Sangha Urbana é minha mais nova mudança. Não fale que mudar é difícil. Se prepare, acredite e caminhe na direção.
Se há uma constante verdadeira em nossa vida, é a mudança. A mudança é uma das principais características da vida. Aprendi isso, primeiro, vivendo. Depois, observando as pessoas e o mundo. Mas aprendi, também e principalmente, porque venho formando uma compreensão espiritual a respeito.
Vi e vivi esse poder da mudança em inúmeras passagens da minha vida. Uma delas ao ganhar a maioridade.
Nasci não fumante. Já fui fumante convicto - queimava um maço por dia. Mas por pouco tempo, cerca de uns 8 anos. Sim, oito anos na carreira de um fumante, iniciado aos 14 na década de 80, era pouco tempo. Meu pai fumou durante mais de 40 anos. Incomum foi ele ter parado já depois dos 60.
Comecei a fumar porque era legal. Na família, pai e tios fumavam – minha mãe era ex-fumante quando nasci. Na TV, os fumantes eram atletas, sedutores, alegres, saudáveis. Na escola, os professores fumavam em sala de aula. Os amigos mais velhos, e os mais novos, fumavam. Fumava-se em todo lugar. No shopping center, no cinema, no supermercado, na livraria, no ônibus. Os elevadores subiam e desciam com fumantes e fumaça. Nos aviões, não havia separação. Nem para isolar os excêntricos que não fumavam. O cinema consagrava o hábito, o cigarro era característica da personalidade de um sem número de personagens marcantes. Não é exagero dizer que quase todos fumavam na década de 80. Era um fenômeno social mundial, estimulado pela indústria e pela propaganda.
Na década de 90 deu-se o início de uma mudança que, na época, parecia impossível. Parei de fumar por volta de 94. O cigarro é hoje, menos de 30 anos depois, um produto negativo, evitado, socialmente banido. Proibido em locais fechados em diversos países. Aviões? Nem pensar! Os fumantes são confrontados com fortíssimas imagens nas embalagens de seus maços, que os desafiam explícita e agressivamente a manter esse hábito que ameaça de várias formas a saúde do usuário.
Pergunta aos meus contemporâneos: já se deram conta de que viveram para ver acontecer uma mudança social e de consumo dessa magnitude?
Citei uma. Mas há inúmeros exemplos de enormes mudanças sócio-culturais em curto espaço de tempo na história de diversas civilizações. Positivas ou negativas.
Paradoxalmente, as pessoas ainda e sempre falam da dificuldade em promover mudanças. Acreditam piamente nisso no nível individual. E estendem ao nível coletivo. No fim de ano vivem o ápice de descrédito conflituoso e assumido em si mesmas. Emagrecer, parar de fumar, parar de beber, se cuidar melhor, mudar de emprego, ser mais disponível para a família e amigos, ser mais conectado à natureza. Muitos fazem promessas e afirmam ser muito difícil cumprí-las. Reduzir a corrupção, reverter a concentração insustentável de renda, alterar o padrão de consumo, preservar o meio ambiente. Muitos desejam mudanças mas não acreditam ser possível.
Em menos de um ano mudei minha vida profissional de empregado para empregador. Estou, nesse momento, vivendo essa intensa mudança. Que inclui o tempo de vida – entrando no segundo cinquentenário, com todos os impactos fisiológicos que isso traz – e a paternidade – com meu primeiro filho de tenros, lindos e demandantes 2 anos de idade. E, agora, a COVID-19 – mas isso já é outro assunto.
A SANGHA URBANA
E estou aqui, compartilhando com quem se deu ao trabalho de ler esse relato, com o objetivo, sim, de divulgar meu negócio. Mas, principalmente, movido pelo positivo e otimista espírito de ter iniciativa, de empreender e de acolher o que a vida oferece, de aceitar a mudança como regra e surfá-la. E, ainda e por que não, na disposição de contaminar outros com essa energia.
Abri em fevereiro a Sangha Urbana, uma marca de saúde e bem estar, construída sobre:
· a operação conjunta de um hostel, de um estúdio de yoga e de uma sala de meditação
· a organização de retiros urbanos de yoga e meio ambiente
· um projeto de ação social
A Sangha Urbana está localizada no Centro do Rio de Janeiro, no Porto Maravilha, entre a Igreja da Candelária e o Mosteiro de São Bento, próximo à Praça Mauá. A localização foi escolhida de e com propósito. A tradição védica, origem do yoga, nos abre os olhos, a mente e o coração para apreender a verdade de que é possível ser feliz. Ela nos revela a natureza da felicidade. E estamos no Centro para reforçar o entendimento de que a meta na vida é Ser e a confusão da cidade não é motivo suficiente para você se afastar desse iluminado caminho.
A Sangha Urbana está instalada num lindo prédio colonial de 1927 com quatro andares. Próxima do VLT (4 minutos caminhando até a estação São Bento) e do Metrô (12 minutos caminhando até a estação Uruguaiana).
Foi concebida para hospedar quem vem ao Rio a lazer, a trabalho ou para estudar. Somos um hostel diferente. Não vendemos bebida alcoólica nem permitimos o consumo em nenhum ambiente. Somos um espaço que preza a qualidade do repouso e que promove a revitalização. Somos pioneiros a desenvolver o conceito de self hostel.
A prática de Yoga será fundamentada na tradição védica. Não é um trabalho eminentemente físico. É, sim, muito eficiente para quem busca alongamento, força, equilíbrio, relaxamento, consciência corporal. Mas pode ser muito mais. É um trabalho psico-físico que promove a autoestima, a autoconfiança, o equilíbrio emocional, a disciplina. É o preparo do corpo e da mente para o aprofundamento da consciência. A prática de asanas é uma das disciplinas para quem está construindo seu caminho rumo ao encontro consigo mesmo.
A meditação é outra das disciplinas do yogi. Que também gera enormes benefícios em uma camada mais prática da vida. A ciência já atesta a redução da pressão arterial, a melhora na memória e na qualidade do sono, maior capacidade de concentração. Mas a meditação pode ser muito mais. Meditar é aprender a lidar com a realidade externa de maneira objetiva e é abrir a sua percepção para a imensidão e beleza de sua própria dimensão interior.
Assim como vários espaços dedicados à promoção do Yoga, vamos realizar retiros. Mas os retiros SEMEAR serão retiros urbanos exclusivos, que vão integrar Yoga, Meio Ambiente e Arte/Cultura. Já fizemos um evento piloto em fevereiro. Além da rotina de asanas, meditação, pranayama, palestras de Vedanta e kirtan, vamos aproveitar a maravilhosa condição particular do Rio de Janeiro e incluir no programa ação de reflorestamento de espécies nativas em área de preservação de Mata Atlântica próxima do Centro do Rio. E as horas livres do retiro poderão ser dedicadas à visita silenciosa, a pé, ao CCBB, para apreciar exposições artístico-culturais.
Uma programação verdadeiramente luxuosa, sem a acepção materialista da palavra.
A mudança não é apenas do empregado que passou a atuar como empregador.
Alguns dos operários que trabalharam na obra de adaptação do imóvel para as operações da Sangha Urbana, se interessaram e experimentaram uma semana de prática orientada de meditação que ofereci. Funcionários da Sangha também experimentaram. É o professor surgindo.
Estou me tornando um carioca ativo na transformação da cidade que me viu nascer no sentido da promoção da cultura da preservação ambiental. Temos, como cidadãos naturais da cidade, muito que evoluir na nossa relação com a preservação ambiental, urbana e arquitetônica do Rio de Janeiro.
Me entusiasma o potencial da indústria do turismo no Rio de Janeiro para desempenhar um papel decisivo na promoção de uma revolução social, exercendo pressão e apoio sobre a gestão pública. Educação fundamental universal e de qualidade, jovens capacitados profissionalmente para prestação de serviços, saneamento em expansão, transporte urbano coletivo de qualidade, política habitacional racional, segurança e qualidade de vida não podem ser um sonho. Podemos transformar essas demandas em realidade. Fico imaginando nossas crianças todas, as de classe média e as de comunidades, aprendendo, além do bom português, inglês e espanhol para falar sobre a história da cidade, explicar como estamos preservando e recuperando o bioma Mata Atlântica e encantando os turistas com hospitalidade, profissionalismo e alegria.
Acredito que muito do desequilíbrio que vivenciamos em nossa cidade, em nosso Estado, em nosso país, tem forte relação com uma herança cultural ainda latente, remanescente do período colonial. O desrespeito à vida, pilar da economia escravocrata, é um dos traços mais marcantes dessa herança. Esse desrespeito à vida causa dor e sofrimento na população alvo. Mas não vitima apenas o oprimido. Ele vitima, também, o opressor. Este vive desprovido de humanidade, de empatia e de afeto. Se transforma em um zumbi.
Soma-se à essa herança cultural o apelo moderno desenfreado ao consumo e temos o caldo para a sociedade extremamente desequilibrada em que estamos doentes.
A prática de Yoga promove um alinhamento psico-físico. A disciplina na prática alinha pensamento, fala, corpo e ação. A disciplina na prática gera saúde, energia. Yoga e meditação geram um nível de autoconsciência que requer cuidado e amor consigo mesmos, independentemente das falsas carências externas que nos acometem. Pessoas que desenvolvem um consistente amor próprio, tem uma atuação na vida e nas relações mais empática.
Muitos buscam equilíbrio e paz de espírito para enfrentar a vida com os desafios que ela apresenta. Muitos compreendem que já temos dentro de nós o que precisamos. A Sangha Urbana é um espaço de expressão desse entendimento em meio ao caos da cidade. Um local de encontro e intercâmbio de pessoas que estão nessa jornada.
Somos Sangha Urbana.
Vem mudar com a gente você também.