
30/06/2025
Na clínica, é comum ouvir relatos atravessados pela ideia de que a vida deveria seguir um roteiro claro, um quadro previamente definido, com começo, meio e fim estruturados. Como se tudo já devesse vir com moldura: certo ou errado, sucesso ou fracasso, progresso ou estagnação.
Mas e se a vida for mesmo um esboço sem quadro?
Kundera nos convida a pensar que talvez não exista um “modelo ideal” para seguir. Que viver pode ser mais sobre experimentar do que sobre concluir, mais sobre processar do que alcançar. O esboço, por definição, é inacabado, imperfeito, e ainda assim cheio de potência.
Na psicoterapia, aprendemos a valorizar o inacabado. A dar sentido ao rascunho que somos, com linhas tortas, zonas borradas e partes ainda por desenhar.
O sentido não está em “completar a moldura”, mas em continuar desenhando. ✍🏽