29/09/2020
Emagrecer não é fácil e tem muitos fatores que impactam no processo. Embora eu tenha focado esse post numa patologia específ**a, as informações também se aplicam a muitos outros casos.
SOBREPESO E OBESIDADE NA DII
Lembro-me bem do meu início com a doença. Eu estava ligeiramente acima do peso (68kg), perdi muito peso muito rápido (cheguei aos 45kg), mas pouco tempo depois que iniciei o tratamento com corticoides voltei a ganhar peso e atingi o peso que eu queria muito rápido (50Kg). Comemorei o novo peso por pouco tempo, pois disparei no ganho de peso durante o período que usei corticoides (usei por 1,4 ano junto com antibióticos) chegando aos quase 73kg. Pela primeira vez me vi usando G. Depois de muito lutar contra a balança, consegui voltar para meu peso (55Kg) e o mantive por alguns anos, até precisar retirar as fibras e grãos da dieta por causa do Crohn, que voltou a atividade em janeiro desse ano. Em 2 meses de atividade da doença consegui controlar os sintomas, mas ganhei 12kg. Agora, estável, voltei a velha briga com a balança para voltar ao tamanho 36 e meus 55kg.
Vamos as possíveis causas!
As coisas que vou listar aqui não se aplicam só a DII. Muitas dessas ações fazemos ao longo da nossa vida e não percebemos que estamos promovendo o ganho de peso.
1 - Mudança na dieta: Quando começamos o tratamento medicamentoso, temos alivio dos sintomas e passamos a comer mais e até alimentos mais calóricos, que tem um efeito psicológico, conseguir comer algo que antes não conseguia dá uma sensação de que estamos melhorando e podemos voltar a vida normal. Nessa fase do ganho de peso eu já estava conseguindo almoçar em restaurantes, tinha voltado a trabalhar, e as refeições nesses locais não tem a qualidade que a gente precisa e são muito calóricas (mais gordura e carboidratos de rápida absorção que favorecem o ganho de peso). Outro momento de mudança da dieta é quando estamos mais intolerantes as fibras e a glúten, por exemplo, e passamos a comer mais carboidratos simples (tudo a base de arroz e tapioca, por exemplo), que são absorvidos rapidamente e favorecem o ganho de peso, e como a dieta está restrita de fibras a saciedade com o que se come é menor e faz com que você coma mais. Além disso, o intestino doente aumenta também a necessidade energética e isso também te faz comer mais (sentir mais fome é comum, e, por isso, se come mais). Outro ponto importante é o risco que dieta restritiva trás e que ajuda no ganho de peso: compulsão alimentar. Quem aqui já fez restrição dietética e percebeu aumento da vontade de comer doces ou salgados?
2 - A medicação: O corticoide, no longo prazo e em alta dose, causa alterações hormonais e no metabolismo, que vai interferir no humor (deixando mais ansioso, estressado e irritado), gera aumento do apetite e retenção de líquido, gerando edema por causa da eliminação do sódio. Além disso, também aumenta a disbiose, o que também vai favorecer o ganho de peso. Outro detalhe importante e que vale a pena lembrar é que corticoides também influenciam na quantidade de hormônios se***is que produzimos, que vai mexer com o estresse e desregular o metabolismo de carboidratos, isso também vai te fazer comer mais e ganhar peso. Isso também vale para anticoncepcionais que influenciam na produção de hormônios glicocorticoides. É uma via de mão dupla.
3 - Disbiose intestinal: Com a disbiose temos várias alterações metabólicas, desde redução da produção de vitaminas do complexo B e enzimas digestivas, que são importantes para que nossa digestão e absorção aconteçam de forma adequada para que nosso organismo consiga se nutrir e ter energia, até gerar aumento de armazenamento de energia aumentando a demanda por carboidratos e desregulando a sensação de fome, o que vai acabar resultando em ganho de peso.
A partir do momento que se inicia um tratamento de DII deve-se estar atento aos efeitos que nossas medicações podem causar e atuar de forma preventiva.
As variações de peso precisam ser monitoradas e controladas, pois o excesso de peso, assim como o baixo peso, tem complicações no médio e longo prazo e precisa ser revertido com segurança.
Importante lembrar que temos várias restrições alimentares e estruturais no intestino que precisam ser consideradas na hora da definição da dieta a ser seguida para perda de peso.
Meu conselho é que não tentem fazer isso seguindo dieta da moda ou tomando medicações, mesmo as fitoterápicas, sem orientação de profissional habilitado e especialista em DII. Planta errada e na dose errada também pode fazer mal e dieta errada também.