
14/10/2022
A era moderna da psiquiatria segue uma tendência capitalista, cientificista e normativa de diagnosticação de pessoas e suas posições no mundo. Essa tendência se dá porque a biologização está no topo da hierarquia analítica moderna e, através desse viés, produz-se mais rapidamente (uma vez que tempo é dinheiro) diagnósticos fechados que direcionam indivíduos novamente para sua produção e labuta funcional diária.
“ Ao receber um diagnóstico qualquer e se identificar com ele, o sujeito permite que um conhecimento pretensamente científico se sobreponha ao saber que o constitui como um sujeito do desejo. A consequência disso é a negligência do sujeito com relação à sua própria história. Ao classificar o sofrimento do sujeito, o discurso científico produz generalizações, massifica e objetiva o que é mais subjetivo. Ora, para este discurso pseudocientífico e totalitário não importa se o sujeito tem um nome ou algo a dizer sobre o sintoma que sofre. O importante é que ele tem uma patologia que precisa ser tratada e eliminada” (MORAIS, 2016, P. 242)
Ao se buscar um diagnóstico através do modelo psicanalítico, busca-se conhecer o sujeito a partir de sua realidade psíquica. Tal posição é encontrada através de seu discurso, em transferência com o analista, que aponta sua relação com seu sintoma. Em seu discurso, fará referência àquilo que escapa de sua percepção consciente, o que faz de si um sujeito desejante castrado dentro da linguagem e não reverberando significantes universais de um Outro, no caso um diagnóstico psiquiátrico no qual busca uma explicação para seus inconcebíveis sintoma e mal estares.
Portanto, ao invés de significantes totalitários produzidos por manuais diagnósticos que oferecem possibilidade de enquadrar esses sujeitos, produz-se no discurso novos significantes que questionam o enquadramento de um sujeito que é irredutível, dinâmico e desejante.