21/09/2025
Não tem museu no mundo como a casa da sua avó.
É museu que tem cara, que tem cheio, que tem memória.
O museu da sua avó não precisa de curadoria. O acervo se atualiza sozinho quando ela serve o bolo quente em um prato desparelhado, quando conta histórias repetidas que soam novas porque carregam o ritmo da ternura.
O cheiro do café recém-passado compõe uma espécie de trilha sonora invisível que só em casa de vó. As gavetas escondem tesouros. Cartas, botões, tecidos, lembranças, linhas, fitas, fotografias. As xícaras guardam o gosto doce das conversas de fim de tarde, e o sofá gasto conhece melhor do que ninguém a anatomia dos abraços.
As paredes não exibem quadros famosos. Elas tem marcas de dedos pequenos, arranhões de móveis arrastados, risadas presas na lasca de um móvel antigo. Lá tem armário que guarda toalhas bordadas à mão, o rádio antigo que ainda sussurra canções empoeiradas. A Santa que compõe o santuário da fé longeva.
Não tem museu que alcance a história de uma casa de vó não. Não tem quadro famoso que consiga traduzir o calor de um colo ou a beleza de um quintal depois da chuva. É coisa de casa. E é logo aí que mora o milagre.