16/05/2025
Relatório de Diagnóstico Integrado do HUGG com o HFSE “maqueia” problemas estruturais da fusão dos hospitais
A fusão do Hospital Universitário Gaffrée Guinle (HUGG) com o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) foi tema do debate realizado pela Asunirio na quinta-feira, 14, no Anfiteatro Geral do Gaffrée, localizado na Tijuca.
A discussão, que reuniu trabalhadoras e trabalhadores das unidades de saúde, problematizou a fusão destacando falhas graves na condução do processo que envolve reitoria, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Ministério da Saúde e Ministério da Educação.
No debate, representantes da Asunirio e Adunirio debruçaram-se sobre o “Relatório de Diagnóstico Integrado do Hospital Federal dos Servidores do Estado & Hospital Universitário Gaffrée e Guinle” apresentando uma análise detalhada do material.
Na avaliação das entidades, o documento, que foi divulgado apenas no final de semana do Dia das Mães após pressão dos movimentos sindicais e estudantis, não apresenta um retrato da realidade das unidades de saúde e “maqueia” problemas estruturais como a incapacidade do HFSE comportar a estrutura do Gaffrée Guinle, o fechamento de leitos e o comprometimento da formação de estudantes da área de saúde.
A coordenadora geral da Asunirio, Roberta Vieira, destacou que a Ebserh está há 10 anos à frente da gestão do HUGG e que a empresa, até hoje, nunca apresentou um relatório de prestação de contas. Vieira criticou a falta de transparência da fusão e o “sucateamento proposital” do hospital.
“Temos aqui na unidade uma superintendência da Ebserh que não consegue gerir com excelência. O Gaffrée é infinitamente menor comparado ao Hospital Federal dos Servidores do Estado. E, mesmo assim, não consegue gerir com excelência. Temos enfermarias montadas e estruturadas que estão fechadas. Temos salas de centros cirúrgicos que estão fechadas e no relatório eles colocam o Gaffrée como se tivesse funcionando plenamente. Há um sucateamento proposital para justificar a ida para HFSE”, afirma.
O presidente da Adunirio, Rodrigo Castelo, pontuou a tentativa da reitoria em esvaziar o debate sobre a fusão do HUGG e o HFSE ao apresentar o relatório preliminar somente no dia 10 de maio após pressão social e não respeitar o prazo estabelecido pelo Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para a análise do documento pela comunidade envolvida.
“É o atropelo justamente na democracia e na autonomia universitária. Está se impondo para a gente um cronograma altamente apertado. A reitoria deliberadamente segurou as informações que ela já tinha. Ela não quer que a gente vá para o debate de forma qualificada”, enfatiza Castelo.
O documento foi duramente criticado pelas representações sindicais por não abordar a questão da extensão universitária, mencionando apenas “assistência, ensino e inovação”; por tratar a saúde como uma mercadoria, visando “otimizar os recursos”, ao invés de realizar investimentos e por estabelecer o uso das trabalhadoras e trabalhadores do Gaffrée para suprir força de trabalho no HFSE.
Paralisação
O debate sobre a fusão dos hospitais foi precedido por uma assembleia da Asunirio que deliberou pela paralisação dos servidores no dia da reunião do Consuni, que ainda está sem data definida.
Nos dias 26, 27 e 28 de maio a entidade sindical fará um plebiscito do HUGG para ouvir os profissionais impactados pela fusão.
O próximo encontro para tratar da fusão dos hospitais ocorrerá na quarta-feira, 21, às 14h, no auditório CCET – Tércio Pacitti, localizado na Avenida Pasteur, 458, na Urca. Logo após o debate, no mesmo local, haverá assembleia da Adunirio para discutir a pauta da fusão dos hospitais federais.
https://adunirio.org.br/principal/relatorio-de-diagnostico-integrado-do-hugg-com-o-hfse-maqueia-problemas-estruturais-da-fusao-dos-hospitais/