocorrem aprendizagem e apresenta propostas de uma prática ligada à clínica psicológica para solucionar problemas.
• Psicologia e fracasso escolar – considera os alunos que não desenvolvem aprendizagem e esse fato está relacionado ao contexto social e à escola. Enfatiza fatores externos ao sujeito como interferentes na aprendizagem. Segundo Elza Vidal de Castro (2002), a Psicopedagogia é um campo emergente e multifacetado apresenta seu quadro teórico marcado pelos seguintes aspectos: a definição de seu objeto, de suas relações com os campos psicológico e pedagógico, da ênfase dada ao indivíduo e, também, da ênfase aos fatores externos ao sujeito na determinação do problema (contexto social mais amplo). Para Noffs (1995), a Psicopedagogia institucional apresenta-se como transformação da própria pedagogia, devendo estudar as modalidades de ensino-aprendizagem desencadeadas e/ou possibilitadas pela instituição escola, visando a prevenção e enfrentamento de conflitos. De acordo com Scoz (1987), a Psicopedagogia, como as outras áreas de saúde, implica um trabalho a nível preventivo e curativo. Na função preventiva, cabe ao psicopedagogo atuar nas escolas e em cursos de formação de professores, esclarecendo sobre o processo evolutivo das áreas ligadas à aprendizagem escolar (perceptiva motora, de linguagem, cognitiva, emocional), auxiliando na organização de condições de aprendizagem de uma forma integrada e de acordo com as capacidades dos alunos. A Psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os mesmos problemas decorrentes, recorrendo a várias ciências, sem perder de vista o fato educativo nas suas articulações sociais mais amplas. A Psicopedagogia transformou-se em um campo de estudos dos que podem surgir no decorrer desse processo. Para responder à complexidade dessa questão, houve um esforço para alcançar uma visão multidisciplinar, que inclua contribuições de várias ciências e de estudos recentes, colocando, em pé de igualdade, aspectos cognitivos, afetivos, orgânicos e sociais, e descartando qualquer recorte de realidade que impeça uma visão mais completa do fenômeno a ser pesquisado (1994). A Psicopedagogia, de acordo com César Coll (1996), é uma confluência disciplinar, um conjunto de saberes e um espaço profissional. Em relação ao espaço profissional dessa área, o psicopedagogo precisa da contribuição de diferentes profissionais como, psicólogos, pedagogos e psicopedagogos e assistentes sociais e também a contribuição de outras áreas de conhecimentos numa dimensão de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.