
19/07/2025
Eu percebi que estou envelhecendo não quando as rugas apareceram.
E nem mesmo quando me deram um assento no transporte público pela primeira vez.
E nem quando percebi que não entendo a música da moda ou não quero ficar num clube até de manhã.
O envelhecimento chegou silenciosamente.
Sem fanfarras. Sem pânico.
Ele se manifestou no fato de que não gasto mais energia em explicações desnecessárias.
Eu não provo que estou certa. Não corro atrás de quem vai embora. Não espero desculpas de quem não sabe pedir perdão.
Eu deixo ir.
Eu encerro.
Eu sorrio — e vou embora.
Eu não me ofendo mais com o silêncio.
Eu entendo que cada um tem seu próprio ruído interior.
E se a pessoa quer — ela vai encontrar palavras.
Eu não procuro mais agradar a todos.
Meu espelho — não é meu inimigo. Meus cabelos brancos — não são uma tragédia.
E o corpo…
O corpo — é minha casa, que não me traiu.
Com ele, passei por amor, partos, perdas, noites sem dormir.
Como posso ter vergonha dele?
Eu estou envelhecendo — e pela primeira vez realmente vivo.
Sem pressa. Sem «devo».
Sem culpa pelos meus desejos.
Eu bebo café enquanto ele ainda está quente.
Eu respondo às mensagens quando me sinto tranquila, e não quando «preciso agora».
Eu visto roupas macias.
Ouço a chuva. E me abraço mais do que antes.
Eu simplesmente — sou.
E isso é suficiente.