
15/07/2025
A frase de Clarice Lispector — “tenho que falar, porque falar salva” — pode soar como um lugar-comum, mas, na psicanálise, ela ganha um sentido muito particular. Desde Freud, a fala é o eixo central do processo analítico. Foi ouvindo seus pacientes que Freud percebeu que permitir que eles falassem livremente — sem censura, por associação — fazia emergir conteúdos inconscientes. Daí o termo “cura pela fala”.
Assim como no consultório, para Clarice, a fala não é apenas comunicação: é uma necessidade vital. Falar é uma forma de se organizar internamente, de dar sentido ao que parece caótico ou sem nome dentro de si.
Na escuta psicanalítica, sabemos que a fala não apaga o vazio — mas pode contorná-lo. Nomear o que antes era só dor ou silêncio permite que o sujeito suporte melhor o que o afeta.
Pela lente da psicanálise, essa frase de Clarice revela a fala como um gesto de resistência. Falar salva porque transforma o sofrimento em linguagem, dá corpo ao indizível e mantém vivo o desejo — aquilo que nos move e nos mantém sujeitos de nossa própria história.
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📝 Psicóloga Laís Alves M. S. de Oliveira - CRP 05/49475
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